Plan Rubber

Plano militar norte-americano de invasão do Nordeste brasileiro na Segunda Guerra Mundial


O Plan Rubber (Plano Borracha, em livre tradução) foi o codinome dado pelos militares dos Estados Unidos ao Joint Basic Plan for the Occupation of Northeast Brazil, J. B., Serial 737 (Plano Básico Conjunto para a Ocupação do Nordeste do Brasil, Conselho Conjunto, Série 737, em livre tradução), de 21 de dezembro de 1941,[1] um plano de invasão e ocupação da costa do nordeste do Brasil a partir das praias de Natal pelas Forças Armadas dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial.

Plan Rubber

Mapa da Zona de Defesa do Atlântico Ocidental
Características
Classificação invasão
operação militar
Parte de Segunda Guerra Mundial Edit this on Wikidata
Localização
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O plano foi elaborado por causa da incerteza estadunidense de que o Brasil entraria na guerra ao lado das Potências do Eixo, facilitaria ações contra os Aliados ou criaria embaraços ao deslocamento das tropas daquele país tanto na rota do Atlântico quanto para as Filipinas, onde as tropas do general Douglas MacArthur estavam sitiadas.[1]

Preparado pela assessoria militar do presidente Franklin D. Roosevelt, este porém confiou no sucesso das iniciativas diplomáticas em andamento junto ao ditador brasileiro Getúlio Vargas, que foi efetivado e o plano jamais chegou a ser executado. Os acervos contendo esses dados estão disponíveis na Biblioteca Presidencial e Museu Franklin D. Roosevelt em Nova Iorque, e nos Arquivos Nacionais e Administração de Documentos dos Estados Unidos.[1][2]

Contexto bélico e histórico editar

O ataque japonês à base de Pearl Harbor colocou os Estados Unidos diretamente no conflito mundial, que até então envolvera basicamente as potências europeias e suas colônias, e interrompeu a via aérea de transporte até sua colônia nas Filipinas, bem como a fez cessar o tráfego no Atlântico Norte no inverno naquele ano de 1941, de modo que o Atlântico Sul acabou se tornando a única via possível para acessar o norte africano e a Europa.[3]

A Conferência Arcádia, realizada entre dezembro de 1941 e janeiro de 1942 entre as cúpulas militares britânica e estadunidense, reforçou como essencial o controle militar Aliado do Nordeste brasileiro. Havia um receio de que os alemães, sendo detidos no seu avanço sobre a União Soviética, decidissem invadir Espanha e Portugal e assim dificultassem o acesso das forças e ajuda estadunidense à Europa, de forma que foi decidida a importância urgente de se controlar o Nordeste do Brasil como forma de ter o controle de sua importante localização estratégica.[3]

O Brasil significava, ainda, um importante fornecedor de matérias-primas, sobretudo a borracha, cuja exploração era exclusividade da estadunidense Rubber Reserve Company.[4] Com o objetivo de assegurar o controle militar na região Nordeste os estadunidenses tinham elaborado o chamado Plano LILAC (nomeado “Operation Plan of North-east Brazil Theater” (Code name: Lilac). NA/RG 407, Operations Branch A.G. n. 29.[5]), que previa o estabelecimento de milhares de soldados em bases aéreas a serem criadas em Belém, Recife e Natal - onde haveria o maior contingente, e assegurariam a tranquilidade americana no país e no Atlântico Sul.[6]

Situação brasileira editar

Lideranças militares brasileiras simpáticas ao nazismo
Dutra, Ministro da Guerra
General Góis Monteiro, Chefe do Estado-Maior
Müller, assessor de Monteiro

No Brasil, a situação com relação aos aliados era incerta na opinião de alguns militares estadunidenses. A ditadura Vargas havia se estabelecido no país com base no fascismo em 1937, a ponto de o diplomata Myron C. Taylor haver declarado a Roosevelt: "Vargas, sendo um ditador, embora benevolente, tem inclinações para os ditadores da Europa."[1]

 
Juventude Hitlerista brasileira, na década de 1930.
 
