Usuário(a):Jorcalmon/Jorge Calmon Moniz de Bittencourt

Jorge Calmon Moniz de Bittencourt (Salvador, 7 de julho de 1915 — Salvador, 18 de dezembro de 2006) foi um jornalista brasileiro,
advogado, historiador, escritor, deputado estadual, secretário estadual, professor, acadêmico e Ministro do Tribunal de Contas da Bahia.
Foto de Jorge Calmon Moniz de Bittencourt

Aos 19 anos, ainda estudante universitário, começou a carreira de jornalista no jornal A TARDE, como repórter e, ao longo de 61 anos de atividade no jornal, galgou os cargos de Secretário da Redação, Redator-Chefe e Diretor Redator-Chefe. Em 47 anos de comando da redação do jornal, não faltaram oportunidades para liderar campanhas vitoriosas, como a que se posicionou contra a divisão territorial da Bahia ou a que defendeu a criação da Petrobrás. Sob seu comando, A TARDE noticiou os principais fatos do século XX, como o Estado Novo, as constituições de 37, 46, 67 e 88, a redemocratização brasileira após a 2a. Guerra Mundial, o suicídio de Getúlio Vargas, o golpe militar de 64, a anistia, o movimento pelas diretas, as Copas do Mundo de futebol de 58, 62, 70 e 94, encerrando sua carreira no jornal, voluntariamente, em 1996, aos 81 anos, quando Fernando Henrique Cardoso exercia o primeiro mandato como Presidente da República.

Foi um profissional exemplar da imprensa e um baluarte da liberdade de imprensa. Nomeado pelo Presidente Juscelino Kubitschek, participou do Grupo de Trabalho que estruturou a Agência Brasileira de Notícias. Presidiu a Associação Baiana de Imprensa e foi membro da Comissão de Liberdade de Imprensa da Sociedade Interamericana de Imprensa.

Além de sua destacada atuação como jornalista, foi vice-diretor da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal da Bahia, chefe do Departamento de História, professor de Direito Constitucional e Direito Público, professor de História da América e fundador do curso de Jornalismo da Universidade Federal da Bahia.

Deputado Estadual Constituinte pela UDN (1947-1951) e reeleito pelo Partido Libertador (1951-1955), teve atuação parlamentar destacada, tendo sido presidente da Comissão de Leis e Resoluções, Vice-presidente das Comissões de Constituição e Justiça; Finanças e Orçamento e Contas, além de vice-Líder do PSD e da Coligação Baiana PSD-PL. No governo Lomanto Júnior, ocupou a pasta de Secretário do Interior e Justiça (1963-1966) e, em seguida, o cargo de Ministro do Tribunal de Contas do Estado da Bahia (1967-1971).

Incentivador de inúmeras entidades culturais na Bahia, foi um dos fundadores da Associação Cultural Brasil-Estados Unidos (ACBEU), entidade sem fins lucrativos que promove o intercâmbio cultural entre os dois países americanos através do ensino das línguas inglesa e portuguesa, tendo formado, desde sua fundação, em 1/8/1941, até hoje, mais de 50.000 alunos de inglês. Destacou-se também como membro do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, da Academia de Letras da Bahia e da Associação Baiana de Imprensa, instituições que o designaram como Presidente de Honra como reconhecimento ao incansável trabalho de apoio às suas atividades. Participou ativamente da Santa Casa de Misericórdia, da Fundação José Silveira, das Obras Sociais de Irmã Dulce, das Irmandades do Nosso Senhor do Bonfim e da Conceição da Praia e da Ordem de Malta, entre tantas outras.

Publicou os seguintes livros:

  • Flotilha Itaparicana
  • Revolução Americana, 4 Estudos
  • Grã-Colômbia Vista e Comentada
  • Vereador Manuel Querino
  • Imprensas Oficiais no Brasil: Aspectos de sua História e do seu Presente
  • Conceitos de História
  • Oitenta Anos da Academia de Letras da Bahia
  • As Estradas Corriam para o Sul: Migração Nordestina para São Paulo
  • Promessas se Pagam com Pedra e Cal
  • Santo Amaro: Devoção de José Silveira

A construção de uma das mais brilhantes e respeitadas reputações na vida pública da Bahia é fruto dos atributos profissionais e morais de Jorge Calmon, que, lastreado em sua postura ética e intransigente defesa do povo baiano, influenciou muitos jornalistas, professores, escritores e políticos baianos e o tornaram uma figura respeitada e admirada por todos que o conheciam. Dotado de um bom humor refinado e um otimismo contagiante, era presença constante em reuniões sociais e eventos da sociedade baiana. Gostava muito de estar com a família, de cuidar das suas fazendas de cacau, no sul da Bahia, e de viajar. Mesmo aposentado do jornal, continuou escrevendo crônicas semanais em A TARDE até os 91 anos, quando faleceu.

O reconhecimento público à sua atuação foi demonstrado pelas homenagens e pelas condecorações que lhe foram outorgadas, em vida, no Brasil e no exterior, destacando-se as seguintes:

  • Professor Emérito, da Univesidade Federal da Bahia
  • Ordem do Mérito do Estado da Bahia, no grau de Grande Oficial
  • Medalha do Mérito Jornalístico, da Associação Baiana de Imprensa
  • Medalha Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras
  • Medalha de Mérito Ruy Barbosa, do Tribunal de Contas do Estado da Bahia
  • Medalha Tomé de Souza, da Câmara Municipal de Salvador
  • Medalha do Pacificador, do Exército Brasileiro
  • Medalha do Mérito Tamandaré, da Marinha Brasileira
  • Ordem do Mérito das Comunicações, do Ministério das Comunicações
  • Ordem do Mérito, no grau de Comendador, do Congresso Nacional Brasileiro
  • Comenda da Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho, no grau de Oficial
  • Ordem do Infante D. Henrique, de Portugal
  • Cavalheiro da Ordem de Malta, de Portugal
  • Comenda do Mérito Civil, do Chile
  • Comenda da Ordem Civil, da Espanha
  • Administrador do Ano (1984), Escola da Administração da Universidade Federal da Bahia

Nascido em 7 de julho de 1915, em Salvador, na Rua do Genipapeiro, bairro de Nazaré, filho do comerciante Pedro Calmon Freire de Bittencourt e de Maria Romana Moniz de Aragão Calmon de Bittencourt, cursou o colegial no Colégio Antônio Vieira e ingressou na Faculdade de Direito, onde se diplomou em 1937. Irmão do grande historiador Pedro Calmon e do Desembargador Nicolau Calmon, Jorge era o caçula de seis irmãos. Tinha ainda as irmãs Dulce, Maria Romana e Maria Teresa.

Casou-se em 12 de junho de 1948, aos 33 anos de idade, com Leonor Seixas de Macedo Costa, professora, senhora de fina educação, com quem teve 6 filhos: Maria Romana, Maria Edith, Mário, Maria Virgínia, Maria Teresa e Jorge, que lhe geraram 12 netos.

<!Fonte: <!BOAVENTURA, Edivaldo M. Jorge Calmon o jornalista. Salvador: Quarteto/Insituto Geográfico e Histórico da Bahia, 2009. ISBN 978-85-87243-96-6.