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BERTRAND DE ROLS

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Bertrand de Rols nasceu por volta de 1520, na França. Foi introduzida ao cenário em um dos mais famosos julgamentos da Renascença, como esposa do infame Martin Guerre.

A obra de Natalie Zemon Davis, historiadora norte-americana, esclarece uma história já recontada ao longo dos anos após seu acontecimento, sua essência é a sociedade e a vida dos camponeses na França em pleno século 16, um tema pouco explorado e de escassas fontes literárias. Intrigada por seu ótimo enredo, assim como o juiz Jean de Coras presente no caso e que construiu a narrativa inicial, Natalie Zemon mostra uma forma diferente de falar sobre o passado.

A história começa em 1540 quando um camponês rico abandona sua mulher, filho e propriedades e durante anos não houve notícias suas. Após certo período ele retorna, ou é isso que todos pensam, mas depois de três ou quatro anos de agradável casamento por conta de uma briga familiar a esposa tende a dizer que foi enganada por um impostor e leva-o a julgamento. A corte é quase convencida de que o réu presente é de fato Martin Guerre, porém no final o verdadeiro Martin Guerre retorna.

Sua Vida/Casamento

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Bertrand era membro da abastada família de Rols. Sua história se inicia como a de todas as mulheres camponesas da época. Já quando criança é introduzida aos trabalhos da roca e outros considerados de caráter feminino. Normalmente, assim como na família de Bertrand, as moças ajudavam a cuidar da casa até se casarem. O funcionamento do mundo camponês estimulava as qualidades omésticas e agrícolas da·esposa, como também sua habilidade em manobrar os homens. Ao que os dados[1] de pesquisa correspondem Bertrand se casou em 1538, aos 12 anos com Martin Guerre. Os Rols e os Guerre demonstravam ansiedade por uma aliança. "grande é o desejo, não só entre os grandes senhores, mas também entre as pessoas comuns, de casar cedo seus filhos para ver continuar neles sua posteridade.’’[1]

O dote da jovem Bertrand de Rols provavelmente consistiu em um pagamento à vista entre 50 e 150 libras, quantia generosa para os padrões rurais e um vinhedo posteriormente anexado aos bens dos Guerre. As bodas foram celebradas na igreja de Artigat, onde estava enterrado o avô de Bertrand, entre outros antepassados. O jovem casal foi morar na residência dos Guerre, como mandava a tradição. Esperava-se que os casais logo tivessem filhos, mas o casamento de Bertrand não foi consumado. Se o casamento não fosse consumado após três anos, poderia ser desfeito e a mulher estaria livre para se casar novamente. A família de Bertrand a pressionou para se separar, mas ela resistiu. O juiz Coras disse que este ato dava grande prova da honestidade de Bertrand. Após 8 anos de casamento, Bertrand deu à luz ao primogênito Sanxi. Logo após tornar-se mãe, seu marido Martin some sem deixar explicações. Bertrand não podia mais ser considerada casada, tão pouco viúva, pois a lei só permitia que a mulher se casasse de novo se houvessem provas da morte do cônjuge. Bertrand optou por voltar a viver com sua mãe.

No verão de 1556, um homem se apresentou dizendo ser Martin, o marido de Bertrand que havia retornado.

Natalie Zemon Davis questiona se Bertrand sabia que o homem que se apresentava a ela era um impostor, mas depois afirma que ela deve ter descoberto a verdade e mantido o segredo.

Bertrand passa três tranquilos anos com seu ‘’novo Martin’’. O casal teve duas filhas, das quais uma sobreviveu, recebendo o nome de Bernarde.

Após desentendimentos sobre os bens da família, os Guerre ficam contra o marido de Bertrand e tentam convencê-la a processar o impostor. Com a recusa e Bertrand, Pierre Guerre obteve em nome de Bertrand a autorização para a abertura de um inquérito sobre o homem que se dizia chamar Martin Guerre e sua imediata prisão.

Na época do julgamento

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Bertrand estava em profunda aflição já que fora obrigada a voltar ao lar de sua mãe e Pierre por seu marido Martin Guerre estar preso esperando julgamento.

Bertrand sabia das consequências de ser pega na mentira e procurava modelar uma forma de sair ilesa de toda esta situação e desejava que para o seu filho e herdeiro, fosse uma boa esposa e mãe de família, mas se indagava se Deus iria puni-la pela sua mentira. Se o seu casamento não passasse de uma invenção aos olhos de sua mãe e de todas as mulheres da região ela seria uma esposa adúltera, um objeto de escândalo. Sabia que precisava ajudar o novo Martin depois que ele foi à prisão, porém tinha medo de ser retalhada. Bertrand estava com medo,era difícil sobreviver e enfrentar tudo e todos nesse mundo de homens, porém deu seu depoimento e desempenhou com maestria seu papel para proteger o prisioneiro.

Durante o julgamento ocorreu o retorno do verdadeiro Martin Guerre. O impostor Arnaud du Tilh foi condenado à morte e Bertrand não foi processada.

Pode-se dizer que aos poucos a vida deles foi tomando rumo e com Martin aleijado não poderia se tornar tão queixoso, pois precisava de alguém que cuidasse dele e já Bertrand não poderia viver de lembranças, pois não queria ser recordada de seu adultério, sendo humilhada por conta dos costumes da época. Após a reconciliação, Bertrand teve mais dois filhos com Martin, Gaspard e Pierre. O fato é que o interesse de um juiz pela história do réu tornou possível o registro de uma época diferente por uma visão diferente.

Representações na cultura

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  1. Bertrand é a personagem principal do livro La Mujer de Martin Guerre, da escritora Janet Lewis Acessado em 6 de setembro de 2019.
  2. Ela foi interpretada no cinema pela atriz Natalye Baye em O Retorno de Martin Guerre.
  1. a b DAVIS, Natalie (1987). O Retorno de Martin Guerre. [S.l.]: Paz e Terra. 33 páginas 


Bibliografia

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Baseada no livro de Natalie Zemon Davis. Davis, Natalie Zemon. O Retorno de Martin Guerre. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

Ligações externas

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[1]

  1. «L'affaire Martin Guerre». justice.gouv.fr. Consultado em 22 de novembro de 2019