Teoria do louco
A teoria do louco teve um papel importante na política externa de Richard Nixon, onde ele e sua administração tentaram fazer com que os líderes do bloco comunista pensassem que Nixon era irracional e inconstante. Segundo a teoria, os líderes então evitariam provocar os Estados Unidos, pois temeriam uma resposta americana imprevisível.
Nixon havia explicado ao seu chefe de gabinete, H. R. Haldeman, sobre a estratégia:
Eu a chamo de Teoria do Louco, Bob. Quero que os norte vietnamitas acreditem que eu chegaria ao ponto de fazer qualquer coisa para acabar com a guerra. Iremos somente dizer algumas palavras, "pelo amor de Deus, vocês sabem que Nixon está obcecado com o comunismo. Não poderemos contê-lo quando ficar com raiva — e ele tem a mão sobre o botão nuclear" e Ho Chi Minh estaria em Paris em dois dias implorando por paz.[1]
Em outubro de 1969, a administração Nixon indicou à União Soviética que o "louco estava solto" quando o exército Estados Unidos foi ordenado a ficar em prontidão para a guerra (sem o conhecimento da maioria da população americana) e bombardeiros armados com armas termonucleares sobrevoaram a fronteira soviética três dias consecutivos.[2]
A administração também empregou a "estratégia do louco" para forçar o governo norte vietnamita a negociar o fim da Guerra do Vietnã.[3] Na mesma linha, diplomatas americanos, especialmente Henry Kissinger, descreveram a Campanha do Camboja como um sintoma da suposta instabilidade de Nixon.[4]
Em 1517, Maquiavel argumentou que às vezes é "muito sábio simular loucura" (Discursos sobre a Primeira Década de Tito Lívio, livro 3, capítulo 2). No livro "Nixon's Vietnam War", Kimball argumenta que Nixon chegou nessa estratégia de forma independente, como resultado da experiência prática e pela observação da manipulação na Guerra da Coreia por Dwight D. Eisenhower.[5]
A teoria na atualidade
editarAtualmente, o comportamento da Coreia do Norte é visto por analistas como sendo muito racional, apesar de ser um Estado isolado e com um governo fraco, se comparado a outras potências, consegue manter seus inimigos afastados e controlados de acordo com seu interesse.[6][7][8]
Por outro lado, analistas acreditam que o presidente Donald Trump a tem utilizado para manter um certo cenário de imprevisibilidade em relação a Coreia do Norte.[9]
Ver também
editarReferências
- ↑ Haldeman, H. R. (1978).
- ↑ Carroll, James (2005-06-14).
- ↑ Robert D. Schulzinger (2002).
- ↑ Michael S. Sherry.
- ↑ David A. Welch (2005).
- ↑ «Análise: Coreia do Norte não está louca; ela está sendo racional demais». UOL Noticias. Setembro de 2016
- ↑ «Para analistas, Coreia do Norte não é louca, mas completamente racional». Folha de S.Paulo. Setembro de 2016
- ↑ Fisher, Max (2016). «North Korea, Far From Crazy, Is All Too Rational». The New York Times
- ↑ Lissardy, Gerardo (26 de Setembro de 2017). «O que é a 'Teoria do Louco' que Trump pode estar usando com a Coreia do Norte - e quais são seus riscos». BBC. Consultado em 4 de Outubro de 2017
Bibliografia
editar- Kimball, Jeffrey (24 October 2005), Did Thomas C. Schelling Invent the Madman Theory?, History News Network
- Sagan, Scott D.; Jeremi Suri (Spring 2003), "The Madman Nuclear Alert: Secrecy, Signaling, and Safety in October 1969", International Security, 27 (4): 150–183, doi:10.1162/016228803321951126, JSTOR http://www.jstor.org/stable/4137607
- Suri, Jeremi (March 2008), "The Nukes of October: Richard Nixon's Secret Plan to Bring Peace to Vietnam", Wired, 16 (3)