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Desenvolvimento de cliente

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Desenvolvimento de cliente (em inglês: Customer Development) é uma metodologia para desenvolvimento de modelos de negócios criada por Steven Blank que é mais voltada para o contexto de uma startup, que usa o método científico para o desenvolvimento desse modelo. Ela considera que o problema e a solução proposta são hipóteses, que precisam ser validadas, estudadas e renovadas, tudo isso em ciclos.

História

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A metodologia de Desenvolvimento de Cliente foi criada por volta de 1990, por Steven Gary Blank que é um empreendedor do Vale do Silício. Ela foi descrita em 2005, no livro The Four Steps to the Epiphany: Successful Strategies for Products that Win, onde ele mostra o contexto incerto de uma startup em relação a uma empresa com mercado definido e que devido a isso, o modelo “Product Development”, tradicionalmente usado para desenvolvimento de modelos de negócios não se aplica muito bem as startups. Essa metodologia também foi de extrema importância para o desenvolvimento da base da iniciativa Learn Startup que é um conceito introduzido por Eric Ries e hoje é muito usado por startups e também por grandes empresas.

Conceito

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Muitas startups tem uma ideia, propõem uma solução e definem seu modelo de negócios baseado em suposições que elas tem do mercado. Mas nem sempre as suas suposições são as mais adequadas, e dessa forma elas somente descobrem isso durante o lançamento do produto. O Desenvolvimento de Cliente considera que tudo definido no problema e na solução são apenas hipóteses que precisam ser testadas, validadas e renovadas. E que através de uma validação no mercado, é possível que a ideia inicial seja completamente modificada. Então esse modelo propõe um processo iterativo e ao mesmo tempo paralelo ao desenvolvimento do produto, criando um plano de negócios cada vez mais voltado à necessidade real do cliente e diminuindo assim o risco do produto não ser aceito no mercado.

Etapas do Desenvolvimento do Cliente

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O modelo de Desenvolvimento do Cliente é composto por quatro etapas: Descoberta do Cliente, Validação do Cliente, Criação do Cliente e Construção da Empresa. As duas primeiras são voltadas para busca de um mercado, onde é analisado quem é o seu cliente e o que realmente ele precisa. As duas últimas buscam o crescimento do seu produto, é nessa fase com um modelo mais estável e próximo do mercado que foi construído anteriormente que se deve focar na execução e implantação dos investimentos.

Descoberta do cliente (Customer Discovery)

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Essa é a fase de descoberta de quem são os seus clientes, se aquele é realmente um problema relevante para eles e se a sua solução se adequa a necessidade deles. Antes de se gastar muito investimento e tempo desenvolvendo o produto sem nem ter a certeza que ele vai ser aceito, pode ser apenas desenvolvido paralelamente um MVP (Minimum Viable Product: Produto mínimo viável) para que seja mais fácil de validar o seu produto com seus potenciais clientes. Essa fase é um ciclo, que só deve ser terminado quando se tiver a certeza que o seu produto realmente resolve o problema de alguém.

Validação do Cliente (Customer Validation)

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Essa é a fase onde o plano de negócios é realmente testado. Ao fim dela, deve se saber se o seu cliente descoberto na fase anterior vai comprar o seu produto. É uma fase que valida o processo de vendas e marketing, onde tudo pode mudar, inclusive o cliente. Caso isso venha a acontecer, deve-se voltar para a etapa de Descoberta do Cliente onde um novo cliente vai ser analisado. Essa volta para a etapa anterior é conhecida como Pivô. Essa fase também é um ciclo de adaptação e melhoramento do plano de negócios.

Criação do cliente (Customer Creation)

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Nessa fase é buscada uma maior demanda para a parte de vendas. Nela que se torna importante a busca por mais investimento e a definição de que tipos de mercados a startup irá participar. Esses mercados devem ser bem definidos e em cada um deles, estratégias de competição, análises de concorrência e análise de riscos devem ser definidos.