Com o lema "Deus, pátria e família", nazistas gaúchos pedem a Oswaldo Aranha a proibição da entrada de judeus no Brasil, 1938

A invasão nazista da União Soviética e seu rápido avanço rumo a Moscou, em novembro, fez com que a população de origem alemã no Brasil de cerca de 1,5 milhão de habitantes (concentrada maiormente na Região Sul), bem como os elementos simpáticos ao nazismo do Exército, se manifestassem mais ostensivamente. Entre esses últimos se destacava a figura do general Góis Monteiro, Chefe do Estado-Maior do Exército que, numa ação simbólica, declarou o Chefe da Missão Militar dos EUA no Brasil, o brigadeiro-general Lehman W. Miller, persona non grata. Sendo a ditadura Vargas sustentada pelos militares, a conclusão era de que o governo dependia deles.[1] Em relatório de agosto de 1941 a assessoria do Estado-Maior dos EUA informava que "O Brasil cooperará com os Estados Unidos nos planos e na preparação de uma defesa conjunta do país, mas se recusará a permitir que os Estados Unidos ocupem bases em território nacional enquanto não houver uma invasão do país pelo Eixo. Uma cooperação completa com os Estados Unidos será mantida em suspenso pelo menos até que as reivindicações do Brasil por armamentos sejam atendidas".[7]

Vargas mantinha uma postura ambígua, a pretexto de uma neutralidade do país. Sua grande ambição era a instalação de uma siderúrgica no Brasil, e modernizar o armamento das forças armadas. Os Estados Unidos fizera, no começo de 1940, um pequeno empréstimo ao país, e insistia na participação de empresas americanas na instalação de uma siderurgia, o que desagradou o ditador latino que, em 11 de junho daquele ano, proferiu um discurso firme onde reafirmava esse propósito e declarou que o país tinha de “olhar para a organização política dos povos fortes” - ou seja, a Alemanha - ao tempo em que louvava a ideia americana de pan-americanismo. Essa fala foi repetida dias depois e produziu, a partir da embaixada dos EUA, uma real preocupação da fala e a pressão para que seu governo fizesse concessões maiores. Por outro, na opinião pública interna, houve a interpretação de que o Brasil estava se alinhando aos países do Eixo.[8]

A opinião da incerteza política brasileira foi reforçada ao presidente Roosevelt, em 17 de dezembro de 1941, pelo coordenador de informações do Escritório de Serviços Estratégicos William J. Donovan, dizendo que uma ruptura com o Eixo levaria a uma rebelião no exército brasileiro. Em 18 de dezembro Donovan voltou a escrever em relatório presidencial que "O comandante do exército em Natal, que é conhecido por ser pró-nazista, em um discurso recente, advertiu suas tropas para estarem alertas e 'olharem para nossa bandeira - nossas forças nunca permitirão que qualquer outra ondule mais alto que a nossa'" e ainda que o ditador Vargas mantinha nos seus cargos a Góis Monteiro, seu assessor Filinto von Strubling Müller e o ministro da guerra Eurico Gaspar Dutra - todos simpáticos a Hitler - como uma "garantia" para o caso de uma vitória do Eixo na guerra.[1]

Por outro lado, tinham os EUA um forte aliado no governo em Oswaldo Aranha encarregado da diplomacia de Getúlio. Sua influência foi decisiva para os rumos do Plan Rubber.[1]

Relações Brasil-EUA editar

 
Os ministros Hull e Aranha, em 1939: o Brasil procurava estreitar laços entre seu exército e o dos EUA.[9]

Nas palavras de Leslie Bethell em prefácio a livro de Gerson Moura sobre o período, "O poder crescente da Alemanha no mundo, a ameaça potencial que os alemães representavam à hegemonia dos EUA na América do Sul, os laços econômicos e militares do Brasil com a Alemanha e, igualmente importante, a existência de afinidades ideológicas e pessoais com o nazismo alemão em alguns setores da sociedade e do governo brasileiros forneceram a Getúlio Vargas a oportunidade de perseguir uma política de equidistância pragmática entre os Estados Unidos e a Alemanha" e fizeram com que o alinhamento do Brasil aos EUA se desse de forma lenta e paulatina.[10]

 
Selo brasileiro de 1940 celebra 150 anos a União Pan-americana.

