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Portugal Portugal Carapeços 
  Freguesia  
Símbolos
Brasão de armas de Carapeços
Brasão de armas
Localização
Carapeços está localizado em: Portugal Continental
Carapeços
Localização de Carapeços em Portugal
Coordenadas 41° 35' 04" N 8° 37' 59" O
Município Barcelos
Administração
Tipo Junta de freguesia
Características geográficas
Área total 8,12 km²
População total (2011) 2 277 hab.
Densidade 280,4 hab./km²
Outras informações
Orago São Tiago

Introdução editar

Carapeços (anteriormente chamada de Magistroi) é uma aldeia verdejante no caminho para Viana do Castelo. Uma freguesia portuguesa situada no concelho de Barcelos que possui uma área de 8.12km2 e uma população de 2227 habitantes.


História editar

Os primeiros registos da freguesia de Carapeços, anteriormente conhecida como Magistroi, remontam ao século XI sob a forma dos censos e prestações a pagar por cada aldeia à mesa episcopal. Estes registos foram elaborados por D. Pedro, o primeiro Bispo de Braga, governador da diocese de 1070 a 1093.
Sabe-se também que o topónimo atual da freguesia já se encontrava estabelecido em 1220 através das Inquirições de D. Afonso II com a designação de "Sancto Jacobo de Carapezos". Com estas informações em mente, é bem possível que a existência de Carapeços anteceda a do próprio país.

Demografia editar

População da freguesia de Carapeços (1864 – 2011) [1]
1864 1878 1890 1900 1911 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991 2001 2011
727 642 610 642 724 769 872 987 1 067 1 209 1 499 1 826 2 071 2 186 2 277

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Geografia editar

 
Fig.1 - Freguesia de Carapeços

Situada no alto Minho de Portugal, a 6km a norte de Barcelos, bem assente no Vale do Tamel, a aldeia de Carapeços é circundada pelas freguesias de Quintiães e Tamel S. Pedro Fins, Tamel Santa Leocádia, Silva, Lijó, Fragoso e por Campo S. Salvador.
A área que ocupa é bastante agradável, já que uma parte da freguesia se encontra numa soalheira encosta com uma vista privilegiada e uma outra parte numa vasta planície.

Património Cultural editar

Brasão editar

 
Fig.2 - Brasão de Carapeços

No que diz respeito à heráldica, os símbolos da freguesia de Carapeços são constituídos por Brasão, Bandeira e Selo. O brasão é composto por um escudo de ouro, vieira de vermelho entre duas espigas de centeio verde com os pés passados em aspa e atados de vermelho; em campanha, uma muralha negra, aberta e lavrada de prata firmada; por fim, uma coroa mural de prata de três torres e um listel branco, com a legenda a negro: "Carapeços". As espigas de centeio representam as atividades económicas implantadas na freguesia, dando maior destaque à agricultura. A vieira, por sua vez, representa S. Tiago. Já o pano de muralha representa o património arqueológico da freguesia de Carapeços. A bandeira é verde, composta por cordão de borlas de ouro e verde com haste e lança de ouro e, por fim, o selo apresenta-se conforme a lei, tendo nele inscrito “Junta de Freguesia de Carapeços – Barcelos”.

Edifícios e Lugares de Relevo editar

Igreja de Carapeços editar

 
Fig.3 - Igreja de Carapeços

A primeira referência à sua existência surge num documento religioso datado de 1757, que sugere a existência de uma igreja românica, porém não há qualquer tipo de informação referente à data da sua construção ou a uma das suas características que permitiriam data-la através da análise da arquitectura. Com vários séculos de existência e com um estado avançado de deterioração, a igreja não tinha condições para ser utilizada para as comemorações das Festas em honra de S. Tiago. Em 1 de março de 1979, após um generoso donativo de um dos paroquianos emigrado no Brasil e de um impulso dado pela comissão de festas de 1978, foi possível proceder ao início das obras de restauração do edifício. A igreja foi ampliada e remodelada de forma a servir toda a população de Carapeços. Este porém, não foi um processo pacífico, pois uma grande parte da população encontrava-se contra o alargamento da igreja, considerando que esta estava a ser destruída e não remodelada pondo em causa a estrutura arquitetónica do edifício.
A remodelação foi efetuada em duas fases: ampliação e restauro do templo e o arranjo do adro, da sede e da casa paroquial. As obras também permitiram recolher informação sobre o edifício e sobre as várias remodelações que este sofreu ao longo dos tempos. A restauração permitiu ampliar o recinto através da adição de duas sacristias, duas capelas laterais, remodelar a fachada e a torre, e a 25 de julho 1986 estas finalmente foram concluídas. Da Igreja inicial apenas permanecem duas paredes em pedra e a gárgula da fachada que poderá ajudar na descoberta da época da sua construção.

