Robinson Antonio Vieira Borba, conhecido como Robinson Borba, é um compositor, cantor, produtor, roteirista e engenheiro nascido em 6 de Setembro de 1950 na cidade de Londrina, localizada no Norte do Paraná.

Robinson Borba
Informação geral
Nome completo Robinson Antonio Vieira Borba
Nascimento 6 de setembro de 1950 (73 anos)
Local de nascimento Londrina, PR
Brasil
Nacionalidade brasileiro
Gênero(s)
Ocupação(ões)
Instrumento(s) Vocais, violão
Afiliação(ões) Vanguarda Paulista

Música

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Robinson começou na música experimentando com o violão popular. Hábil com letras e poemas, logo passou a compor para festivais universitários de MPB. Suas canções, assim como as composições da maioria dos jovens compositores da época, sofriam grande influência dos nomes que estavam se consagrando nos festivais de MPB, como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque de Holanda. O gosto por este universo logo se ampliou quando veio estudar em São Paulo para vestibular na USP. Era uma época de efervescência cultural: a censura[1] e repressão da ditadura faziam com que os jovens se expressassem de maneira contestatória. Grupos eram formados pelos universitários que buscavam extravasar seus sentimentos críticos através da música e do teatro.

Imerso neste contexto, seus trabalhos musicais foram inscritos em festivais de MPB e receberam aprovação para apresentação. Sua primeira canção a participar do festival universitário foi em Londrina em 1972, com “Crisélia, My Love Estou Atabalhoado”, uma crítica aos conflitos armados que começavam a despontar no mundo, especialmente no Vietnã. Esta canção apresentava um neologismo: Nixonquestro, uma alusão ao presidente dos Estados Unidos da América e as atividades terroristas que despontavam globalmente. O neologismo da letra foi censurado e por imposição da censura teve que ser alterado para Lennonquestro. A apresentação desta canção no festival contou com a participação de seu amigo, ainda desconhecido do grande público, Arrigo Barnabé ao piano e também de seu irmão Paulo Barnabé na percussão. Essa canção recebeu no festival premiação de melhor letra. Neste mesmo festival, outro amigo teve sua canção censurada, Itamar Assumpção.

Já morando em Curitiba[2], para onde tinha ido em 1970 para entrar no curso de engenharia civil na Universidade Federal do Paraná[3] , Robinson, além de continuar participando à distância do movimento cultural em Londrina, manteve contato com o meio cultural da capital curitibana, destacando-se a convivência com artistas na histórica “Casa Branca” da Chave, como o poeta Paulo Leminski[4], o fotógrafo Orlando Azevedo, e músicos da banda A Chave, com a qual Leminski desenvolvia o projeto “Português Elétrico”, em que misturava elementos do rock com poesia concreta. A apresentação de sua música “Festa”, classificada para o festival universitário de Curitiba, não se concretizou pela dificuldade de ensaiar com músicos tradicionais sua inovadora mistura de baião com rock, uma ousadia já recorrente no movimento Tropicália. Assim, fazendo esta ponte Londrina, sua cidade natal e Curitiba, onde cursava engenharia civil, Robinson se manteve ativo, participando da vida cultural em ambas, especialmente na música, com suas composições, sempre com poéticas inovadoras.

Vanguarda Paulista

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Criando e organizando o histórico musical “Na Boca do Bode”[5] em 1973 em Londrina, Robinson fortaleceu seus laços com o que viria ser o movimento “Vanguarda Paulista[6], que embora sediado em São Paulo, teve Londrina[7] como o embrião dos experimentos, principalmente dos compositores Arrigo Barnabé, com “Clara Crocodilo[8] e Itamar Assumpção com sua performance em que misturava teatro às canções autorais. Em "Na Boca do Bode"[9], Robinson participou também como compositor e cantor interpretando pela primeira vez sua canção "Mente, Mente" que viria ser gravada em 1986 por Ney Matogrosso[10], participando da trilha do filme “Cidade Oculta[11], dirigido por Chico Botelho. Já em 1975, em Londrina, foi o criador e coordenador do musical “Coração de Árvore” que trazia Eliete Negreiros com participação especial entre outros nomes que viriam especialmente da USP, além de Itamar Assumpção e Arrigo Barnabé. Várias de suas canções fizeram parte deste musical, entre elas “Mente, mente”, “Rita Vampiro” e “Coração de Árvore”, interpretadas por Arrigo, Itamar e Eliete, pois Robinson neste musical atuaria apenas como diretor.

Depois do musical “Coração de Árvore”, mais uma vez Londrina era escolhida para sediar uma experiência ousada de música cênica, utilizando 5 acordeões que desmontados permitiam a produção de estranhos e soturnos acordes, além da emblemática obra[12] de Arrigo Barnabé “Clara Crocodilo”[13] que apresentada então com a narração anunciando o surgimento do monstro mutante dodecafônico, que seria a marca do compositor. Também, este concerto foi produzido por Robinson Borba em 1975, de forma independente, sem apoio, contando apenas com a cessão do Teatro Universitário para as apresentações em Londrina. Deve-se destacar sua participação como aluno do Festival de Música de Curitiba de 1974 em que teve como professor Egberto Gismonti e Dori Caymmi.

