Fábrica Fratelli Vita

Bem tombado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia na cidade de Salvador
(Redirecionado de Fratelli Vita)

A Antiga Fábrica Fratelli Vita é uma edificação fundada em 1920 e localizada no bairro da Calçada, no município de Salvador, capital do estado brasileiro da Bahia.[1] No início, funcionou como a fábrica da empresa de refrigerantes e cristais Fratelli Vita[1] e, desde o início do século XXI, abriga o Campus Fratelli Vita do Centro Universitário Estácio da Bahia (Estácio FIB).[2]

Fábrica Fratelli Vita
Fábrica Fratelli Vita
Fábrica Fratelli em Salvador.
Inauguração 1920
Proprietário inicial Fratelli Vita
Função inicial fábrica
Proprietário atual Centro Universitário Estácio da Bahia
Função atual faculdade
Património nacional
Classificação Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural do Estado da Bahia
Geografia
País  Brasil
Cidade Salvador, BA
R. Barão de Cotegipe, Calçada
Coordenadas 12° 56' 31" S 38° 30' 11" O

História editar

A Península de Itapagipe era uma área industrial que concentrou variadas fábricas em Salvador no século XX.[3] Nesse contexto, a empresa de refrigerantes e cristais Fratelli Vita do imigrante italiano Giuseppe Vita fundou a sua fábrica no ano de 1920 em terreno da rua Barão de Cotegipe no bairro de Calçada, no município de Salvador.[4][5] Ali eram fabricados refrigerantes à base de frutas,[6][7][8] após uma experiência de fabricação de licores no município baiano de Alagoinhas.[5][9] A Companhia Cervejaria Brahma adquiriu o prédio em 1972, junto com a marca de refrigerantes.[1][10]

Logo no início do século XXI, várias das fábricas então existentes em Itapagipe encontravam-se em ruínas.[3] No ano de 2002, o prédio passou pelo processo de tombamento histórico junto ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), órgão do governo estadual da Bahia responsável por preservar a memória do estado.[4][11] Segundo o IPAC, a fábrica representa um pedaço importante da história da indústria baiana.[4][12]

Ao fim de 2006, o Centro Universitário Estácio da Bahia (Estácio FIB) anunciou o fim das negociações de três anos para adquirir o terreno de 16,5 mil metros quadrados da rua Barão de Cotegipe.[13] Com a compra, a instituição de ensino então começou a transformação gradual, ao longo de cinco anos, do prédio da fábrica em um de seus câmpus.[13] Com o projeto desenvolvido por estudantes de mestrado da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e orçamento de 25 milhões de reais, a Estácio FIB projetou o restauro da fachada do imóvel, o uso do pátio central como área de exposições, o início das aulas em janeiro de 2007 e a oferta de duas mil vagas em cursos de graduação em 2012.[13]

Assim, o prédio funciona como o Campus Fratelli Vita, vinculado à Estácio FIB.[14] Nesse câmpus, são ministrados cursos de diversas áreas como Administração, Direito, Enfermagem, Nutrição, dentre outros cursos.[14] Ainda possui uma biblioteca e laboratório de informática na antiga fábrica.[15]

A antiga fábrica da rua Barão de Cotegipe: a porção superior central da fachada (à esquerda) e a calçada em pedra portuguesa com o sobrenome do fundador da empresa (à direita).

Fratelli Vita editar

Fratelli Vita
 
Fábrica Fratelli Vita
Propaganda no Elevador Lacerda (c. 1920), com a inscrição Gazosas? Só de Fratelli Vita.
empresa privada
Gênero indústria de bebidas, indústria do vidro
Fundação 1902
Fundador(es) Giuseppe Vita
Encerramento 1962
Sede Salvador
Produtos refrigerantes, cristais e garrafas de vidro
Website oficial www.fratellivita.com.br

A Fratelli Vita foi uma empresa brasileira fabricante de garrafas de vidro,[16] de cristais e de refrigerantes.[17] Foi fundada, na Bahia em 1902,[16] pelo imigrante italiano Giuseppe Vita.[17] Com as dificuldades na importação das garrafas de vidro para os refrigerantes durante a Primeira Guerra Mundial, passou a fabricá-las também.[17] A fabricação de cristais veio por último,[17] a partir da década de 1950, e resultou em reconhecimento internacional pela qualidade e beleza dos cristais produzidos.[6][7][8]

A fundação da empresa envolve a chegada do italiano Giuseppe Vita da comuna de Trecchina que, chegando à Bahia, estudou e fabricou aparelhos de iluminação com gás acetileno e carboneto, chegando a produzir até um aparelho por dia.[18][19] Posteriormente, Vita fundou, em Alagoinhas, uma fábrica pequena de licores que mais tarde foi transferida para Salvador, dando origem à fábrica fundada no ano de 1920.[5][9]

