Sara Bartfeld de Rietti (Buenos Aires, 3 de dezembro de 1930-Buenos Aires, 28 de maio de 2017), mais conhecida como Sara Rietti, foi a primeira química nuclear de Argentina.[1]

Sara Rietti
Nome completo Sara Bartfeld de Rietti
Nascimento 3 de dezembro de 1930
Buenos Aires, Argentina
Morte 28 de maio de 2017
Buenos Aires, Argentina
Residência Argentina
Nacionalidade Argentina
Educação Doutora em Química Nuclear, Universidad de Buenos Aires

Trabalhou como pesquisadora em várias universidades argentinas e organismos estatais, chegando a desempenhar-se como Chefe de Gabinete de Manuel Sadosky na Secretaria de Ciência e Tecnologia da Nação, durante o governo de Raúl Alfonsín.[2] Foi membro do conselho diretivo da Faculdade de Ciências Exatas e Naturais da Universidade de Buenos Aires e esteve presente na faculdade, junto das autoridades da Universidade, quando os militares entraram nela, durante a ditadura e ajudou a vários científicos presos a sair do país.[3]

É considerada uma personalidade central da ciência argentina, não só pelo seu pionerismo científico da sua tese doutoral, mas também no que diz respeito à gestão universitária transnacional.[4]

Biografia

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Educação e Trajetória como pesquisadora

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Seu pai era um imigrante ucraniano e sua mãe polaca; foi seu pai quem a incentivou nas ciências exatas ao ver que tinha facilidade para as matemàticas.[5]

 
Modelo da molécula de borano.

Uma vez finalizada sua educação secundária, começou a estudar química em 1948, recebendo-se de bacharel em 1954. Por estar interditada nesse então a Faculdade de Ciências Exatas, ela precisou realizar o exame da sua última matéria na Comissão Nacional de Energia Atómica em 1953, o que lhe permitiu ser a primeira química nuclear de seu país[6]. Sua tese de doutorado, finalizada em 1963, consistiu em um trabalho intitulado Estudo da reação entre o tetracloruro de diboro e diborano, o que ela chamou de "boranos", compostos químicos conhecidos na ciência como hidruros de boro usados na indústria aeroespacial.[7][8]

Desempenhou-se como pesquisadora no departamento de Química Inorgânica e Fisicoquímica da Universidade de Buenos Aires entre 1955 e 1956. Trabalhou como diretora da Coleção Científica ainda no Centro Editor de América Latina entre 1967 e 1969; participou do diretório dessa editorial entre 1972 e 1992.[9][10]

Atuação na volta da democrácia

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Entre 1973 e 1975, foi diretora de coordenação do Instituto Nacional de Tecnologia Industrial (INTI). [11]

Foi nomeada Chefe de Gabinete por Manuel Sadosky, então secretário de Ciência e Tecnologia durante o governo de Raúl Alfonsín.[12] Desde 1994 até seu deceso Sara Rietti foi coordenadora académica da maestría “Política e Gestão da Ciência e a Tecnologia” da UBA, e docente assessora da reitoria dessa instituição.[13] Também participou na docencia, gestão e investigação no campo das políticas para a ciência, tecnologia e sociedade, sendo responsável da Cooperação Internacional na Secretaria de Ciência e Técnica da Nação.[14] Com Gregorio Klimovsky e José Babini fundou o Centro de Estudos de Ciências.[15] Foi integrante da Rede argentina de Género, Ciência e Tecnologia (RAGCyT).[16]

Em 2011 a Universidad Nacional de Rosario concedeu-lhe o Doutorado Honoris Causa em reconhecimento a sua extensa trajectória[17], mencionando sua contribuição à prática docente, sua participação na política científica e tecnológica.[18]

Publicou artigos sobre ciência na revista da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidad de Buenos Aires.[19]

Prêmios e Reconhecimentos

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  • 2023: Foi outorgado o prêmio "Científicas que cuentan-Sara Rietti", que reconhece as contribuições de mulheres ao setor científico, tecnológico e da innovação.[20] [21]
  • 2021: Em homenagem à cientista, fundou-se a escola pré-Universitária Sara Bartfeld de Rietti, dependente da Universidad Nacional de Rosario, focada na formação científica e têcnica.[22]
  • 2010: O salão principal de estudos de gênero da Universidade Nacional de Cujo leva seu nome desde 21 de outubro de 2010, como parte de uma homenagem às mulheres científicas argentinas.[23][24]

