Renisus
A Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS) é uma lista constituída de 71 espécies vegetais com potencial de gerar produtos úteis para o Sistema de Saúde Único.
Conta com parceria de grupos colaboradores constituídos por pesquisadores, pós-graduandos e graduandos, com conhecimento na área de plantas medicinais, de Instituições de Ensino das diversas regiões do país[2].
O RENISUS surgiu em 2009 apresentando plantas medicinais com potencial para gerar produtos de interesse ao SUS.
A principal finalidade da lista é orientar pesquisas que auxiliem na elaboração de embasamento científico de fitoterápicos disponíveis para uso da população, com segurança e eficácia para o tratamento de determinada doença.
Algumas plantas presentes no RENISUS também se encontram no RENAME (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais) [3], que contempla os medicamentos e insumos disponibilizados no SUS, além de determinados medicamentos de uso hospitalar e outros insumos para saúde.
Os fitoterápicos ofertados pelo RENAME são:
Nome científico - nome popular | Concentração/composição | Forma farmacêutica | Nativa ou exótica | Presente no RENISUS? |
Aloe vera (L.) Burm. f. - babosa | 10%-70% gel fresco | creme | Exótica | SIM |
gel | ||||
Cynara scolymus L. - alcachofra | 24 a 48 mg de derivados
de ácido cafeoilquínico expressos em ácido clorogênico (dose diária) |
cápsula | Exótica | SIM |
comprimido | ||||
solução oral | ||||
tintura | ||||
Glycine max (L.) Merr. - isoflavona-de-soja | 50 a 120 mg de isoflavonas
(dose diária) |
cápsula | Exótica | SIM |
comprimido | ||||
Harpagophytum procumbens DC ex Meissen. - garra-do-diabo | 30 a 100 mg de
harpagosídeo ou 45 a 150 mg de iridoides totais expressos em harpagosídeos (dose diária) |
cápsula | Exótica | SIM |
comprimido | ||||
comprimido de liberação retardada | ||||
Maytenus illicifolia Mart. ex Reissek- espinheira-santa | 60 a 90 mg taninos totais
expressos em pirogalol (dose diária) |
cápsula | Nativa | SIM |
tintura | ||||
suspensão oral | ||||
emulsão oral | ||||
Mentha x piperita L. - hortelã | 60 a 440 mg de mentol e 28
a 256 mg de mentona (dose diária) |
cápsula | Exótica | SIM |
Mikania glomerata Spreng. - guaco | 0,5 a 5 mg de cumarina
(dose diária) |
tintura | Nativa | SIM |
xarope | ||||
solução oral | ||||
Plantago ovata Forssk. - plantago | 3 a 30 g (dose diária) | pó para dispersão oral | Exótica | NÃO |
Rhamnus purshiana DC. - cáscara-sagrada | 20 a 30 mg de derivados
hidroxiantracênicos expressos em cascarosídeo A (dose diária) |
cápsula | Exótica | SIM |
tintura | ||||
Salix alba L. - salgueiro | 60 a 240 mg de salicina
(dose diária) |
comprimido | Exótica | SIM |
elixir | ||||
solução oral | ||||
Schinus terebinthifolia raddi - aroeira | 1,932 mg de ácido gálico
(dose diária) |
gel vaginal | Nativa | SIM |
óvulo vaginal | ||||
Uncaria tomentosa (Willd. ex Roem. & Schult.) - unha-de-gato | 0,9 mg de alcaloides
oxindólicos pentaclíclicos |
cápsula | Nativa | SIM |
comprimido | ||||
gel |
Fonte da tabela: RELAÇÃO NACIONAL DE MEDICAMENTOS ESSENCIAIS ESSENCIAIS 2022 - MINISTÉRIO DA SAÚDE
Lista de espécies do RENISUS nativas do Brasil
editarAnacardium occidentale - caju
Ananas comosus - abacaxi
Apuleia ferrea = Caesalpinia ferrea - pau-ferro brasileiro
Arrabidaea chica - crajiru
Baccharis trimera - carqueja
Bauhinia spp. (B. affinis, B. fortificata, B. variegata) - pata-de-vaca
Bidens pilosa - picão preto
Carapa guianensis - andiroba
Casearia sylvestris - guaçatonga
Copaifera sp. - copaíba
Cordra sp. (C. curassavica, C. verbenacea) - erva-baleeira
Costus sp. (C. scaber, C. spicatus) - cana-de-macaco
Croton sp. (C. cajucara, C. zehntneri)
Dalbergia subcymosa - verônica
Eleutherine plicata - marupazinho
Erythrina mulungu - murungu
Eugenia uniflora ou Myrtus brasiliana - pitanga
Justicia pectoralis - melhoral
Lippia sidoides - alecrim-pimenta
Maytenus sp. (M. aquifolium, M. ilicifolia) - espinheira-santa
Mikania sp. (M. glomerata, M. laevigata) - guaco
Orbignya speciosa - babaçu
Passiflora sp. (P. alata, P. edulis) - maracujá
Polygonum punctatum - erva-do-bicho
Schinus terebinthifolius = Schinus aroeira - aroeira-vermelha
Solanum paniculatum - jurubeba
Solidago microglossa - arnica do Brasil
Stryphnodendron adstringens = Stryphnodendron barbatiman - barbatimão-verdadeiro
Tabebuia avellanedae = Handroanthus impetiginosus - ipê-roxo
Uncaria tomentosa - unha-de-gato
Vernonia sp. (V. ruficoma, V. polyanthes) - assa-peixe
Potencial fitoterápico de algumas plantas nativas
editarAnacardium occidentale – caju
editarAs diversas partes do caju apresentam atividades interessantes para o homem. A casca, flores e folhas apresentam atividade antimicrobiana. O pseudofruto contém vitamina C, antocianinas e polifenóis e apresenta atividade antioxidante[1].
