Adélia Engrácia de Oliveira

antropóloga brasileira

Adélia Maria Engrácia Gama de Oliveira Rodrigues é uma antropóloga brasileira com mais de 40 anos de experiência em estudos etnográficos entre grupos indígenas e caboclos da região Amazônica.[1] Foi diretora-geral do Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG) entre os anos de 1995 e 1999.[2][3][4][5][6][7] Por suas contribuições à Ciência e à Tecnologia, recebeu a medalha de Comendadora da Ordem Nacional do Mérito Científico, em 1998.[8]

Adélia Engrácia de Oliveira
Cidadania Brasil
Ocupação investigadora, antropóloga

Educação e carreira editar

Nos anos 1950, Adélia Maria Engrácia Gama de Oliveira Rodrigues fez parte do Centro Latino Americano de Pesquisas em Ciências Sociais, da então Universidade do Brasil (atual UFRJ). Momento em que desenvolveu pesquisas nos morros e favelas da cidade do Rio de Janeiro.[1] Em 1960, formou-se em Ciências Sociais pela Faculdade Nacional de Filosofia da mesma instituição.[9]

No ano de 1965, Adélia Engrácia de Oliveira iniciou sua dedicação ao estudo de populações indígenas e caboclas da região Amazônica brasileira, em especial aquelas localizadas nas regiões dos rios Negro, Madeira e Xingu.[9] Em 1969, obteve o grau de Doutora em Etnografia do Brasil, pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Rio Claro, no interior do estado de São Paulo. Ao longo da carreira acadêmica, também fez estágios no Instituto de Antropologia Social da Universidade de Oxford (na Inglaterra) e no Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais, no Rio de Janeiro.[9]

Adélia Engrácia de Oliveira teve seus primeiros empregos como pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas (Rio de Janeiro) e na Universidade de Brasília.[9] Em 1983, passou a Chefe do Departamento de Ciências Humanas do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), localizado em Belém (no Pará).[9] Em 1991, era auxiliar de pesquisas do Instituto Central de Ciências Humanas (ICGC).[10]

Entre 1995 e 1999, Adélia foi diretora-geral do Museu Paraense Emilio Goeldi,[2][3][4][5][6][7] primeiro parque zoobotânico do Brasil, mais antiga instituição científica da Amazônia e, à época, o segundo museu de história natural brasileiro.[11] Com o incêndio do Museu Nacional (Rio de Janeiro) e a destruição de seu acervo, em 2018, o MPEG tornou-se o maior museu de história natural brasileiro.

Entre 1996 e 1998, Adélia foi membro do Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia do Pará, como representante da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, junto com Jorge Travassos.[12][13][14]

Vida pessoal editar

Uma das netas de Adélia Engrácia de Oliveira chama-se Júlia e foi inspiração para a escrita do livro "Vivência Antropológica e Estórias Indígenas", quando perguntou “Vovó, por que você é velhinha?”.[1]

Prêmio editar

  • 1998 - Ordem Nacional do Mérito Científico - Comendadora, por suas contribuições prestadas à Ciência e Tecnologia[8][1]

Publicações editar

Dentre os três livros, cinco capítulos de livros e 34 artigos em periódicos nacionais e internacionais que Adélia publicou ao longo de sua carreira,[1] estão:

  • 2016 - Vivência Antropológica e Estórias Indígenas[15]
  • 1992 - Amazônia: a fronteira agrícola 20 depois, com Philippe Léna[16]
  • 1992 - O homem e a preservação da natureza[17]
  • 1992 - Ciência Kayapó Alternativas Contra a Destruição[18][19]
  • 1991 - Amazonia a Fronteira Agricola 20 Anos Depois[20]
  • 1988 - Amazônia: Modificações sociais e culturais decorrentes do processo de ocupação humana (séc. XVII ao XX)[16][21][22]
  • 1986 - Autos da Devassa Contra os índios Mura do Rio Madeira[23]
  • 1986 - Notas sobre a situação dos índios Mura[24]
  • 1984 - Co yvy ogüerecó ijara: Esta terra tem dono[17][25]
  • 1984 - O mundo encantado e maravilhoso dos índios Mura[26]
  • 1983 - Ocupação Humana[27][28][29]
  • 1983 - O homem na Amazônia[30][31]
  • 1983 - As pesquisas antropológicas na Amazônia Brasileira e o papel do Museu Goeldi (Belém-PA)[32]
  • 1979 - Depoimentos Baniwa sobre as relações entre índios e "civilizados" no Rio Negro[33][34]
  • 1979 - Antropologia Social e a política florestal para o desenvolvimento da Amazônia.[35][36]
  • 1978 - A terminologia de parentesco Mura-Pirahã.[37]
  • 1977 - Alguns aspectos da ergologia Mura-Pirahã, com Ivelize Rodrigues[38][39][40][41][42]
  • 1975 - São João: povoado do Rio Negro (1972)[43]
  • 1975 - A terminologia de parentesco Baniwá - 1971[44]
  • 1970 - Os índios Jurúna do alto Xingu[45]
  • 1970 - Parentesco Jurúna[46][47]
  • 1969 - A cerâmica dos índios Jurúna (Rio Xingu)[48]
  • 1968 - Os índios Jurúna e sua cultura nos dias atuais[49][50]

