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Monsenhor Vicente de Paulo Penido Burnier O Apóstolo dos Surdos Primeiro Padre Surdo do Brasil e segundo do Mundo.

NASCE UM SANTO Monsenhor Vicente de Paulo Penido Burnier, nascido no dia 2 de março de 1921, em Juiz de Fora, MG, é o Primeiro Padre surdo do Brasil e o segundo do mundo. Filho de família católica praticante, teve nove irmãos ao todo, cinco surdos e quatro ouvintes. Ainda na sua infância teve o desejo de ser padre a partir de seus irmãos padres, Pe. João Bosco Burnier, Mártir Jesuíta, falecido (assassinado) em 1976 e Frei Martinho Burnier, dominicano, também falecido.

     Aos 14 anos de idade ingressou no Seminário Santo Antônio. O bispo de Juiz de Fora, naquela época era Dom Justino José de Santana, que o recebeu com carinho. Durante sete anos fez um curso de ginásio especial, devido à dificuldade de entendimento quanto à escrita em latim e português devido a surdez profunda.
     Em 1942 ingressou no Seminário maior São José em Mariana, Minas Gerais, estudando mais seis anos, dois no curso de Filosofia e quatro de Teologia. Após sua formação foi necessário um pedido especial de dispensa canônica, pois naquela época não era permitida a ordenação de surdos.
     Em 1950, Dom Justino o levou para Roma “ad limina”, para apresentá-lo pessoalmente ao Papa Pio XII. Vicente Burnier conversou com o Papa em italiano, pedindo para ser ordenado. Padre Vicente havia estudado vários idiomas: LIBRAS, que era a língua própria dos surdos, português, espanhol, inglês, francês, especialmente o latim e o italiano, se preparando para este encontro com o papa. Monsenhor Vicente tinha esperança de ser ordenado, pois já havia na França, um padre surdo, o Pe. Jean Marie La Fonta, primeiro Padre Surdo do mundo, ao qual Monsenhor tomou conhecimento de sua vida na França. 
     O Papa ficou impressionado e pediu que aguardasse a decisão da comissão que estudava seu caso. Fora examinado pelos Bispos sobre o culto e liturgia (sacramentos), exames rigorosos, tendo ele sido aprovado em todos. A resposta de sua aprovação chegou até Pe. Vicente no dia 1° de fevereiro de 1951 pelo próprio Papa.
     Pe. Vicente ficou muito feliz e retornou para o Brasil a fim de ser ordenado pelo Bispo que lhe ajudara, Dom Justino José de Santana, em Juiz de Fora. No dia 22 de setembro de 1951, recebeu a ordem das mãos Dom Justino. Foi Chanceler de mais de 20 pastorais de surdos no Brasil. Trabalhava ativamente em Juiz de Fora dando assistência à comunidade surda católica e em outras cidades brasileiras e até mesmo no exterior.

