Mata de Santa Genebra

Área de Relevante Interesse Ecológico Mata de Santa Genebra de nível Federal, Campinas (SP).

A Área de Relevante Interesse Ecológico Mata de Santa Genebra, mais conhecida popularmente como Mata de Santa Genebra, é uma área de proteção ambiental localizada no bairro Bosque de Barão Geraldo, no distrito de Barão Geraldo, no município de Campinas, no estado de São Paulo, no Brasil. O bioma predominante é o Cerrado e a Mata Atlântica.[1]

Área de Relevante Interesse Ecológico Mata de Santa Genebra
Categoria IV da IUCN (Área de Manejo de Habitat/Espécie)
Mata de Santa Genebra
Entrada da ARIE Mata de Santa Genebra
Localização
País  Brasil
Estado  São Paulo
Município Campinas
Dados
Área 252 ha
Criação 5 de novembro de 1985
Gestão Fundação José Pedro de Oliveira (FJPO)
Coordenadas 22° 49' 20" S 47° 06' 40" O
Área de Relevante Interesse Ecológico Mata de Santa Genebra está localizado em: Brasil
Área de Relevante Interesse Ecológico Mata de Santa Genebra

A Mata de Santa Genebra é um pedaço remanescente de Mata Atlântica. Seus limites ocidentais marcam também a divisa de municípios entre Campinas e Paulínia. É a maior floresta urbana da Região Metropolitana de Campinas, com uma área de 251,77 hectares, altitude média de 670 metros e temperatura média de 20,6°C. É uma floresta estacional semidecídua, declarada ARIE (Área de Relevante Interesse Ecológico) pelo Governo Federal em 1985.

História editar

A região da Mata se localizava na Fazenda Santa Genebra, de propriedade de Geraldo Ribeiro de Sousa Resende, o Barão de Geraldo de Resende. Parte do patrimônio do Barão ficou para a família José Pedro de Oliveira, que preservou, intactos, cerca de 100 alqueires da mata. Em 1981, a área foi doada para a cidade de Campinas pela viúva de José Pedro, Dona Jandyra Pamplona de Oliveira. A doação foi feita com a condição de que se criasse uma Fundação para mantê-la, e foi doada a "Sombra da Mata", ou seja, a mata só pertenceria à cidade enquanto se mantivesse de pé. Se as árvores não lançarem mais sua sombra sobre a terra, a propriedade deve voltar às mãos da família Oliveira Costa. Em 14 de julho de 1981, Dona Jandyra formalizou a doação a uma Fundação Municipal criada pelo Poder Executivo Municipal, nomeada Fundação José Pedro de Oliveira.

Em 1983, a área da Reserva foi tombada como Patrimônio Natural pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico. Assim, não deve haver nenhuma construção numa faixa de 30 metros ao redor da mata, apenas um aceiro para possibilitar a manutenção e proteção da borda.

Fauna editar

 
Macaco em cima da árvore, próximo da cerca da Unidade de Conservação.

A Mata apresenta uma fauna bem rica.

Apesar de estudos mostrarem o desaparecimento de alguns animais, como a paca e a cutia. Vertebrados como o macaco-prego, o bugio e o esquilo habitam a mata, além de alguns marsupiais, vários morcegos e outros mamíferos de pequeno porte.

Quanto às aves, já foram catalogadas mais de 150 espécies, as mais comuns sendo otiê-do-mato-grosso, a rendeira e o tangará. Entre os répteis, foram registradas 21 espécies de cobras, como a jararaca e dormideira, além de alguns lagartos. Existem também muitos artrópodes e aracnídeos, destacando-se as borboletas e mariposas, alvos de muitos estudos no Borboletário mantido pela Fundação.

Foram identificadas espécies de predadores como o cachorro-do-mato, gato-mourisco, mão-pelada, furão e a suçuarana.

Onças editar

Em 2003, foi feito, pela primeira vez, o registro fotográfico de uma suçuarana (Puma concolor), também chamada de onça-parda, na mata.[2]

No mesmo ano, foi encontrada uma jaguatirica (Leopardus pardalis) morta por atropelamento em uma estrada próxima à rodovia SP-332 (Campinas-Paulínia). Ela estava, provavelmente, circulando pela Mata.[3]

Devido à presença de onças, suçuaranas e jaguatiricas, a área foi inserida dentro do Projeto Corredor das Onças, que liga a Mata de Santa Genebra com a Área de Relevante Interesse Ecológico Matão de Cosmópolis, localizada nos municípios de Cosmópolis e Artur Nogueira.[4]

Flora editar

A Mata é formada por 85% de floresta semidecídua e 15% de mata de brejo ou floresta higrófila. Existem algumas clareiras, causadas pela retirada de madeira nobre que houve no passado, mas a maioria delas já foram recuperadas.

