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Wilma Martins Morais (Belo Horizonte, 1934) é uma pintora, gravadora, desenhista e figurinista brasileira. Ela é mais conhecida por sua coleção Cotidianos (1975-1984), que consiste de pinturas e desenhos de lugares comuns (o banheiro, a cozinha, a biblioteca) sobrepostos por elementos da natureza, como animais, matos ou florestas.
Vida
editarWilma Martins iniciou seu estudo artístico em 1953 em Belo Horizonte, na Escola Guignard, e teve entre seus instrutores o pintor Alberto da Veiga Guignard, o escultor Franz Weissmann, a gravadora Misabel Pedrosa e o crítico de arte Frederico Morais.[1] Já em 1954 ela começa a ter suas obras exibidas em coleções coletivas, tanto nacional quanto internacionalmente, e em 1960 tem sua primeira exposição individual, realizada na Biblioteca Thomas Jefferson, em Belo Horizonte, onde exibe 16 desenhos e 10 xilogravuras de insetos, plantas e casa.[2]
Durante a década de 1960, Wilma passa a trabalhar como diagramadora do jornal Estado de Minas, da revista Alterosa, de Belo Horizonte, e da revista Jóia, do Rio de Janeiro.[3] Além disto, ela também ajuda na criação de figurinos, desenhando roupas para o Balett Klauss Vianna e o Teatro Universitário, de Belo Horizonte.[3] No início da década de 1960, Wilma se casa com seu antigo professor e crítico de arte, Frederico Morais, de quem permanece cônjuge até hoje.[4] Teve uma breve passagem pela vida acadêmica em 1965, quando lecionou desenho na então chamada Universidade Mineira de Arte.[5] Em 1966 ela passa a residir na cidade do Rio de Janeiro, e no ano seguinte expõe pela primeira vez na Galeria Goeldi, na qual exibe 14 xilogravuras.[2]
Ao longo dos anos ela continuou a focar na gravura em madeira, mas também praticou desenhos e pinturas.[1]
Exposições
editarAo longo dos anos ela teve parte em várias exposições de arte, incluindo a Bienal Internacional de Arte de São Paulo, da qual foi parte seis vezes (1963, 1965, 1967, 1975, 1994 e 2016), sendo que recebeu o Prêmio Itamaraty pelo trabalho exposto durante a 9ª edição, no ano de 1967.[1] Wilma também participou de múltiplos anos do Panorama de Arte Atual Brasileira, do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), utilizando técnicas diferentes: em 1971 ela expôs xilogravuras, em 1974 apresentou desenhos feitos com bico de pena em ecoline, e em 1976 exibiu pinturas feitas com vinil e acrílico.[2]
Coleção Cotidiano
editarWilma Martins começou a trabalhar na coleção Cotidiano em 1975, utilizando a início nanquim e aquarela para seus desenhos, e passando mais tarde para a pintura acrílica, sendo que estas obras passavam por estágios diferentes de desenvolvimento, com algumas vindo de esboços de pinturas, e outras sendo desenvolvidas diretamente na tela.[2][6] As obras desta coleção focam em elementos do cotidiano, cômodos ordinários de uma casa, como o banheiro, a cozinha ou a sala de estar, sendo que estes elementos aparecem em cores fracas e com pouca visibilidade. Sobre o elemento cotidiano são sobrepostos animais, selvagens ou domésticos, rios, matagais ou até mesmo florestas, com cores vivas.[1]
Em um livro sobre a arte contemporânea brasileira, o crítico Ferreira Gullar elogia os traços da artista, comparando-os aos de Henri Matisse e Pablo Picasso. Gullar comenta sobre a ausência de pessoas nestas obras de Wilma, e como no seu lugar estão animais como hienas, elefantes ou antílopes, como "as gavetas se enchem de água, a vegetação se derrama entre os móveis, sapatos e vassouras."[7] Para ele, o uso do branco-e-preto para os elementos cotidianos ajuda a ressaltar os outros elementos. Ele ainda comenta sobre a distanciação da artista de suas obras, evidenciada pela assinatura, que aparece "como se fosse a marca do fabricante" ao invés da assinatura de um pintor.[7]
Prêmios
editar- 1955, 1956, 1966, prêmios em pintura no Salão de Belas Artes da Cidade de Belo Horizonte.
- 1966, prêmio aquisição na Bienal Nacional de Artes Plásticas de Salvado. [5]
- 1967, Prêmio Itamaraty – em reconhecimento a quatro xilogravuras que a artista produziu e expôs na Bienal Internacional de Arte de São Paulo.
- 1976, Prêmio Museu de Arte Moderna de São Paulo, na categoria pintura – pela peça Cotidiano XVI. [2]
Referências
- ↑ a b c d Piccoli, Valéria. «Arquivo digital: Wilma Martins». Hammer Museum. Consultado em 25 de maio de 2020
- ↑ a b c d e «Enciclopédia Itaú Cultural: Wilma Martins». Itaú Cultural. Consultado em 25 de maio de 2020
- ↑ a b «Artista visual Wilma Martins lança livros na EAV Parque Lage, no Rio». Funarte. 19 de maio de 2015. Consultado em 25 de maio de 2020
- ↑ «Aluna de Guignard, Wilma Martins celebra 80 anos de vida e 60 de carreira». Hoje em Dia. 15 de março de 2014. Consultado em 25 de maio de 2020
- ↑ a b «MARTINS, Wilma». www.brasilartesenciclopedias.com.br. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ «Wilma Martins». 32ª Bienal de São Paulo. Consultado em 25 de maio de 2020
- ↑ a b Gullar, Ferreira. Arte contemporânea brasileira. São Paulo: Editora Lazuli, 2017.