Wittenoom
Nome oficial
(en) Wittenoom
Geografia
País
Estado
Shire of Western Australia
Shire of Ashburton (en)
Área
353,1 km2
Coordenadas
Demografia
População
0 hab. ()
Densidade
0 hab./km2 ()
Funcionamento
Estatuto
former town (d)
História
Origem do nome
Frank Wittenoom (en)
Fundação
Identificadores
Código postal
6751
Mapa

Wittenoom foi uma cidade industrial de extração de amianto azul (crocidolita), localizada na região de Pilbara, na Austrália Ocidental. A cidade é perigosa pelo alto nível de contaminação por amianto e é considerada a maior área contaminada no hemisfério sul. O Governo da Austrália fechou a área e aboliu Wittenoom de ser uma cidade.[1][2][3][4]

História editar

No ano de 1944, construíram uma pensão para os mineradores de Wittenoom e foi autorizado um local para a construção de casas. E neste mesmo ano, o Conselho Principal de Estradas construiu uma estrada interligando a futura cidade às minas. A construção da cidade passou por dificuldades devido a distância e a falta de materiais de construção, então o governo federal e o governo estadual passaram a dar apoio com subsídios, e a maioria das residências de Wittenoom receberam patrocínio público da Comissão Estadual de Habitação. Em 1959, foi estabelecido um acordo entre a Comissão Estadual de Habitação e a empresa Australian Blue Asbestos, onde a empresa assumiria a gestão e manutenção de todas as residências. [2]

A cidade foi fechada devido ao alto risco de contaminação por amianto azul. No ano de 2007, o Governo Federal aboliu Wittenoom formalmente de ser uma cidade, parou com as prestações de serviços públicos e instalou placas de alertas. Comprou a maioria das propriedades particulares através de venda voluntária, com exceção de 14 unidades, que não entraram em um acordo com o governo.[4][5]

Minas de amianto azul editar

No ano de 1930, Lang Hancock descobriu a existência de amianto azul (crocidolita) na região do desfiladeiro de Wittenoom. Entre os anos de 1938 e 1943, Hancock e Albert Wright, sócio de Hancock, começaram a explorar as minas. A exploração do amianto azul era bem rudimentar, sendo extraído com explosivos, picaretas, pás e moinhos, e levados de carrinho, por 320 quilômetros, até o trem de carga. Em 1943, a Colonial Sugar Refinery Company (CSR) arrendou 51% das minas de Wittenoom e fundou a Australian Blue Asbestos (ABA). E, em 1949, a ABA comprou a parte de Hancock e Wright, se tronando proprietária integral das minas.[1][2]

A mina foi mecanizada, mas a extração ainda era rudimentar, feita por moinhos que acabavam produzindo excessiva poeira de amianto, o minério era ensacado manualmente em sacos de juta e os mineradores usavam proteções respiratórias de pano fornecida pela empresa, mas não era uma exigência. A partir de 1957, o conhecimento sobre o perigo da poeira de amianto em Wittenoom tornou-se inegável. Em 1958, seis mineiros apresentaram asbestose pulmonar, sendo que alguns deles tinham apenas seis anos de exposição ao amianto. No ano de 1959, houve a primeira morte de um minerador por mesotelioma. E em 1966, a Australian Blue Asbestos (ABA) encerrou as atividades devido a crescente evidência médica de doença ocupacional causada pelo amianto.[1][2]

Moradores e mineradores editar

Cerca de 6.485 homens e 410 mulheres foram registrados como funcionários da Australian Blue Asbestos (ABA). A maioria dos trabalhadores eram imigrantes vindos da Europa após a Segunda Guerra Mundial.[2]

Após o fechamento das minas de Wittenoom, estudos de acompanhamento da saúde dos ex-trabalhadores das minas são feitas. No ano de 1980, havia 195 casos de asbestose e 64 casos de mesotelioma entre os trabalhadores da Australian Blue Asbestos (ABA). E nos anos seguintes houve um aumento nos casos. Mais de 1.200 pessoas, entre moradores e funcionários da ABA, morreram devido a mesotelioma e câncer nos pulmões.[2][5]

Referências

  1. a b c Musk, Arthur W Bill; Reid, Alison; Olsen, Nola; Hobbs, Michael; Armstrong, Bruce; Franklin, Peter; Hui, Jennie; Layman, Lenore; Merler, Enzo (1 de abril de 2020). «The Wittenoom legacy». International journal of epidemiology (2): 467–476. ISSN 1464-3685. doi:10.1093/ije/dyz204. Consultado em 20 de setembro de 2022 
  2. a b c d e f McCulloch, Jock (1 de fevereiro de 2006). «The Mine at Wittenoom: Blue Asbestos, Labour and Occupational Disease». Labor History (1): 1–19. ISSN 0023-656X. doi:10.1080/00236560500385884. Consultado em 21 de setembro de 2022 
  3. «It's the largest contaminated area in the southern hemisphere. So why are people still travelling there?». ABC (em inglês). 12 de agosto de 2021. Consultado em 21 de setembro de 2022 
  4. a b MacTiernan, Hon Alannah. (27 de outubro de 2021). Wittenoom Closure Bill 2021. (em inglês). Parliament of the Government of Western Australia.
  5. a b Robinson, Tom; Verity, Gorman; Williams, Eddie (24 de março de 2022). «Bill to deter 'idiotic' influencers from asbestos-riddled town passes parliament». ABC News (em inglês). Consultado em 21 de setembro de 2022