Gervásio e Protásio
São Gervásio e São Protásio são mártires cristãos do século II e venerados como santos.
São Gervásio & São Protásio | |
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O mártirio dos Santos Gervásio e Protásio num manuscrito do século XIV. | |
Mártires | |
Nascimento | ? Mediolano |
Morte | século II d.C. Mediolano |
Veneração por | Igreja Católica Igreja Ortodoxa Oriental |
Principal templo | Basílica de Sant'Ambrogio, em Milão |
Festa litúrgica | 19 de junho (Igreja Católica) 14 de outubro (Igreja Ortodoxa Oriental) |
Atribuições | O flagelo, a maça e a espada. |
Padroeiro | Milão; Breisach; ceifadores; invocado para descoberta de ladrões |
Portal dos Santos |
A sua festa é celebrada no dia 19 de junho pela Igreja Católica (rito latino), o dia em que suas relíquias foram transportadas até a catedral. Já na Igreja Ortodoxa Oriental e nas denominações católicas de rito oriental, a festa é no dia 14 de outubro, data tradicional da morte de Gervásio e Protásio.
Lenda
editarA acta[1] pode ter sido expandida a partir de uma carta ("Epístola LIII") aos bispos da Itália, erroneamente atribuída a Santo Ambrósio. Elas foram escritas em um estilo muito simples, o que dificulta estabelecer uma data precisa para a composição. De acordo com elas, Gervásio e Protásio seriam filhos gêmeos de mártires. O pai deles São Vitálio de Milão, um homem de dignidade consular, teria sofrido o martírio em Ravena, possivelmente sob o imperador romano Nero. A mãe, Santa Valéria, morreu por sua fé em Mediolano. Gervásio e Protásio foram então aprisionados e, presos, receberam a visita de São Nazário.
Acredita-se que os gêmeos foram flagelados e decapitados sob o comando de Anubinus (ou Astasius) e enquanto Caius era o bispo de Milão. Alguns autores atribuem o martírio a uma data sob o imperador Diocleciano. A principal crítica a esta data é que não é possível explicar como, se a data for esta, que o local do sepultamento e mesmo os nomes dos envolvidos tenham sido esquecidos no tempo de Santo Ambrósio, como ele afirma.
Santo Ambrósio e os santos
editarSanto Ambrósio, em 386, fez construir uma magnífica basílica em Mediolano, hoje chamada de Basílica de Sant'Ambrogio. O povo pediu que ele a consagrasse da mesma forma solene que era realizada em Roma, o que ele prometeu fazer se ele conseguisse obter as necessárias relíquias. Em um sonho, lhe foi mostrado o lugar onde elas poderia ser encontradas. Ele ordenou que a região, fora da cidade, fosse escavada, no cemitério da igreja de São Nabor e São Félix, que então eram os santos padroeiros de Mediolano. Lá, foram encontrados as relíquias de Gervásio e Protásio. Numa carta, Santo Ambrósio escreveu:
“ | Eu encontrei os sinais corretos e, quando foram trazidos alguns sobre os quais pusemos nossas mãos, o poder dos mártires sagrados se tornou tão manifesto que, enquanto eu ainda permanecia em silêncio, um deles foi tomado e se prostrou frente ao sepulcro sagrado. Nós encontramos ali dois homens de maravilhosa estrutura, como de antigamente. Todos os ossos estavam perfeitos e havia muito sangue. | ” |
— Carta de Santo Ambrósio sobre a descoberta das relíquias[2].
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Ambrósio então removeu as relíquias e as depositou na Basílica de Fausta (hoje a Igreja de São Vitálio e São Agrícola.[2] Durante os dias seguintes, segundo os textos, muitos milagres foram realizados, algo que seria prova do favor divino no contexto da grande luta que estava ocorrendo entre Santo Ambrósio e a imperatriz ariana Justina.[3] Sobre a sua visão, a descoberta das relíquias e os milagres que se seguiram, Santo Ambrósio escreveu para sua irmã, Marcelina.
Santo Agostinho, ainda um catecúmeno, presenciou estes fatos e os relata em suas grandes obras, "Confissões" (IX, vii) e Cidade de Deus (XXII, viii), assim como em seu "Sermão 286". Outra fonte é a obra sobre a vida de Ambrósio escrita por São Paulino. Ele morreu em 397 e foi enterrado na basílica ao lado dos mártires, como último desejo.
Veneração
editarImediatamente após a descoberta das relíquias por Santo Ambrósio, o culto dos irmãos mártires se espalhou pela Itália e diversas igrejas lhes foram dedicadas em Pávia, Nola e outros lugares. Na Gália, existem igrejas dedicadas a eles (cerca de 400), em Le Mans, Ruão e Soissons. No Louvre, em Paris, está agora a famosa pintura dos santos feita por Lesueur (m. 1655), que ficava na igreja dedicada a eles em Paris. De acordo com o "Liber Pontificalis", o Papa Inocêncio I (402-17) dedicou uma igreja a eles em Roma. Posteriormente, o nome de São Vitálio, pai deles, foi adicionado ao título desta igreja (Basílica de São Vitálio). E bem no início, os nomes dos irmãos foram inseridos na Litania dos Santos.
Em 835, Angilberto II, bispo de Milão, colocou as relíquias dos três santos (os irmãos e Ambrósio) num sarcófago de pórfiro, onde eles foram encontrados em janeiro de 1864.[4] Uma tradição alega que após a destruição de Milão por Frederico Barbarossa, seu chanceler Rainald of Dassel levou as relíquias e as depositou em Breisach, na Alemanha, e de onde algumas foram parar em Soissons. A alegação é rejeitada por Milão.[5]
Referências
- ↑ "Acta Sanctorum" Junho, IV, 680 e 29.
- ↑ a b «Letter of St. Ambrose of Milan on the discovery of the Relics of Sts. Gervasius and Protasius» (em inglês). Consultado em 5 de dezembro de 2010. Arquivado do original em 16 de maio de 2008
- ↑ Williams, D. H. (1995). Ambrose of Milan and the End of the Arian-Nicene Conflicts (em inglês). Oxford: Clarendon Press discute o "inventio" e o "depositio" das relíquias como sendo o gesto maior no triunfo de Ambrósio sobre os arianos.
- ↑ Civiltà Cattolica, 1864, IX, 608, e XII, 345
- ↑ Biraghi, Civiltà Cattolica, 1864, IX, 608, and XII, 345.
Ligações externas
editar- «Gervásio» (em inglês). Catholic Forum. Consultado em 5 de dezembro de 2010. Arquivado do original em 13 de outubro de 2007
- «Protásio» (em inglês). Catholic Forum. Consultado em 5 de dezembro de 2010. Arquivado do original em 9 de novembro de 2007
- (em italiano) «Santi Gervasio e Protasio» (em italiano). Santi e Beati. Consultado em 5 de dezembro de 2010