Ananas comosus – abacaxi
editarNo abacaxi o que chama atenção é a proteína chamada bromelina, que é capaz de prevenir a formação de edema e diminuição de edema já existente, prevenir a agregação plaquetária, atua como agente antiinflamatório, apresenta aumento da atividade imune contra células tumorais em estudos in vitro, auxilia na digestão, entre diversos outros benefícios[2].
Apulea ferreia = Caesalpinia ferreia - pau-ferro brasileiro
editarO extrato do fruto do pau-ferro é utilizado como cicatrizante, além de apresentar atividades antimicrobianas, anti-inflamatórias, analgésicas e antioxidante. As folhas possuem efeito hipoglicêmico, sendo descritas como potencial fitoterápico a ser usado no tratamento da diabetes mellitus[3].
Baccharis trimera – carqueja
editarPossui potencial antimicrobiano e propriedades digestivas, como analgésico e anti-inflamatório[4].
Maytenus sp. (M. aquifolium, M. ilicifolia) - espinheira-santa
editarPossui grande potencial para tratar problemas de gastrite e úlcera gástrica por ter efeito antiácido, antidispéptico e protetor da mucosa gástrica[5].
Mikania sp. (M. glomerata, M. laevigata) – guaco
editarUtilizada por décadas no tratamento de doenças respiratórias como asma, bronquite e tosse por apresentar ação broncodilatadora e expectorante. Alguns estudos têm comprovado atividade antimicrobiana, antialérgica, anti-inflamatória, antidiarreica e antifúngica[3].
Solanum paniculatum – jurubeba
editarEstudos demonstram atividade antioxidante, diurético, antiherpético e hepatoprotetor, antidiarreica e anti-inflamatória. O extrato de folhas inibe a replicação do vírus do herpes humano tipo 1. Na medicina popular a jurubeba é usada por propriedades colagoga, colerética, emenagoga, cicatrizante, antianemica e por sua ação geral contra distúrbios gástricos e hepáticos[3].
Solidago microglossa - arnica do Brasil
editarAs propriedades medicinais da arnica em sua maioria estão relacionadas a processos inflamatórios. Trabalhos reportaram efeito anti-inflamatório com o extrato aquoso de folhas da arnica. Outros efeitos terapêuticos reportados foram os efeitos hipoglicêmicos e hipolipemiantes do extrato hidroalcoólico das partes aéreas e atividade estimulante gastrointestinal e cicatrizante[3].
Vernonia sp. (V. ruficoma, V. polyanthes) - assa-peixe
editarUtilizada na etnomedicina para o tratamento de várias doenças, como bronquite, pneumonia, tosse persistente, febre, malária, reumatismo, pedras nos rins, distúrbios gástricos, hematomas e luxações[3].
Referências
editar- ↑ NOVAES, T. E. R.; NOVAES, A. S. R. Analysis of the medicinal potentials of cashew tree (Anacardium occidentale Linn): a brief review. Research, Society and Development, [S. l.], v. 10, n. 1, p. e41810111838, 2021. DOI: 10.33448/rsd-v10i1.11838. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/11838. Acesso em: 03 nov. 2022.
- ↑ Silva, Roberto (2008). «Caracterização físico-química e purificação da bromelina do Ananas comosus (L.) Merril (Abacaxi-Bromeliaceae)». Consultado em 3 de novembro de 2022
- ↑ a b c d e França, Carina (2018). Perfil cromatográfico qualitativo de plantas da RENISUS. Faculdade de Ciências da Saúde – Universidade de Brasília. Consultado em 4 de novembro de 2022
- ↑ Karam, Thaysa (2013). «Carqueja (Baccharis trimera): utilização terapêutica e biossíntese». Revista Brasileira de Plantas Medicinais (2): 280-286. Consultado em 4 de novembro de 2022
- ↑ Lombardo, Márcia. "Fitoterápicos na atenção básica de problemas gastrointestinais." Revista Ciência e Saúde On-line 6.1 (2021).