Em 1939 Góis Monteiro realizou uma visita à Alemanha e Itália. Os Estados Unidos então realizaram a visita do general Marshall ao Brasil e, em seguida, receberam-no naquele país, como forma de compensar tal aproximação com o Eixo, em missão chefiada pelo chanceler Oswaldo Aranha: este servira como embaixador brasileiro em Washington entre 1934 a 1937, quando o golpe de Vargas o trouxe de volta para ocupar o Ministério das Relações Exteriores.[9]

Apesar das desconfianças, várias ações militares estadunidenses eram permitidas no solo brasileiro. A partir de 1940 o exército dos EUA começou a realizar obras para a instalação de aeródromos como uma medida de defesa do continente e, quando no ano seguinte estes passaram a se tornar operacionais, vieram a ser essenciais para o transporte no apoio enviado aos britânicos no Norte da África e Oriente Médio.[11] Mas, ainda assim, as forças que o Brasil mantinha em Natal, Recife e Belém eram considerados em Washington como pró-nazistas e o governo no Rio de Janeiro resistia à ideia de atender ao pedido estadunidense de envio de tropas para evitar ações de sabotagem de quinta-coluna ou mesmo incursões armadas das tropas nazi instaladas na África Ocidental Francesa, então sob domínio do governo de Vichy, mais próximas do litoral potiguar e pernambucano do que as dos EUA.[1]

Também a partir de 1940 o governo dos EUA cuidaram de estimular a economia brasileira nos setores de produção de matérias-primas que tinha necessidade, sobretudo com o aumento da demanda da sua indústria bélica em meados de 1941, gerando a escassez de vários minerais, de modo que usou a sua lei Lend Lease Bill (Lei de Empréstimo e Arrendamento) concedendo um empréstimo ao país de 12 milhões de dólares, condicionados à assinatura de um amplo contrato de venda de materiais estratégicos. O mesmo se deu com o contrato para a venda de armamentos ao país.[12]

Aproximação econômica e cultural Estados Unidos-Brasil editar

 
Jorginho Guinle e Carmen Miranda com Walt Disney no lançamento do personagem Zé Carioca.

Ao largo dos esforços de aproximação diplomático e militar, houve várias iniciativas no plano econômico e cultural, com a instalação no país de sucursais do "Birô do Coordenador de Assuntos Interamericanos" (com sigla em inglês OCIAA), chefiado por Berent Friele, como forma de contrapor a propaganda do Eixo no país.[13]

Com duas sedes (Rio e São Paulo), logo foram criadas sub-seções em Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Natal, Recife, Salvador e Porto Alegre. No campo da informação, cuidou-se para divulgar notícias favoráveis aos EUA e, com a escassez de papel para a imprensa escrita, jornais e revistas favoráveis ao país não enfrentavam as dificuldades de obtenção da matéria-prima que os demais. Programas de rádio eram preparados e, no cinema, iniciativas como a que levou à criação do personagem Zé Carioca, de Walt Disney, procuravam atrair a simpatia do público brasileiro.[13]

A invasão do Brasil editar

 
Góis Monteiro (dir.) com o Secretário de Estado, Cordell Hull durante a "Missão Aranha", logo após a visita do militar brasileiro à Alemanha e Itália, em 1939.

Diante das incertezas do Brasil, a Divisão de Planos de Guerra do Exército dos EUA sugeriu que fosse enviado um regimento de infantaria e unidades de defesa aérea para a proteção da região de Natal, tendo à disposição para esse deslocamento navios que originalmente iriam aos Açores e, após isso, mais tropas seriam enviadas assim que houvesse transporte disponível. Durante a elaboração do plano, o almirante Stark e o general Marshall deliberaram pelo envio de três companhias de fuzileiros navais ao Brasil a fim de protegerem os aeródromos de Belém, Natal e Recife. O subsecretário de estado Benjamin Sumner Welles comprometeu-se a falar pessoalmente com Vargas para que este autorizasse o envio, ao tempo em que o representante da Marinha recusara o plano de invasão, fazendo com que Marshall, por meio do general Gerow, levasse ao secretário de guerra Stimson o plano para que fosse dada a ordem de execução mas este, após consultar-se com Welles e com o secretário de estado Cordell Hull, decidiu suspendê-lo até que o Brasil desse uma resposta à alternativa apresentada pela Marinha para a defesa do Nordeste brasileiro.[14]

Como a decisão da urgência do plano se deu na iminência da realização da Conferência Arcádia, este foi aprovado em 21 de dezembro (um dia antes do início do encontro que, na sua etapa secreta, reuniu as cúpulas militares estadunidenses e britânicas)[14] e perdurou até fevereiro do ano seguinte.[1] O Plan Rubber previa o desembarque de tropas no Nordeste brasileiro com o domínio inicial de Natal, Fortaleza e Recife e, a seguir, Salvador, Belém e Fernando de Noronha, foi elaborado pelos estrategistas do Corpo de Fuzileiros Navais, em Quantico.[1]

