Francisco de Assis Araújo

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Francisco de Assis Araújo, mais conhecido como Chicão (Tribo Xukuru, 23 de março de 1950 – Pesqueira, 20 de maio de 1998) foi um líder indígena brasileiro.

Francisco de Assis Araújo
Nascimento 23 de março de 1950
Morte 20 de maio de 1998
Pesqueira
Cidadania Brasil
Ocupação líder ameríndio

Biografia editar

Filho dos índios Cícero Pereira Araújo e Quitéria de Araújo, viveu até seus 18 anos na aldeia Xukuru próxima a cidade de Pesqueira-PE.
Com a maioridade, mudou-se para a cidade com o objetivo de servir o Exército Brasileiro. Permaneceu em Pesqueira durante um ano.
Ao retornar à sua aldeia natal, conheceu a índia Zenilda, por quem se apaixonou, e, anos mais tarde, em 1964, contraiu matrimônio. Juntos, tiveram 7 filhos.
Em 1989, foi escolhido pelos índios o novo Cacique Geral da aldeia Xukuru (que engloba ao todo 23 aldeias).
Como cacique, Chicão preocupou-se em lutar contra a ocupação de terras por posseiros, antes demarcadas pela FUNAI e que deveriam estar em poder dos índios.
Com esse intuito, no dia 5 de novembro de 1990, os Xukurus invadiram a área da Pedra D'Água e lá ficaram por cerca de 90 dias, desocupando o local somente após negociações com a FUNAI.
Devido a esses e outros feitos, o cacique passou a ser odiado por fazendeiros e posseiros, que sentindo-se contrariados, passaram a fazer ameaças de morte à Chicão.

Assassinato editar

No dia 20 de maio de 1998, perto das 9h da manhã, na cidade de Pesqueira, um homem para o cacique e inicia uma conversa que se estende por, aproximadamente 5 minutos.
Terminada a conversa, Chicão despede-se do indivíduo e se dirige ao jipe da FUNAI que iria guiar, estacionado em frente à casa de sua irmã. Este mesmo homem com quem o índio havia conversado, aproximou-se do cacique, já dentro do carro e deu seis tiros à queima-roupa. Dois deles atingindo mortalmente seu pescoço. Chicão morreu a caminho do hospital.
O assassino nunca foi identificado, contudo, há suspeitas que o crime tenha sido encomendado por latifundiários e/ou posseiros contrários às lutas sociais dos índios.


O assassino foi identificado, julgado e condenado, seu nome: Rivaldo Siqueira, vulgo "Riva de Alceu". Preso, foi morto dentro da carceragem da Polícia Federal. Um dos mandantes do crime do cacique Chicão, também identificado, processado e condenado, preso, dentro da carceragem da Polícia Federal se suicida. O fazendeiro, de idade avançada, inclusive, era conhecido como "Zé de Riva". Está tudo no processo.

Música editar

O grupo Mundo Livre S.A. fez uma música em homenagem ao Cacique Chicão chamada "O Outro Mundo de Chicão Xukuru" :

Numa faixa de terra de 28 mil hectares
localizada no Agreste pernambucano,
habitam cerca de 8 mil seres da espécie humana.

Eles não querem vingança
Eles só querem justiça
Querem punição para os covardes assassinos
de seu bravo cacique Chicão

Eles não querem vingança
Eles só querem justiça,
justiça, justiça

Distribuídos por 23 aldeias
Permanecem resistindo após quase 500 anos de massacre e perseguições.
Reivindicando, nada menos, que o reconhecimento e a demarcação da terra sagrada que herdaram de seus ancestrais.

Ele não vai ser enterrado
Ele não vai ser sepultado
Ele vai ser plantado
para que dele nasçam novos guerreiros

As autoridades policiais tinham pleno conhecimento dos atentados e das ameaças.
Ainda assim, nada fizeram para evitar mais este crime, muito conveniente para os latifundiários da região.

"Nós não temos a terra como um objeto de especulação
A gente sabe que quando Deus criou a terra, Ele não criou para ninguém fazer da terra um comércio"

Muito conveniente para os latifundiários da região

Justiça...

Comenta-se que alguns deles têm parentesco com certos figurões da "República Branca", entre eles um, apelidado pelos federais de "Cacique Marcão".

"Então se nós dependêssemos unicamente dos parlamentares brasileiros, então, dos índios do Brasil, não existiria mais nenhum, o resto já tinha sido todo morto queimado, assim como queimaram Galdino"

Ele não vai ser enterrado
Ele não vai ser sepultado
Ele vai ser plantado
para que dele nasçam novos guerreiros

Ele vai ser plantado
assim como vivia
debaixo das vossas sombras
Para que de vós nasçam novos guerreiros.

E a nossa luta não para
E a nossa luta não para
E a nossa luta não para

"Vocês têm certeza, têm consciência de que eu sou ameaçado"

"de que eu sou ameaçado..."

Ligações externas editar