Construção da Empresa (Company Building)

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Nessa fase, a empresa sai do estado de aprendizado para o estado de execução. Entrando realmente no mercado. E buscando sempre um plano de crescimento.

Modelo de Desenvolvimento de Produto x Modelo de Desenvolvimento do Cliente

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A metodologia de Desenvolvimento de Produto possui algumas fases bem definidas: plano de negócios, desenvolvimento do produto, período de beta test e finalmente o lançamento. Seguindo essas fases, as questões acerca da venda e opinião do cliente são vistas apenas na última etapa, a de lançamento, onde o produto já está pronto e testado. Esse ponto é muito discutido por Blank quando compara o modelo de desenvolvimento de produto ao modelo de desenvolvimento do cliente. O contexto de uma startup é diferente de uma empresa já definida no mercado. Para uma startup, o mercado é novo, desconhecido e ainda não se sabe se a sua proposta inicial é realmente o que seu cliente precisa, logo o seu plano de negócios é baseado em hipóteses que dificilmente vai de acordo com as necessidades dos clientes. Dessa forma, o empreendedor só vai descobrir o seu erro no lançamento do produto. Muitas startups falham seguindo o desenvolvimento de produto e acreditando que seu plano de negócio já está completo. Elas se colocam numa postura de execução, focando no desenvolvimento do produto e acreditando que tudo vai dar certo na fase de lançamento. Essa situação piora quando existe um capital de ventura no meio. A startup gasta todo o seu dinheiro baseado no que foi planejado no plano de negócios, mas o problema ocorre quando o mercado não aceita o produto da forma como tinha sido planejado inicialmente. Ela fica sem tempo para descobrir onde o erro ocorreu no planejamento e sem dinheiro para se recuperar. Blank considera que dessa forma a startup pode entrar na espiral da morte. Outro ponto discutido é a importância da entrada de capital para o sustento de uma startup. O ideal é que o desenvolvimento do plano de negócios ocorra em paralelo com o desenvolvimento do produto, dessa forma, a empresa pode se adaptar à necessidade do cliente, mas ao mesmo tempo possuindo algo para se sustentar. Para Blank, o modelo de desenvolvimento de produto se adequa ao caso onde o problema e a solução são estáveis e conhecidos o que é o caso de muitas empresas e até algumas startups. Mas no geral para as startups, é necessária uma maior flexibilidade no desenvolvimento do plano de negócios e principalmente uma maior interação do cliente. Para que as hipóteses criadas inicialmente se adequem a situação real do mercado, dessa forma, evitando que os erros sejam descobertos no final e o seu produto seja apenas mais um, sem um cliente.

Princípios do desenvolvimento de clientes

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Blank, no seu livro The Startup Owner’s Manual escrito juntamente com Bob Dorf, listou uma série de princípios do Desenvolvimento de Clientes. Para ele, são princípios que os empreendedores nunca devem esquecer:

  • Não existem fatos dentro do seu prédio, então saia.
  • Combine Desenvolvimento de Cliente com Desenvolvimento Ágil.
  • O fracasso é parte integrante da busca pelo seu modelo de negócio.
  • Se você tem medo de fracassar, então você está destinado a fazê-lo.
  • Interações e Pivôs são dirigidos por conhecimento.
  • Valide suas hipóteses com conhecimentos.
  • Sucesso começa com investidores e co-fundadores comprando a sua ideia.
  • Nenhum plano de negócios sobrevive ao primeiro contato com clientes.
  • Nem todas as startups são iguais.
  • Métricas de startups são diferentes das de empresas existentes.
  • Concordem no tipo de mercado – isso muda tudo.
  • Tomada de decisões rápida e sem medo, tempo de ciclo, velocidade e ritmo.
  • Se isso não é sobre paixão, você está morto no dia que abrir as portas.
  • Títulos e funções em uma startup são muito diferentes de uma companhia.
  • Preserve o dinheiro enquanto está procurando. Depois que encontrar, gaste.
  • Comunique e compartilhe aprendizado.
  • As startups precisam de conforto com o caos e a incerteza.