As árvores em geral são bem altas, contendo espécies que alcançam até mais de 25 metros, como o jequitibá-rosa, a peroba-rosa e o jatobá. De estatura média, com 15 a 18 metros de altura, existem diversas espécies como o jequitibá-branco, cedro-rosa, pau-marfim e as figueiras. Abaixo disso, ainda há um estrato, entre 5 a 12 metros, contendo 5 famílias predominantes: Meliaceae, Rutaceae, Rubiaceae, Euphorbiaceae e Myrtaceae. Abaixo disso, existe, ainda, um estrato herbáceo-arbustivo razoavelmente denso. Ainda é possível encontrar epífitas, como orquídeas e bromélias, nas copas de grandes árvores das áreas mais preservadas.

Nas áreas de floresta higrófila, a vegetação é característica de locais com alta umidade, limitando a quantidade de espécies. A floresta é mais baixa, com 10 a 12 metros de altura, e muito densa. Muitas das espécies possuem adaptações às condições de umidade, como raízes adventícias e lenticelas no caule.

Estruturas editar

 
Trilha no interior da mata.

O complexo do borboletário, instalado em 2000, ocupa uma área de 3 027,88 metros quadrados, possuindo uma casa de criação e um viveiro de borboletas, um jardim e um viveiro de plantas para a alimentação das lagartas. Na casa de criação, são armazenados e acondicionados ovos, lagartas e pupas de borboletas, posteriormente soltas no viveiro. O jardim possui várias espécies de plantas atrativas para borboletas, e é utilizado por pesquisadores e para a educação ambiental.

A trilha dos bichos é um pequeno museu com 87 peças entre animais taxidermizados, animais conservados em álcool, esqueletos e impressões de pegadas, é utilizada em atividades de educação ambiental.

O Viveiro de Mudas visa a recuperar áreas degradadas dentro da reserva e a reintegração de fragmentos florestais nas áreas tombadas, sendo, também, utilizado para atividades de educação ambiental.

Trilhas editar

Existem duas trilhas principais na Mataː a Trilha Central, com 1,2 km, corta a mata no sentido leste-oeste. Já Trilha Baroni, com 2,8 km, corta a mata no sentido norte-sul. Além dessas, existem outras feitas por funcionários e pesquisadores para acessar áreas mais difíceis. Para fins educacionais, existe a Trilha Leste, do lado de fora do aceiro, com elementos em comum com o interior da mata.

Clima editar

O clima da Mata é semelhante ao do restante do estado de São Pauloː um clima sazonal.

Recursos Hídricos editar

Há poucos locais com afloramento de água na mata, mas possui três nascentes. Uma deságua no córrego da Lagoa, que contribui com o Ribeirão Quilombo. Outra deságua no Rio das Pedras, formador da Bacia do Anhumas

Pesquisas editar

A Reserva Municipal se tornou um grande objeto de pesquisas e atividades educativas em várias áreas do conhecimento biológico, sendo administrada pela Fundação. Já foi objeto de pelo menos 80 teses de mestrado e doutorado e 120 projetos de pesquisa. Por sua condição de mata nativa, atrai muitos pesquisadores de institutos importantes, entre eles a Universidade Estadual de Campinas, Universidade Estadual Paulista, Instituto Agronômico de Campinas, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo, Embrapa Monitoramento por Satélite e a organização não governamental Ecoforça.

Ver também editar

Referências

  1. «ARIE Mata de Santa Genebra». Consultado em 15 de fevereiro de 2013. Arquivado do original em 3 de março de 2016 
  2. FORTES, Edu. Mata da Santa Genebra, a casa da suçuarana. RAC - Rede Anhanguera de Comunicações. 15/09/2013. Acesso em 7 de julho de 2015.
  3. ARIE Mata de Santa Genebra. Jaguatirica é atropelada nas proximidades da Mata de Santa Genebra. Notícias, 09/08/2013. ARIE Mata de Santa Genebra - Fundação José Pedro de Oliveira. Acesso em 7 de julho de 2015.
  4. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Corredor das onças é implantado em Matão de Cosmópolis. Comunicação ICMBio, 13/05/2015. Acesso em 7 de julho de 2015.

Ligações externas editar