Sudário de Oviedo

O Santo Sudário de Oviedo é uma relíquia da Igreja Católica mantida na Câmara Santa da Catedral de San Salvador, em Oviedo, principado das Astúrias, Espanha. É um pedaço rectangular de pano de linho manchado de sangue[1] que mede 85,5 × 52,6 centímetros[2]. Pensa-se que o Sudário de Oviedo (do latim: pano de suor) é o pano que foi enrolado em torno da cabeça de Jesus Cristo depois que Ele morreu, como descrito em João 20:6-7:

Sudário de Oviedo
Sudário de Oviedo
O Sudário de Oviedo
Exposto(a) atualmente Oviedo, Espanha
 Nota: Não confundir com Sudário de Turim.

Referências históricas

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A palavra sudário provém do latim "sudarium", que significa "pano de suor". Na Roma antiga referia-se a um pano para limpar a cara. Era um elemento usado em múltiplas cerimónias e rituais romanos, a partir dos quais foi incorporado na liturgia católica. No contexto judaico, refere-se a uma espécie de hábito que os homens usavam depois de casar, envolto na cabeça e geralmente usado para fazer sombra. [3] Os rituais funerários judeus incluem envolver o cadáver num ou mais pedaços de linho. No caso da Ressurreição de Lázaro, narrada no Evangelho de São João, é dito que as extremidades estavam atadas con pedaços de linho (em grego κειρίαις, keiriais) e que o seu rosto estava envolto num sudario.[4] No caso da ressurreição de Jesús é dito que foi envlvido em faixas aromatizadas, segundo o costume judaico de dar sepultura.[5]


O pano foi datado de cerca de 700 AD por datação por radiocarbono. No entanto, na mesma conferência em que esta informação foi apresentada, observou-se que, na realidade, o tecido tem uma história definitiva que se estende no passado a aproximadamente 570 DC. O laboratório observou que a posterior contaminação de óleo poderia ter resultado em uma datação tardia.[6]

A pequena capela que lhe serve de abrigo foi construída especificamente para o Sudáro pelo rei Alfonso II das Astúrias em 840 AD; A Arca Santa é um elaborado cofre relicário com um frontal de metal românico para o armazenamento do Sudário e outras relíquias. O Sudário é exibido ao público três vezes por ano: na Sexta-feira Santa, na Festa da Exaltação da Santa Cruz, a 14 de Setembro, e na sua Oitava a 21 de Setembro.

Contexto e história

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A arca que contém o Sudário de Oviedo.

O Sudário apresenta sinais avançados de deterioração, com manchas negras dispostas simetricamente mas sem formar uma imagem, ao contrário das marcas no Sudário de Turim. Este pano facial foi mencionado como estando presente no túmulo vazio em Jo. 20:6-7. Fora da Bíblia, este Sudário é mencionado pela primeira vez em 570 pelo peregrino de Placência, o qual refere que o Sudário era preservado na vizinhança de Jerusalém numa caverna perto do mosteiro de São Marcos (artigo do mosteiro em Inglês).

Presume-se que o Sudário tenha sido trazido de Jerusalém em 614, após a invasão das províncias Bizantinas pelo rei persa sassânida Khosrau II. Para salvar o Sudário da destruição durante a invasão, foi primeiramente levado para a Alexandria pelo presbítero Filipe, tendo sido transportado pelo Norte de África quando Khosrau II conquistou Alexandria em 616, chegando a Espanha pouco depois. O Sudário entrou em Espanha por Cartagena, juntamente com pessoas em fuga dos Persas. Fulgêncio, bispo de Ástigis (Écija), acolheu os refugiados e as relíquias, e deu a arca que continha o Sudário a Leandro, bispo de Sevilha. Este levou-a para Sevilha, onde permaneceu por alguns anos.

Em 657 foi levado para Toledo e, posteriormente em 718, para o Norte de Espanha para escapar aos avanços dos mouros. O Sudário ficou escondido nas montanhas das Astúrias, numa caverna de um monte conhecido como Monsacro, até que o rei Alfonso II em 840, tendo rechaçado os mouros, construiu em Oviedo uma capela para albergar o Sudário.

A 14 de Março de 1075, o rei Alfonso VI, a sua irmã e Rodrigo Diaz Vivar (O Cid) abriram a arca após vários dias de jejum. O evento foi registado num documento preservado nos Arquivos Capitulares da Catedral de San Salvador em Oviedo. O rei mandou cobrir de prata a arca de carvalho, com a seguinte inscrição: "O Santo Sudário de Nosso Senhor Jesus Cristo".

Referências

  1. Rodríguez Almenar 2000, p. 23.
  2. Rodríguez Almenar 2000, p. 22.
  3. Babylonian Talmud (Moed Katan 15a, y Eruvin 84b), onde a palavra aramaica usada para "hábito" é "suadeira" (en latín: sudarium) e que era levado normalmente pelos judeus com um gorro central conhecido em aramaico como "kumtha". Em Kiddushin 29b, onde há menções do Rabbi que se opunha a levar uma "suadeira" (hábito) na sua cabeça enquanto não estivesse casado, daí que a sua cabeça apenas estava coberta por um gorro. Cf. Smith, 1903, p. 364, s.v. sudarium.
  4. «Jo. 11:44». Consultado em 5 de Junho de 2021 
  5. «Jo. 19:40». Consultado em 5 de Junho de 2021 
  6. The Second International Conference on the Sudarium of Oviedo, Abril de 2007, acessado em 16 Jun 2013.
Bibliografia
  • Rodríguez Almenar, Jorge-Manuel (2000). El Sudario de Oviedo. [S.l.]: Ediciones Universidad de Navarra. ISBN 84-313-1807-4 

Ligações externas

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