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Friedrich Ludwig Wilhelm Varnhagen
Matheussuave/Testes
Nascimento 1783
Morte 1842
Ocupação engenheiro

Friedrich Ludwig Wilhelm Varnhagen (17831842) foi um engenheiro militar alemão, naturalizado português, que veio para o Brasil em 1809, contratado pela Coroa para construir os altos fornos da Real Fábrica de Ferro São João do Ipanema, na região de Sorocaba, na então Capitania de São Paulo. Nessa época era tenente-coronel.[1]

Estudou Engenharia Metalúrgica na Alemanha, mudando-se para Portugal em 1802.[2]

Em 1806, casou-se com D. Maria Flávia de Sá Magalhães.[3]

Antes disso, em 1802, foi contratado por José Bonifácio, que dirigia o governo metropolitano do Estado de São Paulo.[3]

Frederico Luiz nasceu no bairro de Wetterburg, na cidade de Arolsen, estado de Hesse, Alemanha.[4] Seu pai, Johann Adolf Varnhagen, era pastor e historiador naquela cidade. Em 1802 estava na fábrica de ferro de Neubauer, em Waldeck, Alemanha, quando conheceu Guilherme Eschwege,[5] com quem iria para Portugal no ano seguinte, aos 19 anos, para a Fábrica de Ferro de Figueiró dos Vinhos.

Por recomendação de D.Miguel Pereira Forjaz, serviu com muita distinção no exército do Norte em Portugal na época da restauração, sendo empregado na fábrica da Foz D'Alge e quando da invasão francesa se uniu ao exército como 1º Tenente da Artilharia. Em 1831, Varnhagen foi demitido do serviço imperial brasileiro.

Veio ao Brasil em 1809, fez o projeto inicial da Fábrica de Ferro de Ipanema, mas foi preterido na direção, que só assumiu em 1814. Construiu dois Altos Fornos e duas forjas de refino, seguindo o padrão que conheceu em Portugal. Produziu o primeiro gusa em 1818 e conduziu 2 campanhas experimentais, até 1821. Em 1820 desentendeu-se com José Bonifácio e deixou o Brasil em 1821, quando D. João VI voltou para Portugal.

Seu filho, o historiador Francisco Adolfo de Varnhagen, nasceu São João de Ipanema - SP, em 17 de fevereiro de 1816

Na área da imprensa, colaborou no periódico O Panorama[6] (1837-1868).

Foi Administrador Geral das Matas do Reino de Portugal, nomeado por Portaria de 17 de Setembro de 1824, data em que foi criada esta Administração e seu Regulamento, no âmbito do Ministério da Marinha. Mais especificamente, foi administrador do Pinhal do Rei, tendo morado do Sítio da Fonte Santa, na povoação de Marinha Grande, em Leiria. Administrou o Pinhal, e escreveu o “Manual de instruções práticas sobre a sementeira, cultura e corte dos Pinheiros”, publicado em 1836. O Pinhal é todo dividido em áreas retangulares, conhecidas como “quadrados varnhagen”.[7]

Faleceu em 1842 e está enterrado em Lisboa.

Chegada ao Brasil editar

"Na companhia do inspetor das Minas de São Paulo, Martim Francisco Ribeiro de Andrada, parta imediatamente para aquela capitania, para examinar as minas de ferro de Sorocaba, a quantidade e a qualidade de ferro que elas se pode tirar, a qualidade dos fornos que convém estabelecer, a dificuldade que haverá em fazer promptamente os martelos e os fornos de refino, e mais estabelecimentos necessários para se por em movimento a extração de ferro coado e do ferro forjado, de que tanto se necessita, juntamente com o orçamento de toda a despesa que será necessária para se levar esse estabelecimento ao maior ponto, qual será indispensável para que se possa concorrer o aprovisionamento, não só da capitania de São Paulo, mas ainda de todo o Brasil, que tanto necessita desse tão útil, como necessário metal." (Carta do governo português para Friedrich Varnhagen, 1809)[2]

Pelas palavras de seu filho, Francisco Adolfo de Varnhagen, que escreveu o livro Historia Geral do Brazil, tendo sua segunda edição publicada em 1877, Friedrich Ludwig Wilhelm Varnhagen chega ao Brasil em 1809, contratado pelo governo metropolitano em 1802, a pedido de José Bonifácio, para chefiar fundições portuguesas.[3] Sua chegada é "então cheio d'amor, de ambição e de esperanças". Essas qualidades também inspiraram D. Rodrigo de Sousa Coutinho, o Conde de Linhares, que na época era Ministro da Guerra e dos Negócios Estrangeiros, sendo um dos responsáveis por organizar os trabalhos da Fundição de Ipanema, localizada na cidade de Sorocaba, no estado de São Paulo.[8]

Em um primeiro momento, o Conde de Linhares e Friedrich Varnhagen trocam cartas comentando sobre as minas de ferro da região onde seria instalada a Fundição de Ipanema. O Conde de Linhares pede que Friedrich faça uma inspeção minuciosa da área, que responde expondo um plano para a construção da nova fábrica. Além disso, ficaria responsável por fazer um levantamento de todos os recursos naturais que circundavam o morro de Araçoiaba: metais, quedas d'água e minérios diversos para redução e fundentes. Tudo isso para possibilitar toda infraestrutura que era precisa para construir a fábrica. Portanto, teria de cuidar de todo orçamento da obra.[8][2]

