Soyuz T-10a (também conhecida como Soyuz 7K-ST No.16L ou Soyuz T-10-1), foi uma missão mal sucedida da Soyuz com objetivo de visitar a estação espacial Salyut 7, ocupada pela Soyuz T-9. Entretanto, ela jamais terminou sua contagem regressiva; o foguete foi destruído por um incêndio na plataforma de lançamento no dia 26 de setembro de 1983. O sistema de escape no lançamento da Soyuz foi disparado seis segundos antes do veículo explodir, salvando a tripulação. Foi a primeira utilização do sistema de escape no lançamento com uma tripulação.[3][4]

Soyuz T-10a
Insígnia da missão
Soyuz T-10-1
Informações da missão
Sinal de chamada Okean
Operadora UNKS[1]
Foguete Soyuz-U[2]
Estação espacial Salyut 7
Espaçonave Soyuz T (7K-ST No. 16L)[2]
Número de tripulantes 2
Base de lançamento Baikonur 1/5
Lançamento 26 de setembro de 1983
19:37 UTC[2]
Baikonur
Aterrissagem 26 de setembro de 1983
19:42 UTC
Baikonur
Duração 5m 13sec[2]
Altitude orbital 950 metros (aborto no lançamento)
Imagem da tripulação
Titov e Strekalov
Titov e Strekalov
Navegação
Soyuz T-9
Soyuz T-10

Tripulação editar

 
Sequência de aborto.
Posição Cosmonauta[5]
Comandante   Vladimir Titov
Engenheiro de voo   Gennady Strekalov
Suplentes
Posição Cosmonauta[2]
Comandante   Leonid Kizim
Engenheiro de voo   Vladimir Solovyov

Eventos editar

 
A Soyuz escapa por pouco do desastre.

A tripulação estava na plataforma esperando o término do abastecimento do Soyuz-U antes do lançamento. Aproximadamente 90 segundos antes do lançamento, uma válvula defeituosa fez com que o gás de nitrogênio entrasse na turbo bomba RP-1 do propulsor do Bloco B. A bomba começou a girar, mas sem propelente, a velocidade de rotação rapidamente ultrapassou o seu limite projetado, fazendo com que ela se rompesse, causando um vazamento do RP-1 e iniciasse um incêndio que logo engoliu a base do veículo. Titov e Strekalov não podiam ver o que ocorria no exterior, mas sentiram vibrações estranhas e perceberam que algo estava errado.[6] O controle de solo ativou o sistema de escape, mas os cabos já estavam queimados e a tripulação nem podia ativar ou controlar o sistema. O comando reserva por rádio para disparar o sistema de escape requeria que dois operadores independentes um do outro recebessem comandos em separado e que reagissem em até 5 segundos, o que levou vários segundos para ocorrer. Então, os parafusos explosivos dispararam para separar o módulo de reentrada do módulo de serviço e a coifa superior da inferior. O motor do sistema de escape foi disparado, arrastando o módulo de habitação e de reentrada dentro da coifa superior, livres do foguete e numa aceleração entre 14 e 17g por cinco segundos. De acordo com Titov: "Sentíamos o foguete balançando. Então houve uma vibração repentina e uma sensação de agito quando o sistema de escape foi ativado".[7]

Pouco após a torre de escape afastar o módulo de reentrada, o foguete explodiu. Seus restos queimaram na plataforma por quase 20 horas. Quatro grid fins no exterior da coifa foram abertos e o módulo de reentrada separou-se do de habitação numa altitude de 950 metros, se separando da coifa. O módulo de reentrada descartou seu escudo térmico, expondo os retropropulsores sólidos e liberando um paraquedas de emergência. O pouso ocorreu 4 quilômetros da plataforma. Os dois tripulantes estavam gravemente feridos devido a aceleração, mas estavam também com boa saúde e não precisavam de nenhuma atenção médica.[3] Quando as equipes de resgate chegaram, eles logo pediram por cigarros para se acalmarem, além de receberem doses de vodka.[7]

O resultado imediato do evento foi a impossibilidade de substituir a Soyuz T-9 acoplada na Salyut 7. Isso fez com que a mídia sombriamente falasse sobre os cosmonautas abordo da Salyut 7 (que haviam chegado meses antes) estavam "presos" no espaço, incapazes de retornar. A TASS deu poucos detalhes, somente falando que houve um acidente na plataforma e que os cosmonautas foram resgatados pelo sistema de escape. Somente anos depois, durante a glasnot que a história completa do evento foi revelada ao mundo. Anos depois, numa entrevista ao History Channel sobre o voo, Titov alegou que a primeira ação da tripulação depois do disparo do sistema de escape foi o de desligar o gravador do cockpit, pois, de acordo com ele, "Estávamos xingando".[7]

Ver também editar

Referências editar

  1. «UNKS». Consultado em 14 de julho de 2021. Cópia arquivada em 15 de abril de 2021 
  2. a b c d e «Soyuz T-10A». Spacefacts. 4 de abril de 2021. Consultado em 14 de julho de 2021 
  3. a b «A brief history of space accidents». janes.com. 3 de fevereiro de 2003. Consultado em 20 de outubro de 2007. Cópia arquivada em 4 de fevereiro de 2003 
  4. «Astronauts escape malfunctioning rocket». BBC News. 11 de outubro de 2018. Consultado em 11 de outubro de 2018 
  5. Mark Wade. «Soyuz T-10-1». Encyclopedia Astronautica. Consultado em 21 de julho de 2019 
  6. Sanchez, Merri J. (Março de 2000). «A Human Factors Evaluation of a Methodology for Pressurized Crew Module Acceptability for Zero-Gravity Ingress of Spacecraft» (PDF). Houston, Texas: Lyndon B. Johnson Space Center. p. 8. Consultado em 20 de outubro de 2007. Arquivado do original (PDF) em 5 de outubro de 2006    Este artigo incorpora texto desta fonte, que está no domínio público.
  7. a b c Evans, Ben (28 de setembro de 2013). «"We Were Swearing!" Thirty Years Since Russia's Brush With Disaster». Consultado em 24 de janeiro de 2014 

Ligações externas editar

Precedido por
Abortos
Sucedido por
STS-51-L