Referências

  1. a b c d e «Adélia: entre os Juruna, Mura e com os mestres da Etnografia». Este site está sendo migrado... Clique aqui para acessar novos conteúdos em gov.br/museugoeldi Museu Paraense Emílio Goeldi. Consultado em 8 de março de 2024 
  2. a b «Centro de Memória - CNPq». centrodememoria.cnpq.br. Consultado em 8 de março de 2024 
  3. a b «Centro de Memória - CNPq». centrodememoria.cnpq.br. Consultado em 8 de março de 2024 
  4. a b «Centro de Memória - CNPq». centrodememoria.cnpq.br. Consultado em 8 de março de 2024 
  5. a b «Centro de Memória - CNPq». centrodememoria.cnpq.br. Consultado em 8 de março de 2024 
  6. a b «Centro de Memória - CNPq». centrodememoria.cnpq.br. Consultado em 8 de março de 2024 
  7. a b Helena do Socorro Alves Quadros. A Epistemologia da Educação Museal na Amazônia Paraense: um estudo sobre o Programa O Museu Goeldi de Portas Abertas. Tese (Doutorado - Educação) Programa de Pós-Graduação em Educação, Instituto de Ciências da Educação, Universidade Federal do Pará, Belém, 2019.
  8. a b «Decreto de 15.10.1998». antigo.mctic.gov.br. Consultado em 8 de março de 2024 
  9. a b c d e Eneas Salati Herbert; Otto Roger Shubart; Wolfgang Junk; Adélia Engrácia de Oliveira. Amazonia: desenvolvimento, integração, ecologia. CNPq / editora brasiliense, 1983.
  10. A carta.: falas, reflexões, memórias I informe de distribuição restrita do Senador Darcy Ribeiro. Darcy Ribeiro - n. I (1991) - n. I (1992) ; n. 5 (1992) - Brasília: Gabinete do Senador Darcy Ribeiro, 1991.
  11. «Museu Emílio Goeldi, primeiro parque zoobotânico do Brasil, completa 155 anos». G1. Consultado em 17 de dezembro de 2021 
  12. GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ. DECRETO Nº 1.084, DE 23 DE FEVEREIRO DE 1996.
  13. SEMAS. Ata CONTEC 1203/1997. 1997.
  14. SEMAS. Ata CONTEC 1108/1998. 1998.
  15. «Vivência Antropológica e Estórias Indígenas - Gralim Livros». Estante Virtual. Consultado em 8 de março de 2024 
  16. a b Braga, Sérgio Ivan Gil. Trajetórias de vida e antropologia. Manaus: EDUA, 2018.
  17. a b Julio Melatti. Matérias sobre índios em Ciência Hoje (1982-2005).
  18. «Ciência Kayapó Alternativas Contra a Destruição - Sebo Líder». Estante Virtual. Consultado em 8 de março de 2024 
  19. «Ciencia Kayapo: alternativas contra a destruicao. | Acervo | ISA». acervo.socioambiental.org. Consultado em 8 de março de 2024 
  20. «Livro: Amazonia a Fronteira Agricola 20 Anos Depois - Philippe Lena & Adelia Engracia de Oliveira». Estante Virtual. Consultado em 8 de março de 2024 
  21. Adélia Engrácia de Oliveira. Amazônia: Modificações sociais e culturais decorrentes do processo de ocupação humana (séc. XVII ao XX). 1988.
  22. Borges, Felipe Moraes; Júnior, Alceu Raposo; Brasil, Lucas Antônio Lacerda (7 de junho de 2021). «A metodologia de espacialização de impactos ambientais como importante ferramenta na gestão dos serviços ambientais: Um Estudo de caso em Ambiente Amazônico sob forte influência de garimpo, pecuária, projeto de assentamento e comunidades indígenas/ The methodology of spatialization of environmental impacts as an important tool in the management of environmental services: A case study in an Amazonian environment under strong influence of mining, cattle ranching, settlement project and indigenous communities». Brazilian Journal of Development (5): 48512–48537. ISSN 2525-8761. doi:10.34117/bjdv.v7i5.29776. Consultado em 8 de março de 2024 
  23. «Autos da Devassa Contra os índios Mura do Rio Madeira - Livraria Dona Clara». Estante Virtual. Consultado em 8 de março de 2024 
  24. «Notas sobre a situacao dos indios Mura. | Acervo | ISA». acervo.socioambiental.org. Consultado em 8 de março de 2024 
  25. «"Co yvy oguereco ijara": Esta terra tem dono. | Acervo | ISA». acervo.socioambiental.org. Consultado em 8 de março de 2024 
  26. Mamede, Biblbioteca Central Zila. «Bibliotecas UFRN». app.bczm.ufrn.br. Consultado em 8 de março de 2024 
  27. Ministério Público do Estado do Amapá. Referências.
  28. Ribeiro, Berta G. (Berta Gleizer), 1924-1997 Amazônia urgente. 1. ed. Rio de Janeiro: Fundação Darcy Ribeiro, 2013.
  29. Edna Ramos de Castro, Índio Campos (Orgs.). Formação Socioeconômica da Amazônia. Belém: NAEA, 2015.
  30. Adélia Engrácia de Oliveira. O homem na Amazônia. 1983.
  31. «O homem na Amazônia. | Acervo | ISA». acervo.socioambiental.org. Consultado em 8 de março de 2024 
  32. «As pesquisas antropologicas na Amazonia Brasileira e o papel do Museu Goeldi (Belem-PA). | Acervo | ISA». acervo.socioambiental.org. Consultado em 8 de março de 2024 
  33. «Depoimentos Baniwa sobre as relacoes entre indios e "civilizados" no Rio Negro. | Acervo | ISA». acervo.socioambiental.org. Consultado em 8 de março de 2024 
  34. Oliveira, Adélia Engrácia de (1979). «Depoimentos Baníwa sobre as relações entre índios e "civilizados" no Rio Negro.». Consultado em 8 de março de 2024 
  35. Oliveira,Adélia Engrácia de; Cortez,Roberto; Velthem,Lúcia Hussak van; Brabo,Maria José; Alves,Isidoro; Furtado,Lourdes; Silveira,Isôlda Maciel da; Rodrigues,Ivelise. Antropologia Social e a política florestal para o desenvolvimento da Amazônia.1979.
  36. «Antropologia Social e a política florestal para o desenvolvimento da Amazônia - Sanar Medicina». Sanar | Medicina. Consultado em 8 de março de 2024 
  37. Oliveira,Adélia Engrácia de. A terminologia de parentesco Mura-Pirahã. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Antropologia, 1978, n. 66.
  38. Rodrigues, Ivelize (1977). «Alguns aspectos da ergologia Mura-Pirahã». Consultado em 8 de março de 2024 
  39. Ivelize Rodrigues; Adélia Rodrigues. Alguns aspectos da ergologia Mura-Pirahã.1977.
  40. «Mura - Povos Indígenas no Brasil». pib.socioambiental.org. Consultado em 8 de março de 2024 
  41. Rodrigues, Ivelize; Oliveira, Adélia Engrácia de (janeiro de 1977). «Alguns aspectos da ergologia Mura-Pirahã». Consultado em 8 de março de 2024 
  42. «Alguns aspectos da ergologia Mura-Piraha. | Acervo | ISA». acervo.socioambiental.org. Consultado em 8 de março de 2024 
  43. «Sao Joao: povoado do Rio Negro (1972). | Acervo | ISA». acervo.socioambiental.org. Consultado em 8 de março de 2024 
  44. «A terminologia de parentesco Baniwa - 1971. | Acervo | ISA». acervo.socioambiental.org. Consultado em 8 de março de 2024 
  45. «Os índios Jurúna do alto Xingu (Oliveira 1970) - Biblioteca Digital Curt Nimuendajú». www.etnolinguistica.org. Consultado em 8 de março de 2024 
  46. «Parentesco Juruna - Quarup Livraria Antiquária». Estante Virtual. Consultado em 8 de março de 2024 
  47. «Parentesco Juruna. | Acervo | ISA». acervo.socioambiental.org. Consultado em 8 de março de 2024 
  48. «A ceramica dos indios Juruna (Rio Xingu). | Acervo | ISA». acervo.socioambiental.org. Consultado em 8 de março de 2024 
  49. «Os índios Jurúna e sua cultura nos dias atuais (Oliveira 1968) - Biblioteca Digital Curt Nimuendajú». www.etnolinguistica.org. Consultado em 8 de março de 2024 
  50. GOMES MOREIRA, DANIELLA. «CONJUNTO RESIDENCIAL PREFEITO MENDES DE MORAES: UM CONJUNTO DE HABITAÇÃO POPULAR, SUA OCUPAÇÃO E CONSERVAÇÃO NOS DIAS ATUAIS». Consultado em 8 de março de 2024