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Mary Prince editar

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Nome completo Mary Prince
Nascimento 1788
Morte após 1833
Nacionalidade   Bermudas
Magnum opus A História de Mary Prince: Uma Escrava das Índias Ocidentais

Mary Prince (1 de outubro 1788-1833) foi uma escrava abolicionista, nascida nas Índias Ocidentais de uma família inteiramente de escravos africanos.[1] Sua vida é uma forte contribuição ao movimento Anti-Slavery Society, fundado por Thomas Pringle em Londres, lugar que Mary foi abrigada e acolhida após fugir da sua antiga moradia. Mary ajudou no processo de construção de sua própria autobiografia e narrativa de escravos A História de Mary Prince: Uma Escrava das Índias Ocidentais (1831) ao lado de Pringle, seu orientador e auxiliador na busca por uma vida mais livre. O livro foi o primeiro relato de uma mulher negra a ser publicado no Reino Unido, onde teve considerável repercussão.[1]

Vida editar

Infância editar

Nascida na paróquia de Devonshire, nas Bermudas, por volta de 1788 e filha de escravos afrodescendentes, sendo seu pai um serrador e sua mãe empregada doméstica.[2] [3] Ainda criança, Mary e sua mãe pertenciam ao senhor Myners, que após o seu falecimento, ambas foram vendidas ao capitão Darrel, que as entregou à família Williams. Lá, sua mãe realizava trabalhos domésticos, enquanto Mary se tornou propriedade da filha de Williams, Betsy.[4]

Aos 12 anos, Mary se separou da mãe e de seus irmãos, pois passou a ser “contratada” para efetuar serviços para uma escravista, Sra. Pruden, sendo assim, ficou responsável por serviços de babá, cuidando de um novo bebê e outros dois filhos mais velhos.[4]

Além do mais, quando sua dona, a sra. Williams, morreu, Mary soube que ela e duas de suas irmãs seriam vendidas pelo Sr. Williams para pagar seu casamento com outra mulher, mesmo que Mary fosse realmente propriedade de Betsy, esse episódio significava a separação de Mary de sua família. Chegou o dia em que Mary e suas irmãs foram conduzidas por sua mãe ao leilão de escravos e, eventualmente, vendidas a diferentes proprietários.[4]

Nova fase editar

A nova fase de sua vida foi iniciada na casa de um Capitão, no entanto, Mary não revelou o nome para não prejudicar os filhos dele, pois esse cometia agressões severas aos seus escravos, o que poderia ocasionar uma condenação injusta, além de que esses poderiam sofrer pelos crimes de crueldade de seu pai. Ficando nessa casa por mais de cinco anos, Mary observou o tratamento sádico a outros escravos, até que um dia esse tratamento chegou a ela, onde sofria açoitamentos todos os dias.

Logo após, Mary fez uma viagem de aproximadamente quatro semanas à Ilha Turks, a 320 km a nordeste das Bermudas.[4] Ela foi colocada a bordo de uma nau sem poder se despedir de seus familiares, e mantida viva pelos seus companheiros escravos a bordo no mesmo navio que compartilhavam com ela seus alimentos.

Chegando em Grand Quay, descobriu que havia sido vendida para um outro senhor, no qual também não identificou o nome, e iniciou um trabalho nas propriedades de salinas do mesmo, lugar que sofreria açoitamentos piores do que os cometidos pelos seus anteriores donos, permanecendo por dez anos nesse local.

Retornando a Bermudas após a aposentadoria do seu senhor, Mary era obrigada a realizar trabalhos de campo e doméstico, o que era menos árduo do que as lagoas de sal, no entanto, as agressividades se mantiveram da mesma maneira. Aos 28 anos, ela ficou sob o controle de John Wood, que a levou com ele à Antígua e acabou a comprando por cerca de 67 libras. [5]  

Herdando doenças físicas como resultado de seus trabalhos escravos, Mary só vinha piorando durante sua estadia no Bosque, sendo esse o mais cruel de seus proprietários. Dentro desse período ela começou a frequentar a Igreja da Morávia e em 1826. Nessa mesma Igreja, ela se casou com Daniel James, um homem negro que conseguiu comprar sua própria liberdade, ato que fez com que Mary fosse açoitada e constantemente repreendida. Além disso, vale ressaltar que ambos não possuíam permissão para se casar na Igreja da Inglaterra, já que essa proibia casamentos entre escravos e homens livres.[5]

Ida à Inglaterra editar

Após ter todas as suas ofertas de compra de liberdade recusada, Mary viaja à Inglaterra, lugar que seu senhor colocaria o filho na escola. Ficando doente demais e não conseguindo realizar o seu trabalho, Mary legalmente estava livre, pois na Inglaterra a escravidão já estava abolida, no entanto, ela não tinha conhecimento de pessoas a quem pudesse recorrer os seus direitos. Depois de 13 anos como escrava de Woods e alguns meses após chegar no território inglês, Mary deixou sua casa para sempre, sendo acolhida pela Igreja da Morávia e indo morar com um casal negro que mantinham os cuidados necessários com Mary. Ela soube da Sociedade Anti-Escravidão e da Irmandade Quaker que processou seu caso perante aos tribunais e Sr. Wood, para permitir que ela retornasse ao seu marido em Antígua como uma mulher livre, porém, os tribunais não puderam ajudá-la e Wood continuou negando sua liberdade.

