Recuperação da Informação Musical

A recuperação de informações musicais (RIM), comumente referenciada pelo termo em inglês Music Information Retrieval (MIR), é um emergente campo de pesquisa que trata da recuperação e organização de grandes coleções ou informações musicais, de acordo com sua relevância para consultas específicas. Esta prática tem se tornado extremamente relevante, dada a vasta quantidade de informações e serviços relacionados a música que existem atualmente.[1]

As primeiras publicações que mencionam a recuperação de informação musical datam da década de 1960, mas nos anos seguintes, o campo não recebeu atenção. Atualmente, o interesse por esta pesquisa se expandiu de forma significativa, graças ao sucesso das mídias digitais para adquirir, ouvir e processar coleções musicais. A pesquisa em RIM é interdisciplinar, abrangendo conceitos damusicologia, percepção e cognição musical, computação musical, engenharia e muitos outros. Os interessados no tema são pesquisadores, professores, alunos, integrantes da indústria e pessoas curiosas sobre as informações que podem ser extraídas de amostras musicais.[2]

A música como informação editar

A relação entre a recuperação musical e o estudo da Ciência da Informação foi observado pela primeira vez em 1996, em livro publicado por Alexander McLane. Este período coincide com aquele onde teve grande expansão das tecnologias de compressão de arquivos digitais voltados para a música, como MP3, e também com a popularização da internet pelo mundo. Com o surgimento e rápida expansão dessa base de dados multimídias, surgiu também a necessidade de representá-los de forma suficientemente adequada. Desse modo, começaram os estudos em recuperação de informação musical, que é o estudo da relação ótima entre as entradas (input) e saídas (output) dos sistemas de informação.[3]

Aplicações editar

Após esta breve elucidação sobre a história e aplicabilidade dessa área, pontua-se algumas de suas aplicações, como:[4][5][6]

  • Impressão digital
  • Detecção de música cover
  • Reconhecimento de gênero musical
  • Transcrição musical
  • Sistemas de recomendação
  • Verificação de semelhança melódica
  • Detecção do humor musical
  • Separação dos dados sonoros
  • Classificação de instrumentos
  • Detecção de tom e tempo
  • Análise da estrutura/forma da música
  • Geração musical

Métodos utilizados editar

Algumas técnicas comuns às áreas correlatas do RIM são usadas ou adaptadas para atenderem as necessidades deste campo. Algumas delas são abordadas a seguir.[5][4]

Fonte de dados editar

As partituras fornecem uma descrição clara e precisa sobre uma determinada música, mas muitas vezes, seu acesso é impraticável. As informações MIDI, utilizadas por razões semelhantes, costumam se perder na conversão de um formato para outro. Os formatos digitais, como MP3 e OGG são usados para análise no próprio áudio e funcionam bem aos ouvidos humanos. Mas como eles são comprimidos, algumas informações cruciais podem ficar de fora da análise. Sendo assim, cada vez mais metadados extraídos da web são incorporados a sistemas RIM para uma compreensão mais abrangente da música dentro de seu contexto.

Representação de recursos editar

A análise musical pode exigir, assim como em outros casos, que os dados estejam resumidos. O objetivo disso é reduzir a quantidade absoluta de informações, de modo a tornar o conjunto de dados mais enxuto e gerenciável, para que a análise possa ser feita em um período razoável. Importantes ferramentas auxiliam neste processo, como o Mel-Frequency Cepstral Coefficient (MFCC), utilizado para encontrar o timbre de uma peça musical. Outros recursos podem ser empregados para extrair tonalidade, acordes, harmonias, melodias, afinação e afins.

Estatísticas e aprendizado de máquina editar

Diversos métodos de estatística e aprendizado de máquina são usados para recuperarem informações musicais, como:[7]

  • Métodos computacionais para classificação, agrupamento, modelagem e extração de características musicais
  • Métodos formais e bancos de dados, como aplicativos de acompanhamento musical automático, filtragem e consultas musicais
  • Software para recuperação de informação musical, pesquisa por som, impressão digital e afins
  • Sistemas colaborativos
  • Análise musical e representação de conhecimento

Pesquisa e Indústria editar

Os últimos quatro anos têm visto a introdução de uma grande série de conferências sobre o assunto, como a Conferência Internacional sobre Informação Musical Recuperação (ISMIR) e os inúmeros simpósios e workshops, reunindo uma comunidade em expansão de pesquisadores interdisciplinares, incluindo bibliotecários, cientistas da computação, músicos, engenheiros eletrônicos e musicólogos, entre outros. Além disso, dado seu apelo comercial, a maioria dos proprietários e distribuidores de conteúdo de mídia (por exemplo, Philips, Sony, Apple) estão ativamente envolvidos na pesquisa.[1]

Referências editar

  1. a b «Music Information Retrieval» (PDF). Queen Mary University of London. Consultado em 23 de outubro de 2021 
  2. GONÇALO, M. Machine learning techniques for music information retrieval. Tese (Doutorado) — Universidade de Lisboa, Portugal, 2015.
  3. SANTINI, Rose Marie; SOUZA, Rosali Fernandez de. “Recuperação da informação de música e a Ciência da Informação: tendências e desafios de pesquisa”. In: Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação, 8.: 2007 : Salvador, Anais do VIII ENANCIB. Salvador : Ufba, 2007.
  4. a b Manuel., Klapuri, Anssi. Davy, (2011). Signal processing methods for music transcription. [S.l.]: Springer. OCLC 751583715 
  5. a b «Search for and Retrieval of Music». The MIT Press. 2007. Consultado em 23 de outubro de 2021 
  6. Schedl, Markus (2014). Music information retrieval : recent developments and applications. Emilia Gómez, Julián Urbano, Now Publishers. [Hanover, Massachusetts]: [s.n.] OCLC 905837683 
  7. author., Lerch, Alexander,. An introduction to audio content analysis : applications in signal processing and music informatics. [S.l.: s.n.] OCLC 1127144683