Quinta da Madureira editar

 
Fig.4 - Quinta da Madureira

Antigamente conhecida como quinta de Carapeços, é a propriedade mais importante da freguesia. Aqui viveu João Carapeços, uma pessoa de grande importância para história da freguesia, tanto pelo seu vasto património como pela influência que exercia na região e que acabou por adotar o nome do local onde detinha grande parte das suas terras - Carapeços. Infelizmente, a quinta já não existe, mas não se pode esquecer que está indiretamente ligada a uma das histórias mais interessantes do Reino de Portugal - a morte de D. Inês de Castro.

Esta quinta data provavelmente do séc. XIV, as primeiras referências à sua existência surgem nesta altura. Foi uma casa abastada de lavoura sob o comando do seu primeiro proprietário João de Carapeços. Mais tarde, passou a pertencer a D. Pedro Afonso, conde de Barcelos (e depois rei de Portugal) que a ofereceu a Pêro Coelho, grande conselheiro do rei D. Afonso IV. Mas devido ao envolvimento de Pêro Coelho no assassinato de D. Inês de Castro, D. Pedro retirou-lhe a Quinta.

Esta quinta foi propriedade do Arcebispo de Braga, D. Gonçalo Pereira Vasco Domingues. Através de informações obtidas por documentos eclesiásticos deixados por este último sabe-se que na quinta existia uma grande torre e uma capela. Infelizmente, ordens foram dadas pelo novo dono, e a quinta foi demolida e toda a sua pedra e revestimento foram levados para Braga para a construção de uma muralha. Posteriormente, já em 1758, procederam à salgação1 da quinta. A quinta foi vendida mais tarde a uma família de posses. Anteriormente uma casa abastada e produtiva, agora existe apenas uma casa de lavradores, a Casa da Madureira, que preserva a memória do que um dia foi a mais importante quinta de Carapeços. Pode-se ainda encontrar no seu celeiro alguns móveis e tulhas2, reminiscências do seu passado.

  1. Processo que serve para deixar a terra inóspita e infértil por alguns anos.
  2. Locais onde se guardavam os cereais e alimentos.


Quinta da Pia editar

 
Fig.5 - Quinta da Pia

É uma grande propriedade que engloba a sua própria capela, salões, uma grande casa, uma enorme varanda em granito e também uma torre (porém recente) em pedra, cujos antigos proprietários detinham o apelido de Duarte, nomeadamente Paulo José Duarte, e mais tarde herdada pela sua trineta Maria de Lurdes Cameira. É de realçar também que esta família é descendente da nobreza, mais propriamente de Reis de Portugal. A casa sofreu várias alterações ao longo do tempo, tendo os donos arrecadado várias relíquias para esta propriedade. Um grande exemplo destas é a fachada da capela que está datada de 1585, porém, através de testemunhos confirma-se que a mesma fachada pertencia a uma outra propriedade rica. Também a sua grandiosa entrada foi trazida de um velho convento de uma freguesia próxima. A Quinta da Pia é conhecida pelas suas várias fontes e cursos de águas, mas a fonte de água principal é uma pia, a pia que pertencia à Quinta da Madureira, ficando assim conhecida como Quinta da Pia. Esta propriedade foi muitas vezes modificada, porém nunca se afastando muito do original. Atualmente, é uma quinta onde decorrem eventos como casamentos, batizados e convívios da freguesia.

Quinta da Coutada editar

 
Fig.6 - Quinta da Coutada

É provavelmente a maior quinta de Carapeços, com uma propriedade rústica e outra urbana de característica agrícola, que contém a moradia principal e anexos assim como uma capela. Esta propriedade esteve na posse de um desconhecido para a freguesia, com o apelido de Guerra. Todavia, por motivos financeiros, este anónimo, que tinha posses por residir em Terras de Vera Cruz, vendeu a quinta na sua totalidade. Com o passar dos anos, o mesmo se passou com vários proprietários que nunca se interessaram verdadeiramente pela quinta, talvez por ser extensa demais, por conter terras para agricultura e também de floresta. Em 1990, aparece um proprietário que apresenta bastante interesse nesta, António Tomé da Costa Pereira, médico de profissão de origem Carapecense. Este homem procedeu então à reconstrução da parte mais rústica, nomeadamente a casa agrícola. De seguida, decidiu transformar a parte que detinha numa mansão num recinto de luxo. Foi também nesta maré de reconstrução que o proprietário transformou uma antiga adega numa capela particular, dedicada ao Sagrado Coração de Jesus e à Imaculada Conceição. Esta capela detém uma grande quantidade de relíquias, incluindo imagens de santos e três pinturas de óleo antigas. Relativamente à parte urbana, os terrenos serviram para a construção de um aldeamento que contém moradias e também negócios locais.

