Rikugun

filme de 1944 dirigido por Keisuke Kinoshita

Rikugun (陸軍? lit. exército) é um filme japonês de 1944 dirigido por Keisuke Kinoshita e estrelado por Chishū Ryū e Kinuyo Tanaka.[1] É mais conhecido por sua cena final, que os censores japoneses da Segunda Guerra Mundial consideraram preocupante.

Rikugun
陸軍
 Japão
1944 •  preto-e-branco •  87 min 
Direção Keisuke Kinoshita
Produção Kenichiro Yasuda
Roteiro Tadao Ikeda
Shohei Hino
Elenco Chishū Ryū
Kinuyo Tanaka
Kazumasa Hoshino
Cinematografia Yoshio Taketomi
Companhia(s) produtora(s) Shochiku
Distribuição Shochiku
Lançamento
  • 7 de dezembro de 1944 (1944-12-07) (Japão)[1]
Idioma japonês

Sinopse editar

Rikugun conta a história de três gerações de uma família japonesa e sua relação com o exército desde a era Meiji até a invasão japonesa da Manchúria.[2][3] Ryu interpreta Tomohiko, e Tanaka, sua esposa Waka, ambos da segunda geração dessa família. Uma grande parte do filme trata da preocupação de Tomohiko e Waka de que seu filho mais velho, Shintaro, seja fraco demais para se tornar um bom soldado iniciando, assim, seus esforços para moldá-lo em um.[4][5] Outras partes do filme incluem a própria exclusão de Tomohiko dos combates durante a Guerra Russo-Japonesa devido a uma doença e sua indignação posterior quando um amigo sugere que o Japão poderia perder uma guerra.[4][5]

Final e reações editar

Na silenciosa cena final do filme, Shintaro marcha com o exército para ser enviado a Manchúria e continuar a invasão ao território. A personagem de Tanaka corre ao lado dele em lágrimas e expressa sua ansiedade sobre seu bem-estar.[5][6] Os censores japoneses da época ficaram chateados com esta cena porque as mães japonesas nos filmes deveriam ser retratadas como orgulhosas de enviar seus filhos para a batalha, e não ficando nem um pouco chateadas com isso.[7] De acordo com o crítico de cinema Donald Richie, a cena foi poupada de ser cortada porque, sem dúvida, as emoções de Tanaka foram causadas por seu conflito interno entre seu dever de ser feliz em enviar seu filho para a guerra e seu próprio egoísmo ao amá-lo e tentar mantê-lo em segurança.[7] O ensaísta da The Criterion Collection Michael Koresky e outros críticos atribuem o fato de que a cena escapou da censuro pelo fato de que ela não tem diálogo, onde no próprio roteiro essa parte do filme é descrita como "a mãe acompanha o filho na estação".[4][8] Koresky atribui o poder da cena a elementos puramente cinematográficos, ou seja, "o corte expressivo, as variações na distância da câmera, a atuação impressionante de Tanaka".[4]

Como resultado da cena final, que segundo Richie foi chamada de "deplorável e uma mancha desnecessária em um bom filme", Kinoshita foi submetido a maior atenção dos censores até o fim da guerra.[7] Alegadamente, um oficial do exército invadiu o estúdio de cinema Shochiku após a primeira exibição do filme em 22 de novembro de 1944, acusando Kinoshita de traição à pátria.[8] Ele não teria permissão para lançar outro filme até o fim da guerra.[4]

Segundo o autor e historiador de cinema Alexander Jacoby, Rikugun é superficialmente conformista, mas a cena final é uma expressão dos "sentimentos antimilitaristas" de Kinoshita.[2] Kinoshita afirmou mais tarde que "não posso mentir para mim mesmo em meus dramas. Eu não poderia dirigir algo que fosse como apertar a mão e dizer: 'Venha morrer.'”[4]

Elenco editar

Referências

  1. a b «Rikugun». Japanese Movie Database (em japonês). Consultado em 24 de novembro de 2023. Cópia arquivada em 10 de abril de 2023 
  2. a b Jacoby, A. (2008). A Critical Handbook of Japanese Film Directors. [S.l.]: Stone Bridge Press. ISBN 9781933330532 
  3. Anderson, J.L. (1982). The Japanese Film: Art and Industry. [S.l.]: Princeton University Press. pp. 136, 206. ISBN 9780691007922 
  4. a b c d e f Koresky, M. «Eclipse Series 41: Kinoshita and World War II». The Criterion Collection. Consultado em 27 de dezembro de 2014. Cópia arquivada em 21 de março de 2023 
  5. a b c «The Army: Japanese Film Series». Washington University in St. Louis. 8 de novembro de 2013. Consultado em 27 de dezembro de 2014. Arquivado do original em 17 de agosto de 2019 
  6. «Army». Strictly Film School. Consultado em 27 de dezembro de 2014. Cópia arquivada em 6 de junho de 2023 
  7. a b c Richie, D. (2012). A Hundred Years of Japanese Film. [S.l.]: Kodansha. pp. 93, 105. ISBN 9781568364391 
  8. a b High, P.B. (2003). The Imperial Screen: Japanese Film Culture in the Fifteen Years' War, 1931–1945. [S.l.]: University of Wisconsin Press. pp. 402–403. ISBN 9780299181345 

Ligações externas editar