A empresa patrocinou o trio elétrico Dodô e Osmar[17] em 1952,[20] ofertando um caminhão decorado para a apresentação musical no Carnaval de Salvador, o que originou o formato utilizado desde então.[20] Também patrocinou a participação da modelo baiana Martha Rocha no Miss Brasil, na edição de 1954 do concurso de beleza vencida pela modelo.[17]

A expansão da marca devido ao sucesso do refrigerante fez com uma filial fosse aberta em Recife, dominando o mercado baiano e chegando na época a superar a Coca-Cola.[19][21] A empresa encerrou as atividades em 1962.[17] No ano de 1972, a Companhia Cervejaria Brahma adquiriu a marca de refrigerantes e o prédio.[1][10]

Jário Vita, neto do fundador da empresa, guarda um acervo de peças de cristal produzidas pela empresa, incluindo taças marcadas com o brasão nacional produzidas por encomenda de Sarah Kubitscheck, então primeira-dama do Brasil.[17]

Ver também editar

Referências

  1. a b c d «Salvador - Antiga Fábrica Fratelli Vita». iPatrimônio. Consultado em 29 de julho de 2021 
  2. «Fratelli Vita». Estácio. Consultado em 3 de maio de 2017 
  3. a b TV Bahia (30 de agosto de 2005). «Da colonização a Revitalização». Rede Bahia Revista. Consultado em 22 de agosto de 2021. Arquivado do original em 30 de agosto de 2005 
  4. a b c «Antiga Fábrica Fratelli Vita». Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia. Consultado em 29 de julho de 2021 
  5. a b c Uzêda, Eduarda (23 de abril de 2015). «Livro lembra tempos áureos de fábrica de refrigerante». A Tarde. Consultado em 29 de julho de 2021 
  6. a b Mello, Camila (28 de maio de 2010). «O verdadeiro e belo cristal da Fratelli Vita». Jornal Correio. Consultado em 29 de julho de 2021 
  7. a b Gordilho, Viga (2009). «Ruínas Fratelli Vita: intervenções, teorias e técnicas de processos artísticos» (PDF). Editora da Universidade Federal da Bahia. Consultado em 29 de julho de 2021 
  8. a b Cadena, Nelson (1 de agosto de 2012). «As deliciosas e desejadas bebidas da Fratelli Vita | Memorias da Bahia». iBahia. Consultado em 29 de julho de 2021 
  9. a b Flexor, Maria (2011). «Península de Itapagipe: patrimônio industrial e natural» (PDF). Editora da Universidade Federal da Bahia. Consultado em 29 de julho de 2021 
  10. a b Toscano, Frederico (8 de maio de 2019). «A Indústria Nordestina de Refrigerantes». Museu do Açúcar e Doce. Consultado em 29 de julho de 2021 
  11. «Institucional». Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia. Consultado em 29 de julho de 2021 
  12. Machado, Fernando (3 de março de 2015). «A História da Fratelli Vita no Recife |». Fernando Machado. Consultado em 29 de julho de 2021 
  13. a b c «Prédio da Fratelli Vita abrigará campus da FIB». Jornal da Mídia. 16 de novembro de 2006. Consultado em 22 de agosto de 2021. Arquivado do original em 27 de setembro de 2007 
  14. a b «Fratelli Vita». Estácio. Consultado em 3 de maio de 2017 
  15. «Biblioteca». Centro Universitário Estácio da Bahia. Consultado em 29 de julho de 2021 
  16. a b «História do vidro». Sindicato dos Vidreiros-SP. Consultado em 22 de agosto de 2021. Arquivado do original em 28 de setembro de 2007 
  17. a b c d e f g h TV Bahia (30 de agosto de 2005). «Da colonização a Revitalização». Rede Bahia Revista. Consultado em 22 de agosto de 2021. Arquivado do original em 30 de agosto de 2005 
  18. Lago, Beto. «O melhor guaraná de todos os tempos | Negócios PE». Revista Negócios PE. Consultado em 29 de julho de 2021 
  19. a b Pantoja, Renato (24 de fevereiro de 2011). «A fábrica Fratelli Vita no Recife». Lugares esquecidos - explorações urbanas. Consultado em 29 de julho de 2021 
  20. a b «Trio Elétrico Dodô e Osmar - Dados Artísticos». Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. Consultado em 22 de agosto de 2021 
  21. Lima, Helder (17 de abril de 2015). «Livro traz história de bebida que dificultou a chegada da Coca-Cola ao país». Rede Brasil Atual. Consultado em 29 de julho de 2021 

Bibliografia editar

  • Gustavo Arruda (2014). A história da Fratelli Vita no Recife. [S.l.]: Perse. 86 páginas 

Ligações externas editar