Capela de Sta. Catarina editar

Antigamente existiu a capela de Sta. Catarina que, na atualidade, deu o nome onde se encontrava. O documento mais antigo referente à capela é de 1758, onde o pároco descreve que a capela continha imagens de vários santos, particularmente da Senhora da Glória, que naquele tempo era admirada pelos seus milagres, fazendo com que existissem romarias à capela. No entanto,mais tarde, esta capela foi abandonada. Em 1921, referiam que estava em ruínas e que “só consta de péssimas paredes já demolidas e retiradas parte dessas pedras por amigos do alheio”. Foram, mais tarde, retirados todos os destroços para dar lugar à venda do terreno. Mas, com o passar dos anos, as tradições e o património são cada vez mais valorizados pelo povo e atualmente, no mesmo lugar, está a decorrer a construção de uma nova capela em memória de Sta. Catarina, padroeira do local, que será inaugurada em breve.

Castro de Carapeços editar

É o património mais antigo de Carapeços. Este lugar detém ruínas de um povo da Idade do Ferro, segundo os vestígios e relíquias encontradas, como, por exemplo, moedas. A data mais provável do auge deste povoado é do séc. I a.C. que talvez tenha durado até ao séc. V d.C. Este castro situa-se na acrópole, isto é, na parte mais alta. Era constituído por 30 núcleos de 3 casas compostas cada, por uma estimativa de quatro elementos por casa, o que faria uma povoação com cerca de 120 habitantes. É visível um sistema defensivo, contendo duas muralhas e dois fossos que tinham como principal função a proteção desse mesmo povo.
A sua descoberta foi feita por um engenheiro, João Alvelos, filho do dono do terreno onde jazia o tesouro antigo. Além da descoberta das casas, foram também encontradas peças de cerâmica castreja, como, por exemplo, pedaços de potes de panelas que provavelmente serviam para uso doméstico. Outras preciosidades encontradas foram mós manuais, pesos de tear e de 12 cossoiros, que demonstram que o povoamento fabricava pão e fazia tecelagem. Acrescentando, é justo confirmar que esta povoação permaneceu no local até pelo menos ao Séc. V. Como prova de tal afirmação, foram encontrados vestígios de tégula, um material como cobertura das casas, e, de “peso de medida com argola de ferro cravada em chumbo” testemunhado pelo Eng. João Alvelos. Outra prova das origens romanas na civilização é o aparecimento de uma moeda que contém a efígie de Maximino II. As escavações e estudos sobre o local ficaram estagnadas, tendo dito o descobridor de tal tesouro que ainda deve haver bastante história por desenterrar, literalmente. Este local deu origens a várias histórias e lendas, contadas pelos mais sábios e relembradas pelos seus descendentes que passam o testemunho até aos dias de hoje.

Moinhos editar

De acordo com vários testemunhos, Carapeços não foi terra de grandes moleiros, porém, foram descobertos uma série de moinhos que, pelas vozes mais sábias, funcionaram durante bastantes anos. Com o tempo, não se mudam só as vontades, mas também a natureza em si e acabaram-se os recursos para o seu funcionamento. A data mais antiga que aparece sobre estes moinhos é de 1758, onde o autor do informe relata a existência de 14 moinhos e 1 azenha. Relata também que existe “um lagar de azeite, o monte com belos pastos, casa de perdiz Lebres (…)”[1].
Existiu um moinho em particular cujos mais antigos recordam com saudade, onde lá paravam debaixo de um sobreiro para conversarem e namoriscarem, recordando o auge do moinho. Hoje restam apenas os seus alicerces pois foi retirada toda a pedra do mesmo. Mais tarde apareceram os moinhos elétricos ficando apenas as recordações do árduo trabalho e da vida que se fez em volta daqueles 14 moinhos.
[1]“FRG.ª de S. THIAGO de CARAPESSOS VEZITA do ARCEDIAGADO de NEIVA”, transcrito do Abade Bernardo de Barro, 2 de maio de 1758

Instituições Culturais e Desportivas editar

Associação Cultural e Desportiva de Carapeços editar

A Associação Cultural e Desportiva de Carapeços (ACDC) foi fundada a 16 de novembro de 1988. Grupo dedicado à prática de futebol, tendo atualmente duas equipas no ativo: seniores masculino e de futebol feminino, sendo que ambas competem no Campeonato Popular de Barcelos.