Referências

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  1. Stadler, Marta Macho (27 de dezembro de 2018). «Sara Rietti: de la química nuclear al activismo de la ciencia política». Mujeres con ciencia (em espanhol). Consultado em 28 de junho de 2024 
  2. «Sara Rietti: «Me puedo morir tranquila, que han quedado marcas" – Agencia TSS Noticias de ciencia y tecnología» (em espanhol). Consultado em 28 de junho de 2024 
  3. Di Marco, Laura (11 de setembro de 2010). «Una mente brillante: la primera química nuclear argentina». LaNacion.com. Diario La Nación. Consultado em 8 de setembro de 2016 
  4. https://mujeresconciencia.com/2018/12/27/sara-rietti-de-la-quimica-nuclear-al-activismo-de-la-ciencia-politica/
  5. Tomas (1 de junho de 2017). «La mujer nuclear: 60 años de ciencia y política». Revista Anfibia (em espanhol). Consultado em 28 de junho de 2024 
  6. Tomas (1 de junho de 2017). «La mujer nuclear: 60 años de ciencia y política». Revista Anfibia (em espanhol). Consultado em 28 de junho de 2024 
  7. Bartfeld de Rietti, Sara (1963). «Estudio de la reacción entre tetracloruro de diboro y diborano». Universidad de Buenos Aires. Facultad de Ciencias Exactas y Naturales. Consultado em 2 de dezembro de 2020 
  8. Tomas (1 de junho de 2017). «La mujer nuclear: 60 años de ciencia y política». Revista Anfibia (em espanhol). Consultado em 28 de junho de 2024 
  9. «En memoria de Sara Rietti». www.ragcyt.org.ar. 6 de junho de 2017. Consultado em 21 de maio de 2018 
  10. «El CONICET despide a la Dra. Sara Rietti». Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas. 31 de maio de 2017. Consultado em 28 de junho de 2024 
  11. «El CONICET despide a la Dra. Sara Rietti». Conicet. 31 de maio de 2017. Consultado em 28 de junho de 2024 
  12. «Una mente brillante: la primera química nuclear argentina». LA NACION (em espanhol). 11 de setembro de 2010. Consultado em 28 de junho de 2024 
  13. Rietti, Sara (28 de junho de 2008). «El lobo, las gallinas y la ciencia». www.pagina12.com.ar. Consultado em 2 de dezembro de 2020 
  14. «RED ARGENTINA DE GÉNERO, CIENCIA Y TECNOLOGÍA». www.ragcyt.org.ar. Consultado em 28 de junho de 2024 
  15. Pérez Benavente, Rocío (27 de dezembro de 2018). «Sara Rietti: de la química nuclear al activismo de la ciencia política». Mujeres con ciencia. Consultado em 2 de dezembro de 2020 
  16. «RED ARGENTINA DE GÉNERO, CIENCIA Y TECNOLOGÍA». www.ragcyt.org.ar. Consultado em 28 de junho de 2024 
  17. «RED ARGENTINA DE GÉNERO, CIENCIA Y TECNOLOGÍA». www.ragcyt.org.ar. Consultado em 28 de junho de 2024 
  18. «Entrega de Honoris Causa a Sara Rietti». Universidad Nacional de Rosario. 7 de novembro de 2011. Consultado em 9 de setembro de 2016 
  19. «Vigencia del pensamiento latinoamericano en el campo CTS: La producción científica-tecnológica y los criterios para su evaluación – Voces en el Fenix» (em espanhol). 1 de agosto de 2011. Consultado em 28 de junho de 2024 
  20. «El Premio "Científicas Que Cuentan" distinguió a tres investigadoras que comunican ciencia, salud, perspectiva de género y compromiso con las comunidades originarias». Argentina.gob.ar (em espanhol). 29 de setembro de 2023. Consultado em 28 de junho de 2024 
  21. «Instituto francés de Argentina». ifargentine.com.ar. Consultado em 28 de junho de 2024 
  22. «RED ARGENTINA DE GÉNERO, CIENCIA Y TECNOLOGÍA». www.ragcyt.org.ar. Consultado em 28 de junho de 2024 
  23. https://www.revistaanfibia.com/la-mujer-nuclear-60-anos-de-ciencia-y-politica/
  24. Universidad de Cuyo, ed. (2 de junho de 2017). «El Instituto de Género recuerda a Sara Bartfeld». Consultado em 16 de julho de 2017 

Bibliografia

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