NASCE O FRUTO DE SEU TRABALHO

A Pastoral do Surdo em Juiz de Fora/MG foi fundada por ele e algumas mães de surdos, dentre elas, Flora Maria Teixeira Alves, num domingo no dia 6 maio de 2001. O nome “Monsenhor Vicente de Paulo Penido Burnier” é uma homenagem ao primeiro padre surdo do Brasil e segundo do mundo. Eu conheci o monsenhor Vicente Burnier, por volta do ano de 1992, por frequentar a missa algumas vezes na Catedral Metropolitana de Juiz de Fora. Sua voz era forte e com uma característica marcante, que me fazia acreditar que era um estrangeiro. Eu pensava que ele era alemão ou polonês, já que havia alguns padres estrangeiros na nossa Arquidiocese de Juiz de Fora. Sua voz forte me marcou para sempre. Eu a reconheceria em qualquer lugar. Os anos se passaram, e apesar de frequentar as missas, eu nunca falei com ele, ou me aproximei, até que em 1997 eu conheci a Cúria Metropolitana, na época localizada na Rua Henrique Surerus, nº 30, onde ele exercia função de Ecônomo. Ao passar eu ouvi aquela voz inconfundível e voltei até a sala para me certificar de que era ele, ao que para minha alegria, o era. Pela primeira vez eu falei com ele respondendo ao seu cumprimento, pois no exato momento em que olhei para dentro as sala, os meu olhos cruzaram com os dele acompanhado de um sonoro “boa tarde, Tudo bem?”. Então entrei e o cumprimentei dando-lhe as mãos, ao que ele me respondeu com um sereno e alegre sorriso. Ele era assim sempre com todos. Perguntou quem eu era ao que respondi estar acompanhando um padre e conhecendo as instalações da Cúria. Foi um diálogo curto e claro, apenas de saber os nomes, seja bem-vindo e até mais. Descobri nesse instante que ele não era alemão e nem polonês. Não tive a ousadia de perguntar, mas ao me falar o seu nome e sobrenome Burnier, eu pensei que tinha matado a charada: “Ah, ele é francês!”. Contudo, naquele momento eu ainda não havia percebido que ele era surdo, pois nossa conversa fluiu muito bem. Em 1999 eu já tinha um certo interesse em entrar para o Seminário para exercer a vocação que fora reaquecida e motivada pelo então Pe. Nilton Fagundes Hauck, padre redentorista que atendia a Comunidade São Pedro, onde eu morava. Fiz minha inscrição e no ano seguinte participei do processo seletivo chamado DIVES – Discernimento Vocacional Específico – do qual passei, no entanto eu não quis entrar, deixando para o ano seguinte. Em 2001 me ingressei de fato no seminário, ocasião em que me proporcionou proximidade do Lar Sacerdotal onde eu fazia visitas diárias aos padres idosos que lá residiam. Em 2002, numa visita ao Lar, reencontrei o Monsenhor Vicente caminhando pelo Corredor com sua bengala que o auxiliava em seus passos lentos. Nesse momento então fui ao seu encontro e pedi a sua benção e com sua inconfundível voz me abençoou num tom firme e alto dizendo: “Deus te Abençoe!”. A partir desse dia começou então uma aproximação afetiva como de um pai pra filho. Acontece que minhas idas e vindas eram poucas, pois nos dois primeiros anos de seminário eu morei na Barreira do Trinfo com mais cinco seminaristas, acompanhado pelo padre José de Anchieta, que foi nosso primeiro formador. Lá convivíamos em comunidade dividindo as tarefas da casa, estudos, orações e missas diárias, além de exercer os trabalhos pastorais com as comunidades paroquiais. Era uma verdadeira romaria diária entre o Seminário e a Barreira do Triunfo. A razão de morarmos fora do Seminário Santo Antônio e distante, deu-se em fazer uma experiência nova com vocações adultas que dividiriam o tempo de estudos e convivência em comunidade com trabalho profissional. Essa experiência durou dois anos com Dom Clóvis Frainer, o então Arcebispo de juiz de Fora. Passados os dois anos retornamos definitivamente para o Seminário Santo Antônio com a achegada de Dom Eurico dos Santos Veloso, organizador deste livro. Com o retorno para o Seminário Santo Antônio, chamado de Seminário Maior, voltei então a fazer as visitas periódicas ao Lar Sacerdotal pelo menos 2 vezes por semana, para não incomodar e nem tirar a privacidades dos padres. Nessas visitas, foi inevitável encontrar o Monsenhor Vicente Burnier, que acabou me aproximando mais dele. O meu real interesse, era descobrir, ainda que inconscientemente, o caminho que o futuro me reservava. Compreender essa relação padre – seminário – lar sacerdotal e velhice. Acabei descobrindo com isso que era necessário ir visitar padres velhinhos que um dia serviram aos fiéis em diversas igrejas e suas comunidades. Procurava a cada dia ajudar em alguma coisa que pudesse ser útil. Descobri então uma utilidade que pra mim se tornou naquele momento uma missão: a de ajudar ao monsenhor se locomover. Embora não fosse obrigatório, ele gostava de participar das reuniões do Clero que passaram a acontecer no Seminário. Antes as reuniões eram no salão da Igreja São José, ao lado do lar sacerdotal. Pelo fato do Monsenhor, ter dificuldades para andar, pois tinham as pernas um pouco arqueadas, e usava bengala com passos arrastados, era certamente que poderia cair. Por isso eu procurei ajuda-lo oferecendo minhas mãos e meus braços para que pudesse com ele caminhar lentamente com todo cuidado indo para as reuniões e voltando delas. Outra preocupação que eu tinha, era que de vez em quando ele não apertava o cinto adequadamente em suas calças que caiam pernas abaixo e causa-lhe um tombo que poderia culminar em ferimentos graves no rosto, como aconteceu em diversas ocasiões. Além disso, devido à idade e incontinência urinária, ele acabava molhando suas calças, antes mesmo de chegar ao banheiro devido a lentidão de seus passos. Coisa que me deixava muito triste, porém compreendi que isso é verdadeiramente SER HUMANO e que um dia a grande maioria dos mortais passaram e passarão por isso. São as nossas necessidades fisiológicas, que não poderemos fugir delas. De tudo isso que contei até agora, quero ressaltar mais uma vez aqui que eu ainda não sabia que ele era surdo. É importante dizer isso para você que estiver lendo este livro agora, possa refletir este meu testemunho de que: “como não percebemos a necessidade do outro diante de suas dificuldades”. Então me pergunto: “Mas por que eu não percebi essa característica importante para a acessibilidade deste indivíduo?” Simplesmente porque ele se comunicava de maneira compreensiva e entendia quase tudo que eu falava com ele. Ele usava a leitura labial, que comprovadamente ajuda aos surdos em pelo menos 70% da compreensão, mas somente para aqueles que tiveram algum tipo de formação, como no caso em específico do monsenhor, que frequentou o INES – Instituto Nacional de Educação de Surdos, criado por Dom Pedro II, em Laranjeiras na Cidade do Rio de Janeiro, onde ele peregrinava para estudar indo e vindo Juiz de Fora ao Rio de Janeiro. Isso se tornou possível graças a sua força de vontade de se formar. A Leitura labial não funciona par todos os surdos, mesmo assim há uma grande perda cognitiva. DESCOBRINDO UM MUNDO NOVO

