Tropidophis paucisquamis

Tropidophis paucisquamis, ou também conhecido como jiboia-anã-brasileira, é uma serpente nativa do Brasil que habita regiões costeiras e montanhosas. Endêmica da Mata Atlântica, a espécie é rara de ser vista, devido ao seu diminuto tamanho.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaJiboia-anã-brasileira
Tropidophis paucisquamis
Tropidophis paucisquamis
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Reptilia
Ordem: Squamata
Subordem: Serpentes
Família: Tropidophiidae
Género: Tropidophis
Espécie: T. paudisquamis
Nome binomial
Tropidophis paucisquanis
Müller, 1901

Informações gerais editar

Tropidophis. paucisquamis é uma serpente de pequeno tamanho e com um corpo longo e vigoroso, fato que a levou a herdar o nome de “jiboia-anã-brasileira”. Seu corpo diminuto possuí coloração que varia do marrom ao cobre, diferenciando em tons mais claros ou escuros. Esta serpente tem hábitos noturnos, é vivípara e tem como presas principalmente pequenos anuros e lagartos. É encontrada em regiões montanhosas e costeiras na mata atlântica brasileira. [1]

Características morfológicas editar

Tropidophis paucisquamis é uma serpente com comprimento variando de 25 a 30 centímetros. Sua coloração dorsal varia entre tonalidades mais escuras e mais claras de marrom e cobre, tendo o ventre em cor creme. Assim como o ventre, a cauda também apresenta esta cor mais clara. Uma característica da espécie é possuir 21 ou 23 escamas dorsais, raramente 25, sendo a fileira vertebral alargada. As ventrais variam entre 164 a 183 escamas. A cabeça é triangular, mais longa que larga, evidentemente distinta do pescoço. Os olhos são grandes, tendo seu diâmetro maior que a metade da distância entre sua borda anterior e margem posterior da narina e cerca de um terço da largura da cabeça. O corpo possui manchas marrons de intensidade variada, sendo mais claras e/ou escuras. Encontra-se oito fileiras de manchas, sendo três pares no dorso e um par no ventre. A cauda as apresenta apenas nas laterais. Embora machos e fêmeas deTropidophis paucisquamis sejam bastante parecidos, há dimorfismo sexual, com machos possuindo uma cauda proporcionalmente mais longa que que a das fêmeas. [1]

Distribuição e comportamento editar

Tropidophis paucisquamis é uma serpente encontrada em regiões montanhosas e costeiras da mata atlântica do sudeste e sul do Brasil. Já foi encontrada em cinco estados brasileiros: Espírito Santo, Minas Gerais [2], Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná[3]. A altitude varia de 500 a 1350 metros. Dos locais citados pela literatura, destacam-se os seguintes ambientes: 1) Serra do Mar; 2) Serra da Mantiqueira; 3)Serra do Brigadeiro ; 4) Planalto Paulistano-Paranaense .

Por possuir hábito semi-arborícola, T. paucisquamis é encontrada em folhas na vegetação ou em agrupamento dessas folhagens no solo. Também é relatada uma alta associação com bromélias, um facilitador para encontrar sua principal presa: anuros. É relatado preferência por representes de Dendrophryniscus brevipollicatus por ser um anuro esguio e de movimentos mais lentos, além de apresentar associação com bromélias. Os jovens de T. paucisquamis são especializados em alimentar-se de jovens anuros devido as limitações dimensionais de seu corpo em desenvolvimento. É visto a tendência dessa serpente juvenil de buscar juvenis de D. brevipollicatus. Ainda assim esta serpente também se alimenta de pequenos répteis, como lagartos.

A captura desse alimento é feita assim como as demais jiboias: Tropidophis paucisqualis ataca com um bote e mata suas presas com constrição, enrolando-se e apertando o corpo do animal. Como estratégia, T. paucisquamis tem um comportamento de engodo caudal: ao balançar sua cauda no ar em movimentos ondulatórios, isto atrai a atenção de suas presas, facilitando o ataque[4].

Esta serpente torna-se mais letárgica a medida que aproxima-se do período da muda. Demonstra pouca motilidade e interesse por alimentos. Em contrapartida, próximas da mudança de pele, tornam-se mais ativas e buscam locais de atrito para a renovaçao o quanto antes. Em termos reprodutivos, são ovovivíparas assim como as demais Boidae americanas. [5]

É relatado um comportamento de defesa: ao identificar uma situação de perigo, T. paucisquamis rapidamente se enrola em uma espiral. [6]

Estado de conservação editar

De acordo com o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, Tropidophis paucisquamis é classificado como Menor Preocupação (LC). [7][8]

Referências

  1. a b Curcio, Felipe & Nunes, Pedro & Argolo, Antônio & Skuk, Gabriel & Rodrigues, Miguel. (2012). Taxonomy of the South American Dwarf Boas of the Genus Tropidophis Bibron, 1840, With the Description of Two New Species from the Atlantic Forest (Serpentes: Tropidophiidae). Herpetological Monographs. 26. 80-121. 10.2307/23325736.
  2. Oliveira, Leandro & Rocha, Pedro & Morais, Jonas & Feio, Renato. (2019). Range extension of the Brazilian dwarf boa Tropidophis paucisquamis (Müller, 1901) (Serpentes, Tropidophiidae) and first record in the State of Minas Gerais, Brazil. Oecologia Australis. 23. 10.4257/oeco.2019.2302.15
  3. Capela, Danilo & Morato, Sérgio & Moura-Leite, Julio Cesar De & Prado, Fernando & Borges, Gustavo & Argolo Camilo, Luiz. (2017). Tropidophis paucisquamis (Müller in Schenkel, 1901) (Serpentes, Tropidophiidae): first record from Paraná state and southern Brazil. Check List. 13. 917-920. 10.15560/13.6.917.
  4. Antunes, Andre & Haddad, Celio. (2009). Tropidophis paucisquamis - prey and caudal luring. Herpetological Review. 40. 104.
  5. CARVALHO A. L. 1951. Observações sobre “Tropidophis paucisquamis” (Muller, 1901). Revista Brasileira Biologia, 11(3), 239–248.
  6. Tanaka, Rafael & Muscat, Edélcio & Rotenberg, Elsie. (2018). Tropidophis paucisquamis (Müller in Schenkel, 1901) (Reptilia, Squamata, Tropidophiidae): notes on natural history and gap-filling record for lowland Atlantic Forest in Ubatuba, state of São Paulo, Brazil. Herpetology Notes. volume 11. 243-244.
  7. Silveira, A.L., Prudente, A.L. da C., Argôlo , A.J.S., Abrahão, C.R., Nogueira, C. de C., Barbo, F.E., Costa, G.C., Pontes, G.M.F., Colli, G.R., Zaher, H. el D., Borges-Martins, M., Martins, M.R.C., Oliveira , M.E., Passos, P.G.H., Bérnils, R.S., Sawaya, R.J., Cechin, C.T.Z & da Costa, T.B.G. 2019. Tropidophis paucisquamis. The IUCN Red List of Threatened Species 2019: e.T15202987A123737828. https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2019-2.RLTS.T15202987A123737828.en. Downloaded on 10 February 2021.
  8. Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção: Volume IV – Répteis /-- 1.ed.-- Brasília, DF: ICMBio/MMA, 2018.