Carreira Musical

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Formado em engenharia civil pela UFPR, Robinson se dedicou a atuar na construção civil em sua cidade natal, ficando nesta área por cinco anos, tempo suficiente para levantar recursos para promover paralelamente a produção fonográfica que se iniciou em 1980 com o álbum “Clara Crocodilo”[14] de Arrigo Barnabé. Custeado pelos recursos obtidos com sua atuação na construção civil em Londrina. Destaca-se, ainda, que Robinson ainda teve fôlego para produzir com recursos próprios o single “Londrina”, obra de Arrigo que participando do Festival MPB de 1981[15] da TV Globo obteve o prêmio de melhor arranjo[16] e projetou nacionalmente a cantora mato-grossense Tetê Espíndola. Em 1985, após suas experiências e convivência com músicos de alto nível, os quais conhecera a partir das produções citadas, Robinson Borba partiu para a produção do  seu álbum autoral “Rabo de Peixe”[17] com canções que havia criado desde a década de 1970, entre elas “Mente, Mente” a qual viria a ser gravada em 1986 por Ney Matogrosso, além de mostrar neste disco sua opereta dedicada a revelar sua interpretação da obra de James Barrie, “Peter Pan”, agora nomeada por ele “Peter Pan... K!”, uma ópera-rock voltada ao público adolescente[18].

Mais tarde em 2001, este trabalho seria montado pela escola de teatro de FUNCART, sob a direção de Silvio Ribeiro[19], contando com alunos adolescentes e uma banda de jovens músicos. Esta primeira montagem obteve grande receptividade da comunidade e ensejou uma nova montagem em 2011, conseguindo grande repercussão e alcançando algumas cidades do interior paulista que receberam o espetáculo com apoio da CESP.

Retorno

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Atualmente Robinson trabalha no seu novo álbum "Na Cauda da Galáxia" previsto para lançamento em Setembro de 2024[20].

Discografia

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1984 - Rabo de Peixe

1984 - Peter Pan… K!

Músicas gravadas por outros Artistas

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"Coração de Árvore"- 1982 - Eliete Negreiros[21] 

"Mente, Mente" - 1986 - Ney Matogrosso

"Mente, Mente" - 1986 - Ney Matogrosso & Arrigo Barnabé

"Mente, Mente" - 2015 - Simone Mazzer[22]

  1. https://www.gazetadopovo.com.br/caderno-g/potencial-de-publico-de-itamar-e-arrigo-nao-foi-alcancado-0gryyd6uwx77r7qbbw60829st
  2. https://www.tribunapr.com.br/mais-pop/robinson-borba-e-atracao-no-paiol/
  3. Trigueiros, Marian (28 de Outubro de 2017). «A engenharia do som». Folha de Londrina. Consultado em 17 de Julho de 2024 
  4. Redação, O Estado do Paraná (30 de maio de 2006). «Robinson Borba é atração no Paiol». Tribuna do Paraná. Consultado em 17 de julho de 2024 
  5. Calado, Carlos (29 de Maio de 2006). «Livro rememora a vanguarda paulista». Folha de São Paulo. Consultado em 17 de Julho de 2024 
  6. Moser, Sandro (01 de Agosto de 2015). «Livro mostra que a vanguarda paulista tem pé-vermelho». Gazeta do Povo. Consultado em 17 de Julho de 2024  Verifique data em: |data= (ajuda)
  7. Trigueiros, Marian (23 de Novembro de 2016). «Vanguarda Paulista parida no Paraná». Folha de Londrina. Consultado em 17 de Julho de 2024 
  8. Instituto Itaú Cultural, Editores. «Clara Crocodilo». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 17 de julho de 2024 
  9. Melhado, Felipe (09 de março de 2018). «MEMÓRIA - Na boca da transgressão». Folha de Londrina. Consultado em 17 de Julho de 2024  Verifique data em: |data= (ajuda)
  10. «Folha de S.Paulo - Crítica: Disco expressa urgência social em tom de rock - 28/03/2008». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 17 de julho de 2024 
  11. Luiz, Milton (07 de Dezembro de 2013). «Canto visceral de Simone Mazzer». www.otempo.com.br. Consultado em 17 de julho de 2024  Verifique data em: |data= (ajuda)
  12. «"Os 100 maiores discos da Música Brasileira"». Rolling Stone Brasi. "Os 100 maiores discos da Música Brasileira" (edição nº 13): página 109. Outubro de 2007 
  13. «Robinson Borba». Dicionário Cravo Albin. Consultado em 17 de julho de 2024 
  14. SP, Portal Sesc (28 de fevereiro de 2021). «Labirinto Musical». portal.sescsp.org.br. Consultado em 17 de Julho de 2024 
  15. «Festival MPB-Shell (TV Globo)». Dicionário Cravo Albin. Consultado em 18 de julho de 2024 
  16. Globo, Memória (29 de outubro de 2021). «MPB-Shell Especial». memoriaglobo. Consultado em 18 de julho de 2024 
  17. Teixeira, Felipe (29 de novembro de 2020). «Robinson Borba e o clássico Rabo de Peixe». AlmA Londrina Rádio Web. Consultado em 17 de julho de 2024 
  18. Sato, Nelson (02 de Agosto de 2007). «ARTES CÊNICAS - Peter Pan...K Eterno desejo de juventude». Folha de Londrina. Consultado em 17 de Julho de 2024  Verifique data em: |data= (ajuda)
  19. Folha de Londrina, Redação (26 de Abril de 2001). «"Peter Pan...K"estende a temporada». Folha de Londrina. Consultado em 17 de Julho de 2024 
  20. Ferreira, Mauro (17 de Julho de 2024). «Produtor do histórico álbum inicial de Arrigo Barnabé, Robinson Borba lança segundo disco 40 anos após o primeiro». G1. Consultado em 17 de Julho de 2024 
  21. «Robinson Borba - Discografia Brasileira». Discos do Brasil. Consultado em 17 de julho de 2024 
  22. Magioli, Ailton (17 de abril de 2015). «Primeiro disco solo de Simone Mazzer expõe vasto leque de influências». Portal Uai Entretenimento. Consultado em 17 de julho de 2024