Os anos foram passando. Era final de 2005 e já estava com quatro anos de Seminário e me preparando para me formar em Filosofia. Neste finalzinho de ano, eu estava em serviço na portaria do Seminário. A Funcionária Ozana Cabral, excelente colaboradora que administrava o Seminário, me ligou na portaria me pedindo para que eu pudesse preparar a capela para a missa da Pastoral do Surdo. Fui prontamente preparar a capela. De repente ao sair da capela, eu vi a uma mulher de nome Flora, hoje minha amiga e coordenadora arquidiocesana da Pastoral do Surdo, vindo de braços dados com o Monsenhor, da mesma forma que eu fazia. E não sabia que era ele quem ia presidir a missa. Isto fez com que eu me animasse e pudesse participar da missa por dois motivos: uma que eu tive curiosidade de como o surdo ia entender a missa, era uma coisa desconhecida pra mi; segundo que seria o Monsenhor que ia presidir. Rapidamente fui ao meu quarto buscar a túnica para auxiliá-lo na celebração. Neste dia Deus me proporcionou uma grande felicidade. Vendo ele conversar normalmente com diversas pessoas, não imaginava o que ia descobrir. Ao começar a missa percebi imediatamente ele fazer uso da língua própria dos surdos – A Libras – Língua brasileira de sinais. Nos primeiros minutos fiquei como que no mundo da lua, sem entender nada, mas logo em seguida foi como que um estalo, como que um trovão, como um verdadeiro choque de descoberta, que dá vontade de gritar “EURECA!” Descobri que ele era surdo naquele momento. Me emocionei muito. As lágrimas queriam rolar no meu rosto imediatamente, porem me esforcei ao máximo em conter o meu pranto, pois eu estava no início de uma missa. Como Chorar nessa hora? Por qual razão? O que os outros iam ficar pensando sem entender nada de um choro repentino? Confesso que não foi fácil suportar a emoção que causava uma pressão em meu peito. Um misto de alegria e tristeza ao mesmo tempo. Alegria de descobrir a fantástica vocação de um sacerdote idoso e surdo e a tristeza por saber de sua dificuldade que ele deve ter enfrentado para chegar até aquele dia em que presenciei a sua missa. Neste dia compreendi a sonoridade de sua voz forte que me confundia fazendo-me pesa que era um estrangeiro, alemão, polonês ou francês. Porem um dia, percebi com os ensinamentos da Flora, que de fato ele era um estrangeiro em sua própria Pátria. Os surdos são como que um estrangeiro em sua própria pátria. São esquecidos e colocados à margem dentro de suas casas, onde são esquecidos, evitados e até mesmo ridicularizados. O Monsenhor teve uma graça de ter uma família que o ajudou e amigos que estiveram ao seu lado dando suporte para chegar onde ele chegou. No entanto, as dificuldades foi sua companheira fiel até o dia de sua trágica morte.

