Śiva Saṁhitā (em sânscrito, शिवसंहिता) é um texto. Saṁhitā é palavra sânscrita que significa “coleção de ensinamentos", portanto, o nome significa coleção de ensinamentos de Śiva. É um texto poético em sânscrito sobre yoga, de autor desconhecido, provavelmente no século XVIII. O texto é endereçado pelo deus hindu Śiva a sua consorte Pārvatī. O texto consiste em cinco capítulos, com o primeiro capítulo um tratado que resume a filosofia não-dual Vedānta (Advaita Vedānta) com influências da escola Śrī Vidyā do sul da Índia.[1][2]

Identidade entre o ensinamento da Śiva Saṁhitā e o das Upaniṣads

editar

"Afirmações védicas como “o Ser deve ser conhecido”, “Palavras sobre ele devem ser ouvidas” e outras, são as reais salvadoras, doadoras de Conhecimento real. Estas afirmações vaidikas devem ser estudadas com grande atenção". I:33.

O corpo como espelho do macrocosmos

editar

"Neste corpo, a montanha Meru, [a espinha dorsal] está rodeada por sete ilhas; há rios, mares, campos e senhores dos campos". II:1.

"Todos os seres que existem no mundo também se encontram no corpo". II:2.

"Há ṛṣis e sábios, e todas as estrelas e os planetas também. Há peregrinações sagradas, templos e deidades nos templos". II:3.

"O sol e a lua, agentes da criação e da destruição, se movem nele. Espaço, ar, fogo, água e terra também estão aqui". II:4.

"Todos os seres que existem no mundo também se encontram no corpo. Rodeando o monte Meru, realizam suas tarefas. Aquele que sabe disto é um yogin, sem dúvida". II:5.[3]

Condições para o sucesso

editar

“O yogin deve renunciar ao seguinte: 1. alimentos ácidos, 2. adstringentes, 3. substâncias pungentes, 4. excesso de sal, 5. excesso de mostarda, e 6. alimentos amargos. 7. andar demasiado, 8. tomar banho antes do amanhecer, e 9. alimentar-se com frituras. Ele deve evitar: 10. roubar, 11. matar [até mesmo animais], 12. cultivar inimizades, 13. o orgulho, 14. a ambiguidade e 15. a desonestidade. Igualmente, deve evitar 16. jejuar, 17. mentir, 18. pensamentos alheios à libertação dos condicionamentos (mokṣa), 19. crueldade em relação aos animais, 20. dissipar a energia sexual, 21. ficar demasiado perto do fogo, 22. falar demais, sem medir as consequências das próprias palavras e, finalmente, 23. comer demais”. III:33.

Obstáculos para a prática

editar

“De fato, há muitos obstáculos, quase intransponíveis, na prática do Yoga. No entanto, o yogin deve persistir no sādhana correndo os riscos, até mesmo quando sua vida estiver em perigo [lit., quando “a vida estiver escapando pela garganta” (prāṇaiḥ kaṇṭhagatair api)]”. III:47.[4]

Referências

  1. James Mallinson (2007). The Shiva Samhita: A Critical Edition. [S.l.]: Yoga Vidya. pp. ix–x. ISBN 978-0-9716466-5-0 
  2. Ellen Goldberg (2002). The Lord Who Is Half Woman: Ardhanarisvara in Indian and Feminist Perspective. [S.l.]: State University of New York Press. pp. 57–59. ISBN 978-0-7914-5326-1 
  3. Kupfer, Pedro (24 de julho de 2005). «A visão do corpo no Hatha Yoga». yoga.pro.br. Consultado em 24 de janeiro de 2021 
  4. Kupfer, Pedro (28 de julho de 2005). «Śiva Saṁhitā , Capítulo I». www.yoga.pro.br. Consultado em 25 de janeiro de 2021 
  Este artigo sobre Hinduísmo é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.