Usuário(a):Luana Nahra/Ildefonso Juvenal


Página de teste editar

Usuário(a):Luana Nahra/Ildefonso Juvenal

Ildefonso Juvenal (Florianópolis, 10 de abril de 1894 — Florianópolis, 14 de fevereiro de 1965) foi um escritor, orador, militar e farmacêutico brasileiro. Foi o primeiro homem negro a se formar em uma instituição de ensino superior do estado de Santa Catarina, em 1924. Publicou dezenas de obras de crônicas, conto, poesia e teatro. Realizava pesquisas históricas tendo se tornado sócio do Instituto Histórico e Geográfico Catarinense. Junto a dezenas de outros homens negros de Florianópolis, fundou o Centro Cívico e Recreativo José Boiteux, em 1920, associação que lutava por cidadania e contra a discriminação racial, da qual foi orador e presidente.[1]


Biografia editar

Ildefonso Juvenal nasceu na cidade de Desterro (Florianópolis), Santa Catarina, em 1894. Primeiro filho do casal Ovídio Medeiros da Silva, ex-escravo, e Henriqueta Amélia de Castro, alforriada na pia batismal. Seu pai faleceu quando tinha 12, tendo que assumir parte do compromisso pela manutenção da família. Tendo sido alfabetizado pela mãe, passou a se destacar pela fluidez da escrita. Em 1911, aos 17 anos, publica o jornal “A Cassaca”, em parceira com Afonso Câmara. Foi o início de uma prolífica carreira nas letras, na qual publicou centenas de artigos em jornais, cerca de 10 livros e dezenas de folhetos. Em 1917 ingressou na Força Pública e em 1924 diplomou-se em farmácia pela Escola Politécnica, tornando-se o primeiro homem negro a obter título superior em instituição superior do estado de Santa Catarina.[2] Grande orador, Ildefonso destacou-se no cenário intelectual da capital catarinense, participando de inúmeras associações culturais, cívicas e literárias. Dedicou-se aos temas relacionados à história de Santa Catarina, tornando-se sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Catarinense e membro da subcomissão de Folclore do Estado de Santa Catarina.

Em 1920, junto com Trajano Margarida, André Pinheiro e algumas dezenas de homens, fundou o Centro Cívico e Recreativo José Boiteux. Segundo o estatuto publicado ainda naquele ano, o Centro era formado exclusivamente por homens de cor e seus objetivos eram: 1) levantar em uma das praças de Florianópolis uma herma à ao saudoso poeta Cruz e Sousa; 2) proporcionar aos seus associados a instrução cívica e literária e 3) recrear os mesmos  e suas respectivas famílias. Em 1921 Ildefonso foi eleito presidente do Centro Cívico e Recreativo José Boiteux, mas disputas internas o fizeram abandoná-lo no ano seguinte, quando a associação recebeu o nome de Centro Cívico e Recreativo Cruz e Sousa.[3] A atuação do Centro Cívico e Recreativo José Boiteux e os discursos proferidos por Ildefonso Juvenal em seus eventos, como as celebrações do 13 de Maio e a inauguração da herma de Cruz e Sousa, marcaram a historia da luta contra a discriminação racial em Florianópolis.

Em 1925, uniu-se a Nicolau Nagib Nahas, Antônio Barreiros Filho, Trajano Margarida, Antonieta de Barros e outros para fundar o Centro Catarinense de Letras. Aceitando em sua composição negros e mulheres, tornou-se uma instituição mais democrática que a Academia Catarinense de Letras, presidida por Altino Flores.[4]

Em 1942, foi eleito sócio do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina.[5]

Vai para a reserva da Força Pública em 1946, mas continua publicando nos jornais do estado de Santa Catarina até sua morte em 1965. Seus artigos tratavam de temas diversos, como artes, o papel do negro na história do Brasil, o preconceito racial, história militar, saúde, crônicas do cotidiano e biografias.

Obras editar

  • Contos Singelos, (1914)
  • Páginas simples, (1916)
  • Questão de limites Paraná/Santa Catarina, (1916)
  • Painéis, (1918)
  • Relevos, (1919)
  • Páginas singelas, (1929)
  • Álbum histórico da Força Pública de Santa Catarina, (1935)
  • Teatro, (1942)
  • Contos de Natal, (1952)


Referências

  1. GARCIA, Fábio (2019). Ildefonso Juvenal da Silva: um memorialista Negro no Sul do Brasil. Florianópolis: Cruz e Sousa. 447 páginas 
  2. «Câmara de Florianópolis homenageia o jornalista Ildefonso Juvenal da Silva». Correio de Santa Catarina. 23 de abril de 2019. Consultado em 6 de maio de 2020 
  3. BORGES, Elisa. O Centro Cívico e Recreativo José Boiteux e sua atuação em Florianópolis na década de 1920. Monografia (Bacharelado em História) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2019.
  4. CÔRREA, Carlos Humberto P. (1997). História da Literatura Catarinense: o estado e as ideias. Volume I. Florianópolis: Ed, da UFSC;Diário Catarinense. pp. 170–172 
  5. «Major Ildefonso Juvenal». Polícia Militar de Santa Catarina. Consultado em 6 de maio de 2020