Celessíria
Celessíria ou Cele-Síria (em latim: Coele-Syria; em grego clássico: Κοίλη Συρία; romaniz.: Koíle Syría, de κοίλος, "vazio") era a região ao sudoeste da Síria, disputada pelo Império Selêucida e o Reino Ptolomaico. Estritamente falando, costuma-se comparar a Celessíria com o vale do Líbano, mas o termo é mais amplo cobrindo toda a área ao sul do rio Eléutero, incluindo a Judeia.[1][2]
História
editarCom a morte de Alexandre, o Grande em 323 a.C., toda a Síria foi alocada a Laomedonte de Mitilene. Em 319-318 a.C., contestando sua posse, Ptolomeu I (r. 302–283/282 a.C.) conquistou-a. Mais adiante, Laomedonte aliou-se com Antígono Monoftalmo para retomá-la.[3] Em 312 a.C., a pedido de Seleuco I (r. 306–281 a.C.), Ptolomeu invadiu-a e derrotou Demétrio I, filho de Antígono, na Batalha de Gaza; Diodoro Sículo, narrando o evento, não afirma se a invasão tinha por objetivo reconquistar a Celessíria ou apenas criar distração para Seleuco, que queria retornar à Babilônia.[4]
Em 303-302 a.C., Ptolomeu juntou-se a coalizão de Cassandro, Seleuco e Lisímaco contra Antígono, mas pouco fez além de reocupar a Celessíria, que desocupou ao ouvir falsos relatos de que Antígono venceu os demais na Ásia Menor e marchava à Síria. Pelo acordo que originou a coalizão, no caso de vitória, Ptolomeu receberia a região, mas como decidiu abandoná-la, sua reivindicação foi anulada e os vitoriosos na Batalha de Ipso de 301 a.C. confiaram-a a Seleuco. Ptolomeu, por sua vez, se recusou a aceitar, originando a disputa secular entre ptolomeus e selêucidas pelo controle da Celessíria.[5]
Ptolomeu tornou a ocupar a região após Ipso, e Seleuco decidiu não lutar por ela. Os ptolomeus mais tarde alegaria que sua posse foi formalmente confirmada sob os termos de um acordo com Seleuco no qual Ptolomeu aceitou ficar neutro em sua guerra com Lisímaco, mas os selêucidas negaram isso e a região foi disputada nas Guerras Sírias entre 274/3 e 168 a.C.. Ela ficou sob os ptolomeus até a Quinta Guerra Síria (202–195 a.C.), quando Antíoco III (r. 223–187 a.C.) tomou-a na Batalha de Pânio de 200 a.C. e alargou o Império Selêucida até o Reino Ptolemaico no Egito.[6] Os selêucidas dominaram-a até 168 a.C., quando os romanos mandaram Antíoco IV (r. 175–164 a.C.) remover as tropas do Egito. Desde então, o controle selêucida da Síria declinou, com esta se tornando independente ou quasi-independente, e em 83 a.C., Tigranes II (r. 95–55) anexou-a. Em 67 a.C., Pompeu derrotou-o e anexou a Síria como província romana.[3]
Referências
- ↑ Niebuhr 1852, p. 88.
- ↑ Woodhead 2012, p. 1421.
- ↑ a b Spence 2002, p. 341.
- ↑ Champion 2014, p. 93.
- ↑ Bevan 2014, p. 53.
- ↑ Musti 1984, p. 184.
Bibliografia
editar- Bevan, Edwyn (2014). A History of Egypt under the Ptolemaic Dynasty. Londres e Nova Iorque: Routledge. ISBN 9781317682240
- Champion, Jeff (2014). Antigonus the One-Eyed. Barnsley, Condado de Iorque Setentrional: Pen and Sword. ISBN 9781783030422
- Musti, Domenico (1984). «Syria and the East». In: Walbak, F. W.; Astin, A. E.; Frederiksen, M. W.; Ogilvie, R. M. The Cambridge Ancient History Vol. VII Part 1 - The Hellenistic World. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia
- Niebuhr, Barthold Georg (1852). Lectures on ancient history, from the earliest times to the taking of Alexandria by Octavianus. Londres: Taylor, Walton and Maberly
- Spence, Ian G. (2002). Historical Dictionary of Ancient Greek Warfare. Lanham, Marilândia e Londres: Imprensa Scarecrow
- Woodhead, Arthur Geoffrey; Wilson, R. J. A. (2012). «Syria». The Oxford Classical Dictionary. Oxônia: Imprensa da Universidade de Oxônia