A remigração, ou re-imigração, é um conceito político, originariamente pensado, para o retorno forçado de imigrantes não brancos — ou não originalmente europeus —, que com frequência incluem a seus descendentes, de regresso a seu suposto lugar de origem racial sem importar o estado de cidadania, no que equivale a um tipo de limpeza étnica.[1][2][3][4]

Imigrantes proveniente do mundo islâmico acampados no Pireo, Grécia, em 2016.

Os defensores da remigração promovem o conceito em busca da homogeneidade "etno-cultural" e o etnopluralismo, a fim de decifrar a natureza extrema de seus chamados à deportação forçada dos não brancos.[5] Segundo Deutsche Welle, o etnopluralismo é um conceito de que diferentes etnias requeiram seus próprios espaços de vida segregados, cria uma necessidade fabricada para a remigração de pessoas com "raízes estrangeiras" desde uma perspectiva eurocentrista.[6]

Apresentado pelos setores de extrema direita européia como um remédio para a crise migratória da chamada islamização de seu continente, a remigração é cada vez mais uma posição política integral do movimento identitário.[7] As investigações do Instituto para o Diálogo Estratégico, realizadas em abril de 2019, mostraram um claro aumento nas conversas sobre a remigração no Twitter entre 2012 até 2019.[4]

Na América Latina deu-se um caso similar, mas desde o espectro da extrema esquerda, pois o movimento etonocacerista em 2019 propôs como solução à crise migratória venezuelana no Peru devolver todo venezuelano a seu país de origem de maneira forçada por "não ser peruanos amerindios".[8]

Conceito editar

 
A resistência francesa considerava ocupante todo alemão, seja militar ou civil, e para o Governo da França Livre todos deviam voltar a Alemanha, por vontade própria ou de maneira forçada.[3]

O termo foi registado pela primeira vez no idioma inglês nos escritos de Andrew Willet, um teólogo da Igreja de Inglaterra de princípios do século XVII.[9]

No idioma alemão, a palavra implica o regresso do indivíduo a sua comunidade étnica, sem uma conexão necessária a um país de origem.[10]

Setores da resistência francesa durante a Segunda Guerra Mundial invocaram o conceito de remigração na década de 1970, em referencia aos alemães da zona noroeste ocupada e o governo colaboracionista do general Philippe Pétain, encontrando um avanço eleitoral com o eslogan; "Quando chegarmos,eles irão" ("Quand nous arriverons, ils partiront").[3] Desde a década de 2010, o movimento identitário se fechou em formato de agitprop, ou uma "luta cultural" ("combat culturel"), para tentar impulsionar a reimigração para o centro do discurso político.

Os defensores da remigração utilizam com frequência os exemplos históricos da expulsão dos alemães depois da Segunda Guerra Mundial da Europa Central e Oriental assim como a expulsão dos Pieds-Noirs da Argélia em 1962, após a Guerra da Independência, como casos exitosos de remigração forçada e organizada, ainda que ambos os eventos dessem lugar a episódios de violência, incluindo centenas de milhares de mortos durante o êxodo alemão no final dos anos 40.

Críticas editar

Michael Weiss e Julia Ebner, do Instituto para o Diálogo Estratégico , têm identificado o "conceito identitário de remigração" como efervescente desde 2014, e associaram-no com os crescentes apelos da extrema direita pela deportação em massa de europeus não brancos, no que descreveram como uma forma nova forma de apologia a favor da limpeza étnica.[11]

Francis Combes descreveram a remigração como uma forma de demagogia que levaria à limpeza étnica. Argumentando, desde o exemplo francês, que países da Europa Ocidental tem tido uma herança genética mista desde os tempos dos povos galos, tem questionado a praticidade de expulsar os franceses de origem imigrante e o número de gerações que requereriam uma investigação em busca da pureza branca que vai além da crise migratória proveniente majoritariamente do mundo islâmico.[12]

Veja-se também editar

Referências editar

  1. The Latest: Death toll in mosque attacks rises to 50. Publicado el 15 de marzo de 2019. Consultado el 18 de julio de 2019.
  2. La «remigration», nouvelle frontière de l’extrême droite ?. Publicado el 28 de febrero de 2017. Consultado el 18 de julio de 2019.
  3. a b c D'où vient l'expression «remigration»? Publicado el 19 de agosto de 2017. Consultado el 18 de julio de 2019.
  4. a b Taboos fall away as far-right EU candidates breach red line. Publicado el 16 de mayo de 2019. Consultado el 18 de julio de 2019.
  5. Neue Wörter, alter Hass. Consultado el 18 de julio de 2019.
  6. How dangerous is the Identitarian Movement?. Consultado el 18 de julio de 2019.
  7. La «remigration», un concept qui essaime au-delà des identitaires. Consultado el 18 de julio de 2019.
  8. Seguidores de Antauro Humala piden la expulsión de venezolanos indocumentados de Puno. Publicado el 19 de junio de 2019. Consultado el 18 de julio de 2019.
  9. Remigration. Consultado el 18 de julio de 2019.
  10. Remigration. Consultado el 18 de julio de 2019.
  11. The strange tale of an unlikely racist slogan that went viral — to lethal effect. Consultado el 18 de julio de 2019.
  12. REMIGRATION : À JETER. Publicado el 6 de junio de 2019. Consultado el 18 de julio de 2019.