A GRANDE SURPRESA

No ano seguinte, portanto o quinto ano, entrei para a Teologia. Mês de fevereiro, primeiras reuniões, colocando a casa em ordem, retiros, orações e missas, organização para o envio dos seminaristas para as pastorais. No final de uma missa, Pe. João Justino, Hoje Arcebispo em Goiás, chamava sempre os seminaristas em particular para falar em qual paróquia iam fazer pastoral. Por volta de três semanas ele conversou com a maioria, porém não havia me chamado ainda, o que me causou preocupação e me levou a fantasiar que eu poderia ser mandado embora, visto que isso sempre acontecia no final de cada ano ou no início de cada ano. E aconteceu de fato que eu fui o último seminarista a ser chamado. Todos já sabiam pra onde iam, menos eu. No final da missa, quando Pe. João Justino anunciou os destinos de cada seminarista, não ouvi meu nome, e isso me gelou todo. Após tirar os paramentos, o Pe. João me chamou à Reitoria para uma conversa, o que me preocupou ainda mais, fazendo com que eu roesse as unhas. Percebendo o meu nervosismo ele me perguntou se eu estava com algum problema ao que respondi: “estou nervoso e ansioso” Ele riu pôs o braço em meus ombro e caminhamos para Reitoria e me disse: “Carlos Arlindo, te deixei por último porque precisei escolher bem um seminarista para uma missão muito importante. Tenho percebido seu zelo e carinho para com os idosos, especialmente o Monsenhor Vicente Burnier. Você terá como companheiro o seminarista Ivair Carolino. Vocês dois vão acompanhar a Pastoral do surdo. Procure o seminarista Ivair, combina com ele como vocês farão. Ah, e procure a Flora, coordenadora da Pastoral, ok? Tudo certo? Está mais calmo?” E sorriu e me desejou boa sorte e benção. Eu sai da Reitoria não sei como. Feliz, alegre, chorando e preocupado, porém ansioso para estar com os surdos e conhecer um novo mundo, ao qual o Monsenhor fez parte. Desde esse dia, conheci melhor a Flora que me ensinou a primeira palavra em Libra: “Oi”, foi a forma como nos cumprimentou, em seguida, respondendo a nossa preocupação e nervosismo, ela brincou: Não se preocupe, o surdo não morde não. Sejam bem vindos. Nos apresentou sua filha surda, Caroline Teixeira Alves e nos levou ao Monsenhor. A partir daí participamos de várias atividades da Pastoral. Eu sempre caminhava com o monsenhor, e a cada dia eu queria saber sobre sua vida e ele sempre me contava com toda paciência do mundo. Todas as coisas ditas anteriormente neste livro que não se faz necessário repetir: A sua linda trajetória de vida. Eu o acompanhei em várias viagens. Numa delas, fomos num domingo para a Canção Nova em 2007. Estava programado para voltamos para Juiz de Fora, porém tinha um encontro das Pastorais de Surdos em Brasília - ENAPAS - e o Monsenhor sempre Participou. De lá mesmo ele pegou voo direto par o Distrito Federal. Voltamos para Juiz de Fora e aqui ficou resolvido com a Formação que eu poderia ir também. Viajei na segunda à tarde para Belo Horizonte e de lá para Brasília, chegando teça feira por volta das 9h lá. Foram cerca de 20h de viagem. Quando cheguei lá levei um grande susto, pois vi o rosto do Monsenhor com um enorme hematoma no olho direito. Me informara que a noite, com a luz apagada, ele levantou para ir ao banheiro e tropeçou no pé da cama o que lhe fez cair ao chão. Os padres que estavam no dormitório próximo, acordaram com o barulho e lhe socorreram prontamente levando ao hospital. Ficamos até sexta feira. Ele retornou com os outros padres de avião chegando primeiro em Juiz de fora. Eu retornei de ônibus cegando no outro dia a noite. Dom Eurico me chamou para perguntar o que havia acontecido com ele, ao que expliquei detalhadamente. Esse