Nesse meio tempo, o cônsul do governo brasileiro na Suécia, Gustavo Beyer, avisa o Conde de Linhares sobre a contratação de uma equipe de operários que seria destinada para a edificação da indústria, liderada por Carlos Gustavo Hedberg. Dessa forma, Friedrich deveria colocar seu plano em prática junto dos suecos, o que acabou não dando certo.[8]

Em 4 de dezembro de 1810, é criada oficialmente a Fábrica de Ferro de Ipanema. A companhia seria metade do governo e metade de um grupo de treze acionistas.[2]

Carlos Gustavo Hedberg e Friedrich Varnhagen acabaram não se acertando quanto ao lado técnico da construção e organização da fábrica. Hedberg, que teria apoio do Conde de Linhares, menosprezou a junta administrativa do estabelecimento, que foi criada para cuidar da empresa de exploração de ferro. Nessa junta encontravam-se Friedrich Varnhagen, como representante dos acionistas, Miguel Antônio de Azevedo e Veiga, como juiz conservador da fábrica, José Arouche de Toledo Rondon, como procurador da fazenda, Martim Francisco Ribeiro de Andrada, como inspetor, e o próprio Hedberg, na presidência. Hedberg, como relata Francisco Varnhagen, não era um homem que estava por dentro dos progressos da metalurgia na Europa. Isso faz com que Friedrich o repreenda para os outros dois integrantes da junta, que apoiam o engenheiro militar alemão.[2][8]

Mesmo com o desandar do projeto, Friedrich continua por São Paulo, irritando Hedberg, que escreve para o Conde de Linhares, mostrando que isso traria um grande prejuízo para o bem público. O Conde acredita nele. Essa situação motiva Friedrich Varnhagen ir para o Rio de Janeiro, evitando uma possível rivalidade. O governo, porém, oferece um outro emprego, dessa vez em Minas Gerais, que acaba sendo breve, já que é chamado para retornar à Fundição de Ipanema porque os integrantes da junta não estavam satisfeitos com as contribuições de Hedberg. A junta administrativa coloca o alemão como diretor da empresa. O sueco reage. Então, em 27 de setembro de 1814, Hedberg é demitido por um decreto real.[8]

Depois de sua volta à empresa, Friedrich Varnhagen, em 1815, começa a construir dois fornos altos. O alemão impõe seu perfil no trabalho: a disciplina militar à procura de conquistar resultados eficientes. Os alto fornos terminaram de ser construídos em 1818. Pela primeira vez na América do Sul o ferro-gusa era fabricado.[2]

Fundição do ferro editar

"Varnhagen principia a desempenhar o conceito que dele fez Sua Alteza Real: as suas obras me parecem feitas com justeza, segurança, perícia e economia", é o que conta o Senador Vergueiro em um capítulo de seu livro, denominado "Directoria de Varnhagen". Friedrich Varnhagen, à época, trabalhava em dois turnos: durante o dia, gerenciava os trabalhos da Fundição de Ipanema; à noite, pensava em alguns novos planos para contornar críticas contra ele. No dia primeiro de novembro de 1818, a companhia entra em serviço.[8]

O historiador Ferdinand Denis atesta que Friedrich Varnhagen introduziu no Brasil um novo tipo de indústria, que até então era desconhecido. Mas isso rendeu nada a ele. Em contrapartida, os outros engenheiros que trabalharam na obra, Wilhelm Ludwig von Eschwege e Carlos Gustavo Hedberg, foram premiados com terras e pensões vitalícias. Em 1822, Friedrich parte para a Europa com outras pretensões. Uma delas era ver seus pais, que não os via há vinte anos. O restante de sua família permanece no Brasil, mais precisamente no Rio de Janeiro. Um ano depois, em 1823, Friedrich convida sua família para se mudarem para Lisboa, onde estava vivendo naquele momento.[3] Em 1831, oito anos mais tarde, é demitido do serviço imperial brasileiro.[8]

Mesmo com os problemas administrativos que transcorreram por anos, as características da Fundição de Ipanema chamavam atenção, recebendo visitas ilustres de homens renomados do período.[3]

Referências

  1. ESCHWEGE, Wilhelm Ludwig von. Pluto Brasiliensis: memórias sobre as riquezas do Brasil em ouro, diamantes e outros minerais. Disponível na Biblioteca Brasiliana, acessado em 1 de fevereiro de 2013.
  2. a b c d e f Faciaben, Marcos Eduardo (2012). Tecnologia siderúrgica no Brasil do século XIX: Conhecimento e técnica na aurora de um país (O caso da fábrica de Ferro de São João do Ipanema). São Paulo: USP 
  3. a b c d e Cezar, Temístocles (2018). Ser historiador no século XIX: O caso Varnhagen. Belo Horizonte: Autêntica 
  4. «Neue Seite 1». www.varnhagen.de 
  5. Sommmer, Frederico (1952). Guilherme Luiz, Barão de Eschwege. São Paulo: Melhoramentos. 121 páginas 
  6. Rita Correia (23 de Novembro de 2012). «Ficha histórica: O Panorama, jornal literário e instrutivo da sociedade propagadora dos conhecimentos úteis.» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 13 de Maio de 2014 
  7. Gonçalves, J.M. (2011). «O Pinhal». Blog O Pinhal 
  8. a b c d e f g Cezar, Temístocles. «Em nome do pai, mas no do patricarca: ensaio sobre os limites da imparcialidade na obra de Varnhagen» (PDF). Consultado em 27 de novembro de 2018