Teste de especificação de Hausman

O teste de especificação de Hausman é um teste estatístico utilizado em Econometria que avalia a consistência de um estimador comparado a um outro estimador alternativo. Com isso, este teste ajuda a verificar se o modelo econométrico é adequado aos caso que o economista está lidando.

O nome do teste é uma homenagem a Jerry A. Hausman, por seu artigo sobre o assunto[1].

Resultado geral editar

Suponha que, para descrever determinada situação econômica, o "verdadeiro" modelo seja:

 ,

onde y é uma matriz de dimensão nX1 que denota as n observações disponíveis da variável explicada, X é uma matriz nXK que inclui todas as n observações das k variáveis explicativas e   é uma amtriz nX1 do termo de erro [2]

Sejam dois estimadores   e   do vetor de parâmetros  . Sob a hipótese nula (ausência de correlação dos regressores com o termo de erro), os dois são consistentes e   é eficiente em relação a  . Sob a hipótese alternativa, ao contrário,   permanece consistente e   torna-se inconsistente. O teste de Hausman pode ser calculado da seguinte maneira[3]:

 ,

sendo "EVA(d)"=estimativa da variância assintótica de d". O número de graus de liberdade do teste J dependerão do contexto.

Exemplo com variáveis instrumentais editar

Num modelo econométrico qualquer, o economista pode não ter certeza se os regressores (variáveis explicativas) estão ou não correlacionados com o erro. Pode também não ter certeza se estes regressores foram mensurados com erro. Se não houver correlação nem erro de mensuração, é melhor utilizar mínimos quadrados ordinários que o estimador de variáveis instrumentais. No entanto, pela estimação pura e simples é impossível descobrir se há correlação entre os regressores e o erro, pois as equações normais produzem  . Por isso, Hausman propôs, em 1978, um teste alternativo. [4].

A lógica de Hausman é a seguinte: sob a hipótese nula (=ausência de correlação entre os regressores e o termo de erro), o econometrista tem em mãos dois estimadores consistentes para a matriz de parâmetros  : o estimador de mínimos quadrados ordinários   e o estimador de variáveis instrumentais  . Sob a hipótese alternativa, no entanto, somente um destes,  , é consistente. Portanto, a sugestão foi examinar a diferença   (o resultado desta diferença é um vetor), que converge em probabilidade para zero apenas sob a hipótese nula. Podemos testar esta hipótese usando o teste de Wald [4]:

 ,

sendo "EVA(d)"=estimativa da variância assintótica de d". A matriz de covariância necessária para este teste é

 ,

sendo Avar=variância assintótica e Acov=covariância assintótica O problema é que não temos uma expressão para o termo de covariância, e essa foi a grande contribuição de Hausman, pois o seu resultado permitiu que se prosseguisse no cálculo acima. Hausman descobriu o seguinte resultado:

"A covariância entre um estimador eficiente   de um vetor de parâmetros   e sua diferença de um estimador ineficiente   do mesmo parâmetro,  , é zero."[4]

Para o caso acima explicado,   é   e   é  . Pelo resultado de Hausman, temos:

 

Ou, o que é a mesma coisa,

 

Portanto

 

Inserir este resultado útil na estatística de Wald, temos:

 .

Sob a hipótese nula, estaremos utilizando dois estimadores diferentes, mas consistentes, da variância  . Utilizando a variância amostral   como um estimador comum, então a estatística será

 

Referências editar

  1. Hausman, J.A. (1978). Specification Tests in Econometrics, Econometrica, 46 (6), 1251–1271
  2. HAYASHI, Fumio. Econometrics. Princeton University Press, 2000. Página 7.
  3. GREENE, William H. Econometric Analysis. 5ª edição. Prentice Hall. ISBN 0-13-066189-9. Seção 5.5 (Hausman specification test and an application to instrumental variable estimation), p. 83.
  4. a b c GREENE, William H. Econometric Analysis. 5ª edição. Prentice Hall. ISBN 0-13-066189-9. Seção 5.5 (Hausman specification test and an application to instrumental variable estimation), páginas 80 e 81