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Sociedade do Espelháculo é um termo criado pelo psicólogo brasileiro Cristian Stassun, em 2014[1], para representar comportamentos de sujeitos com a criação de redes sociais na internet iniciados com o Facebook desde 2004. O dispositivo Facebook Gadget, como uma das máquinas antropológicas mais evidentes na atualidade, fez emergir um conjunto de governos sobre as informações, as circulações e o desejo, que potencializam os modos de ser do sujeito a configurar uma nova conjuntura social, a “Sociedade do Espelháculo”.

O Espelháculo representa um conjunto de governos exercidos pelos dispositivos de redes sociais gerando estímulos, revelações, visibilidade, produção de comportamentos, controle de circulação e de privacidade em 2,5 bilhões de pessoas no mundo ligadas pela internet. O nome Espelháculo resume o regime do saber, poder e subjetividade exercido por empresas de redes sociais que agenciam nos usuários o que Foucault (2010)[2] chama de "modos de ser". Esse agenciamentos criam modelos de sujeitos que querem ser curtidos, ser compartilhados, ser localizados e atualizados constantemente.

Selfie feito até no espaço. ‘Digo X’: Hopkins se fotografa; o colega de missão, Rick Mastracchio, pode ser visto pelo visor de seu capacete - Reuters/Nasa

Os três eixos de governabilidade do Espe-lhá-culo são os conceitos: “Espetáculo” de Debord (1967)[3] para representar o espetáculo de informações, intimidades e minerações dos bancos de dados feitos na rede, a exemplo do que é feito na Timeline do Facebook; o “Oráculo[2] para significar os dispositivos de vigilância e visibilidade das circulações agenciadas pelo panóptico virtual, e os algoritmos que controlam os fluxos de ações dos usuários, com exemplo o controle de geolocalização em gadgets (smarthphones, tablets, notbooks) e a circulação dentro dos layouts dos sites; e o “Espelho[4] representar o estado de performance que os usuários tentam expressar com uma orgia de um “eu” online, que reflete em confissões e escritas de si[5], exposição do corpo e fabricação de uma identidade potencializada pelo espelho, com a visão que o sujeito tem de si mesmo, exemplificado pelo Selfie.

O resultado dessa Sociedade é o “espetáculo” de si mesmo, o “oráculo” que prevê como o sujeito deve ser entre os outros usuários e o “espelho” que se reprojeta para um espectro melhorado do “eu”, mais próximo do modelo agenciado pelo dispositivo.

A acumulação dessa práticas de si recebe uma noção de futuro da exacerbação da beleza, o domínio do estético, a superficialidade das relações, o “eu” online superando a importância do “eu” off-line nas lutas pela manutenção do belo, no esvaziamento dos desejos e na dominação dos dispositivos de virtualização e de governo da vida humana[1]. [[Categoria:Michel Foucault]] [[Categoria:Ciências Humanas]] [[Categoria:Redes Sociais]] [[Categoria:Gadgets Eletrônicos]] [[Categoria:Dispositivo de Governo]]

  1. a b Stassun, C. C. S. (2014). Sociedade do Espelháculo: Facebook Gadget como dispositivo de governo das informações, das circulações e do desejo. Tese de Doutorado na Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC.
  2. a b Foucault, Michel (2010). O governo de si e dos outros. São Paulo: Martins Fontes. ISBN 9788578273217 
  3. Debord, Guy (2003). A Sociedade do Espetáculo. [S.l.: s.n.] ISBN 9788585910174 
  4. Agamben, Giorgio (2007). Profanções. São Paulo: Boitempo. p. 46. ISBN 9788575590935 
  5. Foucault, Michel (2009). A escrita de si. In: O que é um autor?. Lisboa: Nova Vega. ISBN 978-972-699-303-2. Verifique |isbn= (ajuda)