Rua Santos Minho

rua em Póvoa de Varzim, Portugal
Rua Santos Minho

Placa da rua
Município: Póvoa de Varzim
Freguesia(s): UFPVBA
Lugar, Bairro: Centro
Início: Rua Manuel Silva
Término: Rua José Malgueira
Comprimento: 320 m
Abertura: Junho de 1876
Designação anterior: Rua de Freitas Soares

Casario da rua Santos Minho
Toponímia do Grande Porto

A Rua Santos Minho é um pequeno arruamento no centro da cidade da Póvoa de Varzim em Portugal.

História editar

 
Parte da fachada degradada do Teatro Garrett antes do início das obras de recuperação com cartaz político com "Basta de esperar pelo Garrett."

A rua Santos Minho, inicialmente Rua Freitas Soares em honra ao governador civil do Porto, foi criada para ligar o centro da cidade ao bairro frequentado pelos banhistas.[1]

No Campo das Cobras, quarteirão da Santos Minho (até à Rua das Hortas) com a Rua Manuel Silva, era onde se instalavam os circos e praças de touros improvisadas construídas em madeira. Nesse local surgiu em 1904, a "Aula Alexandre Herculano", mais tarde denominada "Escola dos Sininhos".[1]

A tradição teatral da Póvoa de Varzim pode ser recuada até 1793, quando a Póvoa organizou importantes festejos para celebrar o nascimento de Maria Teresa, Princesa da Beira, filha de D. João VI, na altura ainda Príncipe Regente. Ao teatro que se tinha construído ao lado da praça de touros, veio o corregedor da comarca Francisco de Almada e Mendonça assistir a uma ópera italiana. Do programa de quatro dias, de 24 a 27 de agosto, constavam duas óperas italianas, várias comédias portuguesas e uma pequena peça italiana, para além de vários combates de touros.[2]

No início da rua, no número 10, localizava-se o Salão Teatro, local que era escolhido pelas associações locais para récitas, apresentando teatro e "cinema da elite", cujo edifício dos dias de hoje datará de 1910. Este teatro foi construído no local onde anteriormente funcionavam barracões denominados Chalet Lisbonense e Theatro Lisbonense. O edifício perdeu a sua utilidade histórica, passando a ser usado até para revenda de gás. Na Era da Informação, a notoriedade histórica do espaço foi reavivada, levando um grupo de cidadãos a recuperar o edifício e a devolvê-lo à cultura com um espaço denominado Theatro criando um restaurante, livraria e galeria de artes.[3]

O primitivo teatro Garrett funcionou inicialmente num elegante edifício de madeira construído em 22 de Agosto de 1873 e tinha sido financiado por cinco cidadãos do Porto.[1] A 4 de Setembro de 1876 foi inaugurado o novo teatro Sá da Bandeira, também construído em madeira. Este teatro funcionava no gaveto da Rua do Norte (hoje Rua da Alegria) com o Largo do Rego (hoje Largo David Alves). O Teatro abriu com o drama O Cabo Simão, por uma companhia espanhola e apresentou exitos como «A Filha do Mar».[1] Ao lado do novo Teatro Garrett, construído no final do século XIX e encabeçando a Rua Santos Minho, funcionou o Salão Recreativo Dramático, onde actuou a companhia amadora residente Troupe Dramática Recreativa Povoense nos anos de 1897 e 1898.[4]

Nos primeiros anos do século XX, A Póvoa era roteiro preferencial de grandes artistas nacionais e internacionais, sobretudo espanhóis. Era na Póvoa que as vedetas da época iniciavam a sua tournée por Portugal. No Norte, a Póvoa era onde existiam mais casas de espetáculos, em especial cafés-concerto. Cada casa trazia à Póvoa o que havia de melhor na música, arte dramática e bailado. O Teatro Garrett era o grande teatro da época.[1]

A zona perdeu todos os seus teatros, salvando-se o Garrett, que devido a mais de um século na vida cultural local encerrou para reabilitação e tornou-se num equipamento público.

Morfologia urbana editar

 
Fachada em degradação do Salão Teatro.

A rua segue paralela à Rua da Junqueira, antiga rua comercial bastante popular entre locais e turistas. O percurso de ambas as ruas é ligado por pequenos arruamentos pedonais: Travessa do Cais Novo, Rua Cândido Landolt, José Malgueira e Manuel Silva e por galerias comerciais. A via termina no Teatro Garrett, o grande teatro da Póvoa, em que os limites norte e sul da fachada inspiram-se em torres de castelos medievais.

Algum interesse imobiliário tem levado à recuperação de algum casario antigo e, recentemente, começaram a aparecer pequenas galerias de arte. Encontra-se ali também instalada, no número 8, a sede da Real Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Póvoa de Varzim e, no número 28, a antiga sede do Varzim Sport Club.

Património editar

  • Salão Teatro no n.º 10
  • Teatro Garrett (Rua José Malgueira)
  • Fachada no n.º 56 da Rua José Malgueira
  • Sede dos Bombeiros
  • Escola Primária dos Sininhos (Rua Manuel Silva)

Referências editar

  1. a b c d e Baptista de Lima, João (2008). Póvoa de Varzim - Monografia e Materiais para a sua história. [S.l.]: Na Linha do horizonte - Biblioteca Poveira CMPV 
  2. Amorim, Sandra Araújo (2004). Vencer o Mar, Ganhar a Terra. [S.l.]: Na Linha do horizonte - Biblioteca Poveira CMPV 
  3. «Presidente inaugura o Theatro, um espaço "impensável há 3 anos"». IGESPAR. Consultado em 23 de Março de 2017 
  4. Azevedo, José de (2007). Poveirinhos pela Graça de Deus. [S.l.]: Na Linha do horizonte - Biblioteca Poveira CMPV