Após muitos trabalhos em meio período, Mary foi acolhida pelo Sr. e Sra. Pringle, sendo ensinada e incentivada a participar da Igreja, além de ser auxiliada na defensoria de sua liberdade e influenciada a redigir sua própria história, para posteriormente ser publicada por Thomas Pringle, onde o mesmo contestou a posição do antigo senhor de Mary com vários testemunhos e concluiu a obra com referências a outros escravos, além de incluir seu argumento antiescravista.[6]

Literatura editar

 
Capa da primeira edição de The History of Mary Prince, A West Indian Slave (pt-BR: A História de Mary Prince: Uma Escrava das Índias Ocidentais)

As descrições do trabalho escravo durante o século XIX são preservadas em mais de 6.000 narrativas escritas por escravos, algumas das quais são referenciadas no seguinte estudo de trabalho na História de Mary Prince, em 1831, um escravo das Índias Ocidentais.[6] Depois de passar por muitos amos em diferentes lugares, foi levada a Londres como escrava (quando a escravidão já era proibida lá) e, depois de abandonada, Prince foi trabalhar com um escritor abolicionista como secretária da Sociedade Anti-escravidão. Seu livro The History of Mary Prince, A West Indian Slave (em português: A História de Mary Prince, Uma Escrava das Índias Ocidentais), publicado em 1831, foi a primeira história de uma mulher negra publicada na Inglaterra.[7] Sua história foi escolhida entre as muitas narrativas de escravos existentes por causa da cidade específica com a qual ela lida com o trabalho real de um escravo. No último parágrafo de sua história, ela resume seu tema: ela está tentando levar a situação do escravo à atenção do povo britânico.[5] Com pouca habilidade de escrita, Mary ditou a sua história para uma mulher que visitava o casal no qual havia acolhido Mary, os Pringle, sendo Thomas Pringle quem editou e publicou a obra. O motivo principal da publicação de imediato foi a luta de Prince para retornar para seu país de origem como uma mulher livre e o seu embate com seu antigo Senhor, que apesar de saber que ela era uma mulher livre na Inglaterra, se retorna-se, ela seria novamente sua escrava, com a reafirmação de seus direitos de propriedade.[5]

É válido ressaltar que a obra possui diversas edições em inglês, no entanto, em 2017 foi traduzida e editada para a língua portuguesa por Alexandre Camaru com o título de A História de Mary Prince: Uma Escrava das Índias Ocidentais.[8]

Morte editar

Não se sabe ao certo a data do falecimento de Mary Prince ou quanto tempo ela permaneceu na Inglaterra após 1833, e nem mesmo se ela conseguiu voltar para as Índias Ocidentais como uma mulher livre.[3]

Referências editar

  1. a b Johnson, Claudia D. (2006). Labor and Workplace Issues in Literature. Connecticut; Londres: Greenwood Press. pp. p.2 
  2. FERGUSON, Moira (1998). Nine Black Women: An Anthology of Nineteenth Century Writers from the United States, Canada, Bermuda, and the Caribbean. Nova York: Routledge. pp. pp. 48 
  3. a b PRINCE, Mary (2017). A História de Mary Prince: Uma Escrava das Índias Ocidentais. São Paulo: Livrus 
  4. a b c d JOHNSON, Claudia D. (2006). Labor and Workplace Issues in Literature. Connecticut; Londres: Greenwood Press. pp. p.3 
  5. a b c d JOHNSON, Claudia Durst (2006). Labor and Workplace Issues in Literature. Connecticut; Londres: Greenwood. pp. p. 4 
  6. a b JOHNSON, Claudia D. (2006). Labor and Workplace Issues in Literature. Connecticut; Londres: Greenwood Press. pp. p.1 
  7. FERREIRA, Geniane Diamante Ferreira. Resistência, Subjetividade e Identidade do Sujeito Negro em Crossing River (1993), de Caryl Phillips. 2009. 130f. Dissertação (Mestrado em Estudos Literários) - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Estadual de Maringá, Maringá, PR.  
  8. «A História de Mary Prince ganha versão em português». Terra. 19 de maio de 2017. Consultado em 24 de outubro de 2019 


Bibliografia editar

FERGUSON, Moira. Nine Black Women: An Anthology of Nineteenth Century Writers from the United States, Canada, Bermuda, and the Caribbean. Nova York: Routledge. 1998.

FERREIRA, Geniane Diamante Ferreira. Resistência, Subjetividade e Identidade do Sujeito Negro em Crossing River (1993), de Caryl Phillips. 2009. 130f. Dissertação (Mestrado em Estudos Literários) - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Estadual de Maringá, Maringá, PR.

JOHNSON, Claudia D. Labor and Workplace Issues in Literature. Connecticut; Londres: Greenwood. 2006.

Ver também editar