Viara de Galapatha

A Viara de Galapatha ou Galapatha Rajamaha Viharaya é um complexo monástico budista situado em Bentota, no sudoeste do Seri Lanca. A viara supostamente remonta ao século II a.C. e nela está enterrada uma relíquia muito reverenciada pelos budistas cingaleses, um dente de do arahant Mahākāśyapa, um dos principais discípulos de Buda Śākyamuni. Anualmente é realizada uma procissão colorida em honra de Mahākāśyapa que atrai grandes multidões.[1]

História e descrição editar

Segundo a tradição, a viara de Galapatha foi fundada por Saddatissa, irmão do rei de Anuradapura Dutugamunu (r. 161–137 a.C.). A relíquia sagrada do dente de Mahākāśyapa é mencionada em crónicas como sendo comparável em importância à do dente sagrado de Buda. Da construção original do complexo de Galapatha ainda se conservam alguns pilares, canais e relevos em pedra e lagos. Há também relevos do período candiano com motivos Nari Latha de grande valor estético.[1]

Segundo o Mahāvaṃsa, o rei Sri Nissankamalla ofereceu à viara uma nindagama (herdade agrícola) com coqueiros.[a] Vários reis de Polonaruva renovaram o templo e Parakkamabahu II (r. 1234–1269), rei de Dambadenia, mandou construir uma muralha para defender Bentota, ofereceu mais terrenos de coqueiros e mandou colocar a relíquia numa chaitya (tipo de estupa), que se ergue sobre uma elevação rochosa.[1]

Após a chegada de invasores estrangeiros (portugueses e holandeses) a partir do século XVI a viara foi negligenciada até ao advento da chamada renascença budista do Ceilão protagonizada pelo monge Weliwita Saranankara (1698–1778) e o seu discípulo Dedduwa Nanda Bidhana Thera patrocinaram obras de restauro em seis aldeias de Bentota. Mais tarde foi criada uma pirivena (escola de monges) e em 1960 o complexo foi restaurado.[1]

Em frente ao templo há duas pilimages (casas de imagens): na entrada da primeira há uma sandakada pahana ("pedra de lua").[b] Nos murais que revestem as paredes há representações de cenas de contos do Jataka, enquanto o teto está pintado com Bhairavas e flores de lótus. No interior do santuário há uma estátua de Buda reclinado. Na outra pilimage há igualmente murais e estátuas de Buda deitado e sentado. As casas de imagens são reconstruções, pois as originais foram destruídas pelos portugueses no século XVI.[1]

O complexo inclui uma residência para os monges (Avasa), um edifício espaçoso com reminiscências coloniais, com janelas em arco e colunatas.[1]

Junto ao rio Bentota há uma rocha de forma oval chamada 'Nissankamalla Raja Bisawa Isnanaya Kala Istanaya (lugar onde a consorte do rei Nissankamalla se sentou para tomar banho), onde há uma inscrição onde se lê que o rei Nissankamalla do século II d.C.[a] ali esteve durante as suas viagens em redor de Bentota, num local chamado Maha Pelane.[1]

Notas editar

  1. a b Aparentemente, nas wikipédias em línguas estrangeiras não há menção a este rei Sri Nissankamalla referido na fonte usada neste trecho. O único rei com nome semelhante é Nissanka Malla de Polonaruva, do século XII,[2] o qual não pode ser mencionado no Mahāvaṃsa, já que esta é uma obra vários séculos anterior a ele. Além disso, na mesma fonte é referida uma inscrição do século II one aparece um rei Nissankamalla.
  2. Uma sandakada pahana é uma laje semicircular de pedra com relevos muito elaborados, que geralmente é colocada na base de escadarias e entradas.

Referências

  1. a b c d e f g Pradeepa, Ganga (13 de março de 2009). «Galapatha Viharaya. A once single monastic complex» (em inglês). www.DailyNews.lk. Arquivado do original em 26 de julho de 2010 
  2. Pradeepa, Lanka (19 de fevereiro de 2022). «Stone Seat of Nissankamalla (Anuradhapura Museum)» (em inglês). www.lankapradeepa.com. Consultado em 15 de junho de 2023