Preparação e tropas invasoras editar

Oficiais encarregados da invasão
Alm. Royal Ingersoll, comando geral
Gal. Smith, comando anfíbio
Brig. Hoyle, ocupação

O plano detalhou as peculiaridades topográficas (hidrografia, praias, etc.), vilas e cidades, transporte e meios de comunicação existentes na região Nordeste, bem como as forças disponíveis pelos brasileiros. Exercícios preparatórios para esse tipo de ação haviam sido feitas durante 1941 no litoral de Porto Rico e na Carolina do Norte, demonstrando a necessidade de bombardeio naval e apoio aéreo para o seu sucesso.[1]

O comando da operação caberia ao Almirante Royal E. Ingersoll, Comandante-em-Chefe da Frota do Atlântico, uma vez que sua execução envolveria embarcações para o transporte das tropas e naus de guerra, envolvendo ainda uma força dos fuzileiros navais especialmente treinados para a defesa de cabeça de praia. O então major da Marinha, Holland M. Smith comandaria a Força Anfíbia que teria sob suas ordens a Força de Desembarque da 1ª Divisão de Fuzileiros Navais, enquanto o comando da 9ª Divisão de Infantaria Reforçada do Exército, que apoiaria os fuzileiros e faria a ocupação, ficaria com o então brigadeiro-general Rene Edward De Russy Hoyle. No dia 26 de dezembro o Almirante Stark alertou Ingersoll que "as forças de ocupação serão obrigadas a partir dos portos dos Estados Unidos dentro de dez (10) dias a partir da data em que o Presidente determinar que plano seja executado".[1][nota 1]

Forças brasileiras estimadas editar

 
Caças F4F Wildcat dariam suporte aéreo à invasão.

Os planejadores dispunham de dois observadores em Natal (o tenente L. K. Winans e o alferes R. A. Cooke Jr, da Marinha) e um avião de patrulha PBY-5 Catalina estacionado naquela cidade. Talvez por isso não tenham inserido no plano qualquer menção à existência ou não de artilharia costeira nas praias-alvo no dia 21 de dezembro, quando o plano foi aprovado. Eles acreditavam, contudo, que artilharia leve fosse usada para a defesa, pois os brasileiros confiariam em metralhadoras e canhões de 75 mm.[1]

O efetivo brasileiro em Natal era composto por um total de 3 531 homens, segundo o plano, assim divididos:[1]

  • 16º Regimento de Infantaria - 1 305
  • 29º Batalhão de Infantaria Leve - 500
  • 1 Companhia de Guarda de Infantaria - 226
  • 1 Bateria de Artilharia Motorizada - 150
  • 1 Companhia de Engenharia - 200
  • Polícia Militar (Infantaria) - 1 042
  • Polícia Militar (Cavalaria) - 95
  • Polícia Militar (Diversos) - 13

Este seria o maior efetivo que, acreditavam, estaria disponível para a defesa que seria provido de armamento obsoleto e tropa pouco treinada. Reforços com melhor treino e equipamento estavam sediadas no sul e eventual socorro de Natal levaria de oito a doze dias para chegar, o que favorecia os invasores. Também a armada brasileira era deficitária e baseada no sul (composta por dois antigos navios e dois cruzadores leves, nove destróieres - contando os em construção, três submarinos e vários barcos de pequeno porte). Já a Força Aérea, também desconsiderada por obsoleta ou de pouca ofensividade, era composta por 328 aeronaves:[1]

  • Boeing 256 (versão de exportação do Boeing F4B, obsoleto) - 12
  • Bombardeiros de ataque (Vultee V-II, NA 44 e Fairy) - 56
  • Aviões VO (caças, obsoletos) - 46
  • AV Tipo VSB - 3
  • Aviões tipo VJ e VR - 98
  • Naves de treinamento - 113

Logística do plano editar

 
Fuzileiros desembarcando em botes Higgins.

Tropas e navios partiriam das bases militares e naval de Hampton Roads, na Virgínia. Era previsto o uso de naus que incluíam o couraçado USS Texas (BB-35), o porta-aviões USS Ranger (CV-4) e onze embarcações para o transporte dos batalhões da 1ª Divisão de Fuzileiros Navais e da 9ª Divisão do Exército e da carga necessária.[1]

O alvo principal era a capital do Rio Grande do Norte, e previa a conquista inicial de uma área de praia com 200 metros de largura e 4,5 quilômetros de comprimento e, dali, seguir até o aeródromo de Parnamirim, cujo trajeto após garantir-se a cabeça de praia era fácil em se considerando o terreno, sendo o principal problema o deslocamento até as praias: o litoral, ali, é intercalado por barreiras de recifes. O desembarque ocorreria nas praias de do Meio, Areia Preta e de Banhos,[nota 2] que receberam os codinomes de "Vermelha", "Preta" e "Azul". Caças F4F Wildcat bombardeariam as baterias costeiras e outras defesas, enquanto os botes de transporte das tropas Higgins fariam o desembarque, a partir dos navios fundeados a quatro quilômetros da costa.[1]

Após a conquista de Natal, seria feita a conquista de Recife (Pernambuco) e de Fortaleza (Ceará). Foram também cogitadas como alternativas as invasões de Salvador (Bahia), Belém (Pará) e da ilha de Fernando de Noronha, onde a companhia aérea italiana Ala Littoria tinha instalado um campo de pouso. Foi previsto um número total de baixas entre os soldados invasores de 2 902 homens, sem considerar a natureza difícil das praias potiguares, caso ali tivesse ocorrido o ataque.[1]

Abandono do plano e adesão do Brasil aos Aliados editar

 
"Encontro de Natal": Vargas e Roosevelt inspecionam as instalações militares na capital potiguar, em 1943

A 28 de janeiro de 1942 Oswaldo Aranha oficializou a ruptura das relações com Alemanha, Itália e Japão. Junto à notícia de que bases no Nordeste seriam cedidas aos norte-americanos fizeram com que o embaixador nazi no Brasil, Kurt Prufer, declarasse que o país estava em "estado de guerra latente" com as nações do Eixo. A retaliação teve início, com o afundamento de navios brasileiros por submarinos alemães e italianos.[15]

A 3 de março de 1942 Brasil e EUA firmaram novo acordo de Lend-Lease no qual o segundo forneceria ao primeiro armas e munições no valor total de duzentos milhões de dólares, dos quais os brasileiros pagariam 35% do custo entre os anos de 1943 a 1948, satisfazendo assim todos os seus pleitos e fortalecendo suas forças armadas. Em contrapartida o país sul-americano concordou com a construção de alojamentos, quartéis e instalações subterrâneas e vinda de pessoal ao Nordeste, bem como realizar voos em rotas estabelecidas sem os entraves costumeiros e, finalmente, ampliar a pista de Fernando de Noronha.[16]

O atraso no envio de armas gerou insatisfação do governo Vargas, o que não impediu que, em 23 de maio de 1942, os dois países assinassem um acordo secreto de cooperação militar, no qual foram instituídas duas comissões mistas (uma em cada país) destinadas a promoverem estudos de estratégia conjuntos e a modernização das forças brasileiras.[17] Em 31 de agosto, finalmente, Vargas decretou guerra aos países do Eixo.[15]

Ver também editar

Notas e referências editar

Notas

  1. Livre tradução de "the occupying forces will be required to depart from United States' ports within ten (10) days from the date the President directs the plan be executed".
  2. Não foi possível identificar qual seria essa praia, na atual lista de praias do Rio Grande do Norte.

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p q r Gannon 1999.
  2. Records of the Office of the Chief of Naval Operations, Plans, Orders & Related Documents, CINCLANT Oct 1941 to Dec 1942, Box 16. Rubber Plan
  3. a b Conn & Fairchild 1960, p. 303-304.
  4. Moura 2012.
  5. Moura 2012, p. 45, Nota 30.
  6. Conn & Fairchild 1960, p. 310.
  7. Moura 2012, p. 73-74.
  8. Moura 2012, p. 66-67.
  9. a b Moura 2012, p. 59.
  10. Moura 2012, Prefácio.
  11. Conn & Fairchild 1960, p. 303.
  12. Moura 2012, p. 62.
  13. a b Moura 2012, p. 75-76, Iniciativas culturais dos Estados Unidos.
  14. a b Conn & Fairchild 1960, p. 304.
  15. a b Ribeiro, Antonio Sérgio (22 de agosto de 2012). «Brasileiros esquecidos - 70 anos da entrada do Brasil na 2ª Guerra Mundial (segunda parte)». Assembleia Legislativa de São Paulo. Consultado em 19 de maio de 2022 
  16. Moura 2012, p. 97.
  17. Moura 2012, p. 98.

Bibliografia editar