Relação Faber-Jackson


Introdução editar

 
Imagem 1 - A relação Faber-Jackson expressa uma relação entre a velocidade de dispersão e a luminosidade de galáxias elípticas.

Usando observações de galáxias espirais, em 1977, R. Brent Tully e J. Richard Fisher descobriram que a velocidade máxima de rotação das espirais está intimamente relacionada à sua luminosidade, seguindo a relação

 

onde a inclinação da relação Tully-Fisher é sobre α ∼ 4. Uma relação para galáxias elípticas análoga ao Tully- Fisher foi encontrada por Sandra Faber e Roger Jackson: a relação Faber-Jackson pode ser usada para estimar a distância de uma galáxia a partir de sua dispersão de velocidade medida.

  ou  

Também podemos derivar a relação de Faber-Jackson tal como a de Tully-Fisher. Entretanto, como é possível perceber na Imagem 1, ao contrário das espirais com a Relação de Tully-Fisher, existe uma grande dispersão de elípticas na de Faber-Jackson.

Galáxias elípticas editar

Conforme o nome já diz, as galáxias elípticas são aquelas cujo formato é arredondado, algumas de formato oblato, como uma abóbora, e outras têm forma triaxial com três eixos desiguais, como uma bola de futebol americano. Elas abrangem uma gama bem grande (mais de 106) em luminosidade e massa, como é mostrado pela compilação na Tabela 1. O termo geral “galáxias elípticas” (ou elípticas) cobre uma ampla classe de galáxias que diferem em suas luminosidades e tamanhos. Uma subdivisão aproximada é a seguinte:

Elípticas normais - Esta classe inclui elípticas gigantes (gE's), de luminosidade intermediária (E's), e elípticas compactas (cE's), cobrindo uma gama de magnitudes absolutas de   ∼ −23 a   ∼ −15.

Elípticas anãs (dE's) - A diferença entre esse tipo dos cE's é que sua superfície tem significativamente menor brilho e uma menor metalicidade.

Galáxias cD - Estas galáxias são extremamente luminosas (até   ∼ −25) e grandes (até R   1 Mpc), tendo uma relação M / L muito alta.

Galáxias anãs compactas azuis - Estas “compactas anãs azuis” (BCD's) são galáxias visivelmente mais azuladas (com   entre 0,0 e 0,3) do que as outras, contendo uma grande quantidade de gás.

Esferoidais anãs (dSph’s) - possuem tanto luminosidade quanto brilho superficial muito baixos, com valores observados de até   ∼ −8.

Tabela 1 - Valores característicos para galáxias elípticas. Fonte: Schneider, Peter. Extragalactic Astronomy and Cosmology: An Introduction. Springer, 2006.
s0 cD E dE dSph BCD
  -17 a -22 -22 a -25 -15 a -23 -13 a -19 -8 a -15 -14 a -17
    a     a     a     a     a   ~ 
  10-100 300-1000 1-200 1-10 0.1-0.5 <3
  ~10 >100 10-100 1-10 5-100 0.1-10
  ~5 ~15 ~5 4.8 1.0 - -

Teoria editar

A Energia de Ligação Gravitacional (do inglês Gravitational Binding Energy, ou GBE) de um sistema com raio   e massa  

 

onde   é a Constante Gravitacional Universal que tem como valor 6,67408 × 10-11 m3 kg-1 s-2, e   é uma constante dependente da galáxia elíptica. Para uma densidade constante,

 .

A energia cinética é dada pela expressão:

 

Pelo Teorema do Virial ( ):

 

Assumindo que   é constante, ou seja, que a relação massa/luz não varia, é possível obter a seguinte expressão:

 

Introduzindo o brilho da superfície   e assumindo que esta é uma constante, é possível obter:

 

Sabendo-se disso e relacionando   e   o resultado se torna:

 

Finalmente, reescrevendo a expressão acima, é possível obter a relação entre a dispersão de velocidade e a luminosidade:

 

ou seja

 

Referências editar

  1. Schneider, Peter. Extragalactic Astronomy and Cosmology: An Introduction. Springer, 2006.
  2. L.S. Sparke & J.S. Gallagher: Galaxies in the Universe: An Introduction, Cambridge University Press, Cambridge, 2000, [1]
  3. Minkowski, R. (1962), Internal Dispersion of Velocities in Other Galaxies [2]
  4. Davies, R. L.; Efstathiou, G.; Fall, S. M.; Illingworth, G.; Schechter, P. L. (1983), The kinematic properties of faint elliptical galaxies [3]