tombo acabou prejudicando ao Monsenhor que quase rendeu-lhe uma cirurgia devido o surgimento de um coágulo na cabeça, mas graças a Deus não foi necessário. As quedas do monsenhor eram uma grande e excessiva preocupação por todos nós, visto que o surdo tem um déficit de equilíbrio devido a surdez. Além disso ele estava perdendo a visão a cada ano, agravado por recorrentes presença de cataratas nos olhos, Não podia em nenhum momento ficar sozinho. Enquanto estava conosco na Pastoral, sempre tinha alguém com ele. Todas as vezes que ele precisa ficar internado, sempre membros da Pastoral organizava plantões para o acompanha-lo durante sua internação. Era todo carinho especial do mundo para com ele, principalmente por parte da Flora que o adotou como um pai, desde o dia em que ela o conheceu. Eu mesmo várias vezes o acompanhei ao hospital. Estamos no ano de 2022, em setembro, mês em que se comemora o dia dos Surdos no dia 26. Faz treze anos que Monsenhor Vicente faleceu em Juiz de Fora, no dia 16 de junho de 2009, com 88 anos de idade, por politraumatismo, decorrente de uma queda na escada de onde ele morava, no Lar Sacerdotal – Mater Christi. Por isso, por iniciativa de Dom Eurico, estamos fazendo esta homenagem escrevendo este livro para guardar na história a presença de um Santo. Monsenhor Vicente de Paulo Penido Burnier: O Apóstolo dos Surdos. Há muito que se falar. Muitas pessoas para contribuir, mas o mais importante é ressaltar os momentos mais importantes de sua vida, e assim possibilitar a outros contarem histórias e suas experiências vividas com ele, que desconhecemos, pois ele esteve presente em vários lugares levando o evangelho de Nosso Senhor aos ouvidos surdos e olhos atentos. Neste livro eu conto a minha experiência que tive com ele. Não conto tudo, mas aquilo que mais me marcou ao conhecer e conviver com esta pessoa que mudou o meu modo de ver os nossos irmãos surdos. Dentre as várias lembranças não posso deixar de contar uma em que eu e a Flora, convidamos ele para conhecer um shopping que havia sido inaugurado no dia 22 de Abril de 2008, o Independência Shopping. Ele nos tinha dito que há muito tempo não ia ao cinema. Foi então que tivemos essa ideia de passear com ele. Ele ficou super feliz, pois não sabia que tinha um shopping novo e lindo na cidade. Fomos ao cinema, tomamos sorvetes e passeamos bastante naquele dia. Para o conforto dele o levamos em uma cadeira de rodas debaixo de inúmeras recomendações de Dom Eurico que sempre nos apoiou. Nunca vou esquecer a carinha de felicidade e gratidão para conosco que não se cansava de nos dizer: “MUITO OBRIGADO!” “MUITO OBRIGADO!” “MUITO OBRIGADO!”

Hoje a Pastoral dos Surdos, busca colocar em prática o que ele começou com muito amor e carinho exercendo a evangelização e inclusão dos surdos na Igreja e na sociedade, através de missas sinalizadas por meio de LIBRAS, com a presença de intérpretes, ministra curso de LIBRAS no Seminário Arquidiocesano Santo Antônio e na Catedral Metropolitana de juiz de Fora, realiza catequese; anima grupo jovem; além de reforço escolar; grupo de teatro, dança, viagens, encontros regionais e nacionais, coral em LIBRAS e o conhecido “Arraiá da Pastora” que é a festa junina, envolvendo surdos, ouvintes, voluntários e familiares. Tudo isto está fundamentado nas seguintes dimensões: pastoral, espiritual, comunitária, intelectual e humano-afetiva; elementos fundamentais na construção do ser humano e do saber, que busca se encontrar a cada dia consigo mesmo.


Juiz de Fora, 23 de janeiro de 2014. Pe. Carlos Arlindo Capelão da Pastoral dos Surdos Pastoral do Surdo Monsenhor Vicente de Paulo Penido Burnier - Juiz de Fora - MG