Usuário(a):Gabriela Zacante Santos/Potencial evocado auditivo de tronco encefálico

Peate em menores de 18 meses

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Introdução

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A audição é um dos sentidos fundamentais para o ser humano, pois é por meio dela que se desenvolve a habilidade da comunicação.[1] O diagnóstico das alterações auditivas aos três meses e intervenção precoce permite que a criança apresente adequado desenvolvimento global quando comparado a crianças sem alterações auditivas. Além de o desenvolvimento de linguagem ser significativamente melhor quando há a identificação precoce de perda auditiva e quando a intervenção ocorre até os seis meses de idade da criança. [2][3]

A Triagem Auditiva Neonatal (TAN) possibilita a detecção de alterações auditivas e posterior intervenção em um período precoce. O teste é simples, rápido e não invasivo e deve ser realizado nos primeiros dias de vida do neonato e no máximo no primeiro mês de vida. Se for detectada alguma alteração, devem ser realizados outros procedimentos para avaliação audiológica, como a utilização Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (PEATE). [4]

O PEATE tem como objetivos principais identificar alterações no nervo auditivo e tronco encefálico além de estimar o limiar auditivo eletrofisiológico. [5][6]Autores relatam que o PEATE sofre influência da maturação auditiva e que os achados deste em crianças nos primeiros meses de vida podem diferir das crianças a partir dos 18 meses. [7][8]

Efeitos da Idade

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Observam-se mudanças importantes nas latências das ondas dos PEATE em função do processo de maturação das vias auditivas de tronco encefálico, que continua a ocorrer após o nascimento. Essas mudanças ocorrem nos recém-nascidos a termo e, principalmente, no recém-nascido prematuro. Durante o primeiro ano de vida, mudanças significativas continuam ocorrendo nas latências dos potenciais e mudanças discretas ocorrem no limiar eletrofisiológico. Até o final do segundo ano de vida em crianças nascidas a termo, os valores de latência e limiares comparam-se aos do adulto. [9]

A maturação do sistema auditivo ocorre em duas fases, primeiramente ocorre na vida intrauterina até por volta do sexto mês de gestação quando há a maturação das vias auditivas periféricas e até os 18 meses de idade quando há a maturação das vias auditivas do sistema nervoso central até o tronco encefálico.[10][11]As latências absolutas diminuem com o avanço da idade atingindo a maturidade por volta dos dois meses para a onda I e 18 meses para a onda V.[12]As medidas de latência das ondas do PEATE tiveram uma correlação inversa com a idade, uma vez que com o passar dos meses foi verificada uma diminuição nos valores de latência.[13][14]

Crianças Nascidas Atermo

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Um recém-nascido a termo tem onda V com latência ao redor de 7,0ms e no registro aparecem somente as ondas I e V. Com três meses de idade nota-se que a onda III já está presente. Entre um ano e um ano e meio de idade os resultados dos potenciais evocados são iguais aos obtidos em adultos. Os critérios de normalidade do limiar eletrofisiológico em crianças diferem em função da idade. Em crianças com quatro meses de idade, o limiar eletrofisiológico esperado é de 20dB. [15][16]

Crianças Nascidas Pré-termo

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As respostas obtidas em crianças são influenciadas pela maturação auditiva. Em neonatos pré-termo deve-se utilizar parâmetros diferentes dos considerados para os a termo. A análise dos resultados dos PEATE em crianças não deve ser somente em relação ás respostas morfológica das ondas e os parâmetros de latências, mas também deve-se considerar as mudanças de respostas de acordo com o crescimento da criança. O tempo de condução central, representado pelo intervalo interpico I-V, é muito aumentado nas crianças pré-termo. Ponderaram que tal fenômeno é relacionado com a maturação das vias auditivas ao nível do sistema nervoso central, principalmente a mielinização das fibras auditiva que é incompleta. [10]

Referências

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  1. BENTO, D. V. Avaliação audiológica do paciente candidato ao uso de AASI. In: COSTA FERREIRA, Maria Inês Dornelles. (Org.). Reabilitação auditiva: fundamentos e proposições para a atuação no Sistema Único de Saúde (SUS). Ribeirão Preto: Book Toy, 2017. p. 157-171.
  2. YOSHINAGA-ITANO, C; APUZZO, M. Identification of hearing loss after age 18 months is not early enough. American Annals of the Deaf, v. 143, n. 5, p. 80-87, 1998.
  3. YOSHINAGA-ITANO, C.; DOWNS, M. The efficacy of early identification and intervention for children with hearing impairment. Pediatric Clinics of North America, v. 46, p. 79-87, 1999.
  4. 4. LOPES, B. M. Avaliação da idade de realização do Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico em crianças encaminhadas da Triagem Auditiva Neonatal. 2018. 64 p. Dissertação (Mestrado em Ensino na Saúde) - Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Porto Alegre, 2018.
  5. ESTEVES, M.C.B.N.; DELLARINGA, A. H. B.; ARRUDA, G. V.; DELLARINGA, A. R; NARDI, J. C. Estudo das latências das ondas dos potenciais auditivos de tronco encefálico em indivíduos normoouvintes. Braz J Otorhinolaryngol. 2009; 75: 420-5.
  6. JIANG, Z. D.; BROSI, D. M.; LI Z. H.; CHEN, C; WILKINSON, A. Brainstem auditory function at term in preterm babies with and without perinatal complications. Pediatr Res. 2005; 58: 1164-9.
  7. JIANG, Z. D.; WILKSON, A. R. Does peripheral auditory therestold correlat with brainsteam auditory function at term in preterm infants? Acta Oto-laryngol. 2006; 126: 824-27.
  8. KARPIJOKE, E; JAASKELAINEN, S. Neonatal brainstem audiometry with standard neruphisiological auditory evoked potential recording in small premature babies. 8th Congress of International Organization of Societies for eletrophisiological Technology (OSET) proceeding.
  9. SOUSA, L. C. A.; et al. Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (PEATE). In: SOUSA, Luiz Carlos Alves de; et al. Eletrofisiologia da audição e emissões otoacústicas: Princípios e aplicações clínicas. 2ª ed. Ribeirão Preto: Novo Conceito, 2010. p. 51-52.
  10. a b 10. Sleifer, P; Costa, S. S.; Cóser, P.L.; Goldani, M. Z; Dornelles, C.; Weiss, K. Auditory brainstem response in premature and full-term children. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2007; 71: 449-56.
  11. 1. Hall III J. W. Handbook of auditory evoked responses. Boston: Allyn and Bacon; 1992.
  12. Cristobal, R; Oghalai, J. S. Hearing loss in children with very low birth weight: current review of epidemiology and pathophysiology. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 2008; 93: 462-
  13. Ribeiro, F. M.; Chapchap, M. J. Potencial evocado auditivo de estado estável em recém nascidos de risco. Anais do 19º Encontro internacional de Audiologia; 2004 abr 016; Bauru-SP.
  14. ROMERO, A. C. L. et al. Potencial evocado auditivo de tronco encefálico em crianças encaminhadas de um programa de triagem auditiva neonatal. Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., Recife, 12 (2): 145-153 abr. / jun., 2012
  15. Turner, A. J.; Hick, P. E. (15 de setembro de 1975). «Inhibition of aldehyde reductase by acidic metabolites of the biogenic amines». Biochemical Pharmacology (18): 1731–1733. ISSN 0006-2952. PMID 16. doi:10.1016/0006-2952(75)90016-7. Consultado em 10 de agosto de 2022 
  16. Hood, L. J. Clinical Applications of the auditory brainstem response. San Diego, London. Singular publishing group, Inc.;1998.p.12-142.