O óleo de andiroba é extraído da amêndoa da andiroba, tem cor amarelo-claro e sabor bastante amargo. Quando submetido a temperatura inferior a 25°C, solidifica-se, ficando com consistência parecida com a da vaselina. Contém substâncias como a oleína, a palmitina e a glicerina. Possui propriedades anti-sépticas, antiinflamatórias, cicatrizantes e inseticidas. O sabão produzido a partir do óleo da andiroba combate a doenças de pele e também é um bom repelente contra mosquitos. Além disso, o óleo tem um efeito tónico no cabelo e também pode ser utilizado como um óleo de massagem.[1][2][3][4]

Óleo virgem de andiroba

Extração editar

O processo tradicional de extração do óleo da amêndoa da Andiroba demora cerca de dois meses e envolve quatro etapas:[5]

  1. Coleta das amêndoas, seleção e primeiro armazenamento (demora entre 3 e 15 dias);
  2. Cozimento das sementes em água para preparar a massa (demora entre 1 e 3 horas), segundo armazenamento (de até 20 dias), retirada da casca, separação das unidades ruins e amassamento das amêndoas;
  3. Colocação da massa sobre superfície inclinada para extração do óleo por gotejamento, fazendo um corte no meio da massa e virando-a 2 vezes ao dia (demora entre 15 e 25 dias); e
  4. Filtragem do óleo ao passá-lo por um pano fino ou um pedaço de tecido de algodão.

Se colocada à sombra, produz um óleo de melhor qualidade, mas demora mais do que ao sol. No início do processo, a massa tem cor bege a rosa claro. Ao final, tem cor marrom e textura esfarelenta. Raramente é realizada segunda extração com a prensa do tipo tipiti, para produção de farinha.[5]

Cada porção para cozimento possui cerca de 11kg de amêndoas. São necessárias 450 a 500 sementes da chamada andiroba-mansa (C. guianensis) ou 700 a 800 sementes da andiroba-brava (C. procera). Essa porção inicial rende entre 1 e 5 litros de óleo.[5]

Usos editar

Popularmente, o óleo é utilizado para contusões, inchaços, reumatismos e cicatrizações, esfregando-se sobre o local machucado. Como repelente, há quem passe o óleo sobre a pele e quem queime o bagaço. A vela que está no mercado é feita com o bagaço. Deve ser acesa de manhã e à tarde, na hora em que os mosquitos começam a atacar. Na indústria cosmética, usa-se o óleo em sabonetes, shampoos e cremes. O óleo é tido como remédio para calvície. Também funciona bem como solvente natural. Usa-se também como reconstituinte celular da derme, eliminando inflamações e dores superficiais.tem ação purgativa na eliminação de vermes.[5]

Características editar

Dados físico-químicos do óleo de Andiroba[6] editar

Indice Unidades Reference values
Índices de refração (40 ºC) - 1,47
Índice de Iodo gl2 65 - 75
Índice de Saponificação mg KOH\g 190 - 210
Densidade (15 ºC ) gr\ltr 0,9261
Ponto de fusão ºC 22,0
Materia insaponificável % 3 - 5

Composição acidos-graxos do óleo de andiroba[6] editar

Ácidos graxos Unidade Composição
Ácido palmítico % peso 25 - 32
Ácido palmiotoleico % 0,8 - 1,5
Ácido esteárico % peso 6 - 13
Ácido oleico % peso 45 - 58
Ácido linoleico % peso 6 - 14
Saturado % 40
Insaturado % 60

Ver também editar

Referências

  1. Roy, A., et al. “Limonoids: overview of significant bioactive triterpenes distributed in plants kingdom. Biol. Pharm. Bull. 2006; 29(2): 191-201.
  2. de Mendonca, F. A., et al. “Activities of some Brazilian plants against larvae of the mosquito Aedes aegypti.” Fitoterapia. 2005 Dec; 76(7-8): 629-36.
  3. Silva, O. S., et al. “The use of andiroba Carapa guianensis as larvicide against Aedes albopictus.” J. Am. Mosq. Control Assoc. 2004 Dec; 20(4): 456-7.
  4. Miot, H. A., et al. “Comparative study of the topical effectiveness of the Andiroba oil (Carapa guianensis) and DEET 50% as repellent for Aedes sp.” Rev. Inst. Med. Trop. Sao Paulo. 2004 Sep-Oct; 46(5): 253-6.
  5. a b c d Mendonça, Andreza P.; Ferraz, Isolde Dorothea Kossmann (2007). «Óleo de andiroba: processo tradicional da extração, uso e aspectos sociais no estado do Amazonas, Brasil». Acta Amazonica: 353–364. ISSN 0044-5967. doi:10.1590/S0044-59672007000300006. Consultado em 24 de junho de 2023 
  6. a b Vanessa Fernandes de Araújo, Andrea Camila Petry, Rosângela Martinez Echeverria, Eric Costa Fernandes e Floriano Pastore Jr. Plantas da Amazônia para Produção Cosmética, 2007.http://www.itto.int/files/itto_project_db_input/2202/Technical/2.2%20Plantas%20da%20Amaz%C3%B4nia%20para%20produ%C3%A7%C3%A3o%20cosm%C3%A9tica.pd