Sant'Eufemia (Roma)

Sant'Eufemia era uma igreja de Roma que ficava localizada no canto nordeste da esquina da atual Via Alessandrina com a antiga Via del Marforio (que não existe mais), no local onde hoje estão visíveis as ruínas do Fórum de Trajano (na época encobertas), no rione Monti. Era dedicada a Santa Eufêmia.

Nesta gravura de Giuseppe Vasi (meados do século XVIII), a igreja de Sant'Eufemia é a última, no fim do rua (número 3). Em primeiro plano estão San Lorenzo ai Monti (direita) e Santo Spirito ai Monti (esquerda), todas demolidas na mesma época.

História editar

O convento foi fundado em 1595 durante o pontificado do papa Clemente VIII (r. 1592-1605) e pertencia a uma pequena comunidade de freiras hospitalares que cuidavam de meninas de rua abandonadas. A igreja original do convento era medieval e aparentemente ficava para o norte da atual Santissimo Nome di Maria al Foro Traiano, numa rua que ainda hoje se chama Via di Sant'Eufemia, antigamente pertinente apenas à seção para o norte do cruzamento com a moderna Via delle Tre Cannelle[1].

A nova igreja e o albergue para as meninas foram construídos para o sul da igreja medieval, que foi demolida, do lado oeste da via dei Taroli (a extremidade norte da atual Via Alessandrina), para o norte do cruzamento com a Via del Marforio. Um outro convento para a mesma congregação foi construído na mesma época em Sant'Urbano ai Pantani, mais para o sul na mesma Via Alessandrina. A ideia era que se alguma das meninas ou das irmãs quisesse se tornar uma freira enclausurada, ela poderia mudar para lá. A regra escolhida foi a das Ordem das Irmãs Clarissas Capuchinhas. Estes dois conventos são frequentemente confundidos.

Esta congregação, que não existe mais, ficou conhecida como Zitelle Sperse ("Jovens Abandonadas")[1].

Demolição editar

O convento inteiro foi demolido em 1812 para permitir a escavação das ruínas da Basílica Úlpia[2], cujas ruínas hoje estão aparentes no local. Depois de uma curta estadia em Santa Caterina dei Funari, a comunidade se mudou para o convento de Sant'Ambrogio della Massima, que estava vazio, entre 1814 e 1828. Em seguida, as irmãs se estabeleceram em San Paolo Primo Eremita e ficaram ali até pouco depois de 1870, quando elas finalmente se juntaram às freiras enclausuradas em Sant'Urbano ai Pantani.

Este último convento também acabou sendo demolido em 1930 e as irmãs se mudaram para um novo convento na Via Aurelia Antica, que se tornou a sede das capuchinhas italianas. A ordem foi finalmente suprimida em 2015.

Descrição editar

O convento ficava num terreno estreito e comprido e ocupava toda a extensão da Via dei Taroli, da antiga Piazza della Colonna Traiana até a Via del Marforio. A entrada ficava de frente par a igreja do Santissimo Nome di Maria al Foro Traiano e dava acesso a um longo e estreito claustro que só tinha arcadas nos lados curtos. No lado norte do complexo ficava o albergue e no sul, o convento com sua igreja, esta última na esquina da Via dei Taroli com a Via del Marforio, numa orientação norte-sul. Para o oeste do complexo estava o convento de Santo Spirito ai Monti, do qual estava separado por um muro[3][1].

A igreja propriamente dita era de nave simples, sem corredores, com uma abside retangular e uma abóbada de berço assentada sobre dois pares de pilastras. O tamanho e a planta eram os mesmos da igreja de Santo Spirito[1].

Basílica paleocristã editar

Esta igreja é frequentemente confundida com uma outra dedicada à mesma santa, Sant'Eufemia all'Esquilino, também no rione Monti, mas na Via Urbana, no terreno onde hoje está a igreja Bambino Gesù all'Esquilino. Ela foi demolida no final do século XVI e era conhecida principalmente por seu importante mosaico paleocristão. A igreja do convento era considerada a sua sucessora.

A basílica foi originalmente fundada no século V e foi mencionada pela primeira vez em 451. Ela foi ocupada por alguns anos pelos franciscanos reformados entre 1530 e 1536 antes deles se estabelecerem em San Bonaventura al Palatino. O famoso mosaico ficava na abside e retratava Santa Eufêmia vestida como uma princesa imperial em posição "orante"(em latim: orans) com uma mão sobre sua cabeça saindo do céu e segurando uma guirlanda. Ao lado dela estavam duas cobras em posição de ataque. Felizmente sobreviveram desenhos deste mosaico, que tem paralelos óbvios com os de Sant'Agnese fuori le Mura.

Referências

  1. a b c d Armellini, Mariano (1891). Le chiese di Roma dal secolo IV al XIX. Sant'Eufemia (em italiano). [S.l.]: Tipografia Vaticana. p. 162 
  2. «Chiesa e Monastero dello Spirito Santo» (em inglês). Rome Art Lover 
  3. «Mapa do local (número 115)» (em inglês). Mapa de Nolli