Rancho Folclórico de Santiago de Carapeços editar

O Rancho Folclórico de Santiago Tiago de Carapeços foi fundado em 1988 com cerca de 45 elementos. Este grupo fez, no seu início, recolha dos cantares e danças características de Carapeços e de freguesias vizinhas. Estes cantares eram usados durante o trabalho árduo do campo e serviam para suavizar o esforço despendido. O rancho é uma das formas de “transportar” os tempos passados para os nossos dias, nomeadamente no que concerne aos trajes, às danças e aos cantares.

Fanfarra de Santiago editar

A Fanfarra de S. Tiago de Carapeços pertenceu, inicialmente, ao Agrupamento de Escuteiros de Carapeços. Este agrupamento de escuteiros foi extinto e deu origem à “fanfarra”, que continuou a abrilhantar festas e romarias.

Coral Magistrói editar

O Coral Magistrói, também conhecido como Orfeão de Carapeços, foi fundado em 1977 como Grupo Social Artístico e Cultural de Carapeços. Este grupo, denominado pela sigla GSACC pretendia promover atividades culturais e artísticas; no entanto, apenas se dedicou à música. A fundação deste grupo deve-se a José Franklim Coutada Pereira e a Manuel dos Santos Fonseca, sendo o primeiro o principal fundador, e o segundo o único Diretor Artístico e ensaiador. O Coral Magistrói considera-se irmão de todos os povos e canta temas de terra a terra, sob o lema: "seja o mundo inteiro um orfeão".

Coral de Carapeços editar

O grupo Coral de Carapeços também conhecido como Coro Paroquial, é o mais antigo grupo da terra. Foi um grupo litúrgico à moda antiga, no entanto, participavam na vida e nos cantares do povo a que pertenciam.

Grupo de Jovens de Santiago de Carapeços editar

O Grupo de Jovens de Santiago de Carapeços, Kyrios, é um grupo de inspiração Cristã composto por jovens de Carapeços, cujo objetivo passa pela integração na vida paroquial e social. De salientar que este grupo tem elevado prestígio e abrilhanta várias cerimónias religiosas.

Teatro Popular de Carapeços editar

O Grupo de teatro amador de Carapeços foi fundado em 1996 como Secção Cultural da ACDC, conta com cerca de 50 elementos repartidos por quatro secções, o TPC, o TPCjúnior, constituído por jovens, o TPCzinho (criado em 1999), a secção dos mais novos, e o TPoesiaC, secção dedicada à poesia. O Teatro Popular de Carapeços é um dos maiores e mais prestigiados grupos de teatro do distrito de Braga, tendo já arrecadado vários prémios. O TPC representa obras teatrais populares, realiza recitais de poesia e apresenta somente autores de língua portuguesa.

Gastronomia editar

A gastronomia própria desta freguesia é comum a grande parte do Minho e qualquer pessoa do Norte de Portugal conhece-as e adora-as. As principais receitas que caracterizam o povoado de Carapeços são:

  • Rojões à Moda do Minho.
  • Arroz Pica no Chão.
  • Caldo verde.
  • Papas de Sarrabulho.
  • Leite creme.
  • Pudim caseiro.
  • Eclairs.
  • Doces de romaria.
  • Rabanadas minhotas.

Ligações Externas editar

Carapeços Online

Notícias e ocorrências na Freguesia de Carapeços.

Junta de Freguesia de Carapeços

Associações Culturais


Galeria editar

Bibliografia editar

  • Da Costa Pereira, Alcino (2005). Património Religioso e Civil de Carapeços e Santa Leocádia. Barcelos
  • Da Costa Pereira, Alcino (1988). Carapeços- O Tempo e o Povo. Barcelos
  • Da Costa Pereira, Alcino (1962-2002). A História de Carapeços e Santa Leocádia de Tamel. Barcelos
  • Ferreira Rodrigues, Francisco António (1967). Retrato de Vida. Nampula, Moçambique
  • Leirós, Vicente (1997). O Jogo da Bola de Carapeços. Barcelos
  • Revista Conselho de Barcelos- Freguesias, fascículo nº 22. Barcelos, Jornal de Barcelos
  1. Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes