Área de Relevante Interesse Ecológico Floresta da Posse

A Área de Relevante Interesse Ecológico Floresta da Posse (ARIE Floresta da Posse) constitui uma unidade de conservação localizada na serra de mesmo nome, Serra da Posse, nos bairros de Campo Grande, Santíssimo e Senador Vasconcelos (todos na cidade do Rio de Janeiro). [1][2]

Área de Relevante Interesse Ecológico Floresta da Posse
Fotografia aérea de parte da Serra da Posse
Localização Rio de Janeiro,  Rio de Janeiro  Brasil
Tipo Público
Área 171,56[1][2]
Inauguração 08 de junho de 2022 (decreto municipal)[1]
Administração Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC)[1][2]

Geografia editar

A Serra da Posse é formada pelo conjunto de três morros (Luís Bom, da Posse e das Paineiras), com altitude média de 155 metros, e o ponto culminante é o morro da Posse com 207 m de altitude.[3] Localiza-se entre os maciços do Mendanha e o da Pedra Branca — duas estruturas morfológicas que marcam o Rio de Janeiro — e, por isso, tem o potencial de ser um elemento natural de conexão entre essas duas regiões de proteção ambiental.[3]

Atualmente, apenas dois cursos d’água reduzidos existem de forma perene: Canal do Melo e o Córrego Nosso Bosque.[3] O Canal do Melo, localizado na vertente norte da Serra, é um dos afluentes do Rio do Campinho (rio da Bacia Hidrográgica da Baía de Sepetiba), contando com trechos superficiais, visíveis, e outros profundos, sem possibilidade de visualização.[3]

Limites editar

Representa uma área de 171,56 hectares e perímetro de 11,95 quilômetros. Seu polígono compreende ruas locais e pontos cartográficos específicos.[1][2]

História editar

Originalmente, a vegetação que recobria a Serra da Posse era a mata floresta ombrófila densa submontana, a qual sofreu alterações por causa de ações humanas, como desmatamento, queimadas e revegetação.[3] Aponta-se que vários córregos que possuíam as nascentes na Serra da Posse secaram muito provavelmente por causa dessa perda florestal.[3]

Anteriormente a essa legislação protetiva, nos anos de transição entre os séculos XX e XXI, a Prefeitura do Rio de Janeiro começou a recuperação ambiental da Serra, com divergência entre as fontes sobre o ano específico de início.[3][4][5][6][7]

Nos anos anteriores à criação da ARIE, a partir de um esforço iniciado pelo casal Thiago Neves e Marcela Fonseca, surgiu o coletivo denominado "Nosso Bosque".[5] A partir dele foram feitas ações para a conscientização e a sensibilização da população sobre a importância da preservação da vegetação na Serra da Posse, contando com documentação da biodiversidade no local por fotografias, mutirões de plantios de mudas de árvores e atividades de convivência ao ar livre.[4][5][3] Os registros fotográficos e informações do coletivo colaboraram ainda para o estudo técnico que propiciou a criação da unidade de conservação.[3]

A ARIE passou a se constituir como uma unidade de conservação a partir do Decreto Municipal 50962, de 2022[1], assim como da Lei Municipal 7514, de 2022.[2]

Fauna e Flora editar

O Estudo Técnico para a proposição da unidade de conservação para a Serra da Posse em 2022 da Prefeitura do Rio de Janeiro trouxe uma análise do estado atual da fauna e da flora, pontuando limitações pela baixa quantidade de dados prévios.[3]

 
Fotografia aérea de Serra da Posse, com suas diferentes formações florestais em 2023.

A vegetação em 2022 se caracterizava por uma mistura de formações florestais em diversos estágios de sucessão ecológica, predominando as poáceas, como o capim-capim-colonião (Megathysurus maximus) e o capim-rabo-de-burro (Andropogon sp.), ocupando mais de 46% da área da Serra da Posse. Estão também inseridas nesse mosaico as manchas florestais em fases iniciais de sucessão ecológica, com espécies cuja maioria é originária de revegetação efetuada pela Prefeitura.[3] Três espécies arbóreas utilizadas no reflorestamento são destacadas: o palmiteiro (Euterpe edulis), o pau-brasil (Paubrasilia echinata) e o ipê-tamanco (Tabebuia cassinoides), que são listadas como ameaçadas de extinção da flora nacional.[3]

 
Gavião-de-rabo-branco (Geranoaetus albicaudatus) em Serra da Posse

Quanto à fauna, registraram-se nesse referido estudo, 23 invertebrados e 146 vertebrados, sendo 12 anfíbios, 19 répteis, 93 aves e 22 mamíferos.[3] Nele, destacaram-se:

Referências

  1. a b c d e f RIO DE JANEIRO. Decreto nº 50962, de 08 de junho de 2022. Cria a Área de Relevante Interesse Ecológico Floresta da Posse. Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro, Ano XXXVI, nº 58, pp. 5-6, 09 de junho de 2022.
  2. a b c d e RIO DE JANEIRO. Lei nº 7514, de 12 de setembro de 2022. Cria a Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) Floresta da Posse, nos bairros de Campo Grande, Santíssimo e Senador Vasconcelos, no Município do Rio de Janeiro, e dá outras providências. Câmara Municipal do Rio de Janeiro, Ano XLV, nº 172, pp. 2-4, 13 de setembro de 2022.
  3. a b c d e f g h i j k l m n o p q Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (2022). Estudo Técnico para a Proposição de Proteção Legal para a Serra da Posse, Rio de Janeiro (PDF). Rio de Janeiro: [s.n.] Cópia arquivada (PDF) em 11 de março de 2023 
  4. a b BRAGA, Alex (7 de novembro de 2021). «Voluntários se unem para reflorestar a Serra da Posse, na Zona Oeste do Rio de Janeiro». Um Só Planeta/ Globo.com. Consultado em 20 de fevereiro de 2023 
  5. a b c Serra da Posse recebe primeiras ações de reflorestamento. O Dia. 27 de novembro de 2020. Acesso em 20 de fevereiro de 2023.
  6. SANTOS, Danielle. Condições atuais do reflorestamento realizado pelo projeto mutirão reflorestamento na Serra da Posse, município do Rio de Janeiro – RJ. Setembro de 2006. Monografia (graduação de engenharia florestal). Instituto de Florestas, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica.
  7. Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. 33 Anos Plantando Florestas no Rio de Janeiro (PDF). [S.l.: s.n.] 2019. p. 79