Tentativa de golpe de Estado na Costa do Marfim em 2002
A tentativa de golpe de Estado na Costa do Marfim em 2002 foi um golpe de Estado fracassado na Costa do Marfim contra o governo de Laurent Gbagbo por facções dissidentes dentro das Forças Armadas Marfinenses que mergulhou o país numa guerra civil de vários anos que o dividiu em dois: o Norte controlado pelos rebeldes e o Sul controlado pelo governo.[1]
Tentativa de golpe de Estado na Costa do Marfim em 2002 | |||
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Data | 19 de setembro de 2002 | ||
Local | Costa do Marfim | ||
Desfecho | Início da Primeira Guerra Civil da Costa do Marfim
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Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Razões
editarOs motivos para a intentona golpista incluem frustrações relativamente à desmobilização de soldados instalados durante o governo do General Robert Guéï e conhecidos pela sua lealdade para com ele.[2] Embora muitos deles tenham partido conforme ordenado, eles se recusaram a entregar suas armas, aparentemente escondendo-as para a próxima tentativa de golpe.[2]
Desenrolar
editarEnvolvendo cerca de 800 soldados,[3] a tentativa de golpe começou na noite de 19 de Setembro de 2002, com as forças rebeldes a organizarem ataques a três cidades - Abidjan, Bouaké e Korhogo - e a conseguirem tomar o controle de Bouaké e Korhogo enquanto eram repelidas pelas forças governamentais em Abidjan.[4] Durante a batalha que durou um dia em Abidjan, o General Robert Guei, juntamente com grande parte da sua família, foi morto pelas forças governamentais sob a crença errada de que foi ele quem orquestrou o golpe.[4] As forças rebeldes esclareceram mais tarde que não tinham ligações políticas com o general.[4] Os rebeldes também mataram o ministro do Interior, Émile Boga Doudou, e atacaram a casa de Moïse Lida Kouassi. A villa de Alassane Ouattara foi incendiada e ele fugiu para a embaixada francesa em Abidjan em busca de refúgio.[5]
Consequências
editarNão conseguindo assumir o controle, as forças rebeldes recuaram para o Norte predominantemente muçulmano, onde conseguiram angariar amplo apoio entre a população local. O Norte, habitado por imigrantes de países vizinhos, era visto como estrangeiro e utilizado como bode expiatório para os problemas do país, causando uma sensação de marginalização e falta de representação por parte do governo baseado no Sul.[4] Denominando-se Movimento Patriótico da Costa do Marfim (MPCI), os objetivos declarados dos rebeldes eram capturar Abidjan, derrubar o governo e organizar novas eleições.[4] Entretanto, ao longo da fronteira com a Libéria, novos grupos rebeldes - denominados Movimento Popular Marfinense do Grande Oeste (MPIGO) e Movimento para a Justiça e a Paz (MPJ) - organizaram ataques e capturaram as cidades de Man e Danane, alegando lutar contra o regime de Laurent Gbagbo, a fim de vingar a morte do General Robert Guei.[4] Em dezembro de 2002, o MPIGO e o MPJ fundiram-se com o MPCI, formando as Forças Novas.[6]
Referências
- ↑ Momodu, Samuel (6 de agosto de 2018). «First Ivorian Civil War (2002-2007) •» (em inglês). Consultado em 17 de maio de 2024
- ↑ a b «Ivory Coast Revolt Foiled As Ex-Junta Leader Killed». Washington Post (em inglês). 24 de fevereiro de 2024. ISSN 0190-8286. Consultado em 17 de maio de 2024
- ↑ Staff (19 de setembro de 2002). «Minister killed in Ivory Coast clashes». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077. Consultado em 17 de maio de 2024
- ↑ a b c d e f «Ivory Coast Conflict - 2002». www.globalsecurity.org. Consultado em 17 de maio de 2024
- ↑ «Africa Confidential. Volume 43 Number 19. Published 27 September 2002». Africa Confidential (em inglês). 43 (19): 1–8. 27 de setembro de 2002. ISSN 0044-6483. doi:10.1111/1467-6338.00144
- ↑ «From Stability to Insurgency: The Root and Proximate Causes of the September 2002 Civil War in Cote d'Ivoire». FIU Digital Commons