Alfred Lewis (Fajãzinha, Ilha das Flores, Açores, 30 de abril de 1922 — Los Banos, Estados Unidos, 10 de junho de 1977) foi um poeta, romancista, jornalista, contista e dramaturgo português que emigrou para os Estados Unidos com apenas 19 anos de idade, relevante por alcançar notoriedade intercontinental com seu romance Home is an Island.

Alfred Lewis
Nascimento 30 de abril de 1922
Fajãzinha
Morte 10 de junho de 1977 (55 anos)
Los Banos
Nacionalidade Português
Ocupação Poeta, romancista, jornalista, contista e dramaturgo
Principais trabalhos Aguarelas florentinas e outras poesias

O percurso de Alfred foi pouco convencional; após concluir os exames de instrução primária, continuou os seus estudos sob a pressão do padre da freguesia. Aos 14 anos já colaborava no jornal Florentino, escrevendo poemas e romances. Nesta altura lhe foi dada a oportunidade de se fixar em Coimbra, mas Alfred não tencionava seguir um percurso universitário, tendo as suas ideias já predefinidas a procura da aventura americana. Em 1922 emigrou para os Estados Unidos em busca de melhores condições financeiras para futuramente retornar a sua terra natal. Com fraco conhecimento da língua inglesa, trabalhou como apanhador de batata doce e ajudante de cozinha nos seus primeiros anos no continente americano. Devido ao seu forte interesse pela leitura de obras literárias norte-americanas, em pouco tempo tornou-se autodidata em inglês. Depois da publicação de um texto sobre sua ilha no Jornal de Notícias (dirigido pelo seu conterrâneo Pedro L. C. Silveira), foi convidado para trabalhar para a Revista Portuguesa. Esse ponto marca sua iniciação no jornalismo português na Califórnia.[1]

Biografia

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Primeiros anos

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Freguesia de Fajãzinha, nos Açores, onde nasceu Alfred Lewis.

Aos 2 anos de idade teve um problema de saúde que o deixou com o pé direito enfraquecido. Por este motivo, ao longo de sua infância passava a maior parte do tempo sentado, estudando, perdido em seus próprios devaneios. A sua tendência à escrita revelou-se na 4ª classe quando descreveu numa redação a tonalidade do pôr-do-sol de sua freguesia, a Fajãzinha, recebendo elogios do professor. No exame de 2º grau tirou 20 valores, facto que o possibilitou dar explicações para jovens de sua idade ou mais novos, recebendo a alcunha de “Dr. Berlim” entre os vizinhos. Terminando seus estudos escolares, teve a oportunidade de fixar-se em Coimbra, decisão ignorada por ele, já que tinha outra perspetivas em mente. Decidiu então juntar-se ao irmão na América do Norte. Devido a venda de uma relva, os pais conseguiram arcar com os custos de translado até a Califórnia; apesar disso, Alfred lá chegou com apenas 75 centavos americanos e uma passagem de comboio.[1]

Chegada à Califórnia

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Em 1922, ao emigrar para a Califórnia, seu irmão arranjou-o um emprego como apanhador de batatas-doce, e mais tarde, à procura de melhores condições, partiu para São Francisco visando um novo emprego. Lá, começou a trabalhar como ajudante de cozinheiro num restaurante português. O seu desejo pela escrita continuava intenso, foi assim que, depois de ter seu texto publicado pelo jornal local, recebeu um convite para trabalhar na Revista Portuguesa, onde tornou-se aprendiz de tipógrafo. Foi, em seguida, chamado para trabalhar no jornal Lavrador Português. Mais tarde, o jornal acabou e Luís voltou a Atwater, onde empregou-se numa loja. Nessa mesma época, foi diagnosticado com tuberculose e obrigado a entrar num sanatório. Durante esse período, dedicou-se ao aprendizado da língua inglesa. Em 1930, Luís conhece uma jovem de ascendência italiana, Rose Cecelia Rimola e casam-se. Fruto desse casamento têm uma filha, Suzanne. No final desta década, estuda na Faculdade de Direito da Universidade da Califórnia, mais tarde, torna-se juiz municipal da cidade de Los Banos. Alguns anos depois, em 1951, publicou seu primeiro romance Home is an Island em Nova Iórque e Toronto. Recebeu excelentes críticas até mesmo do conceituado New York Times. Em 1975 recebeu o primeiro premio de poesia do Concurso Literário Luso-Americano. Devido a isto, teve seus poemas publicados pela revista da União Portuguesa do Estado da Califórnia.

Seu trabalho inclui nove romances, seis peças, aproximadamente duzentos poemas e quarenta e três contos.[2] A sua carreira literária pode ser dividida em dois momentos: o jovem poeta tradicional e o homem maduro a escrever em Inglês e Português. O conteúdo de suas obras reflete constantemente dois principais temas: o saudosismo por ter deixado a sua terra e transportado os resquícios da sua vivência na ilha e a idealização do amor oriundo de uma paixão não correspondida. Nota-se em seus poemas certo tom de angústia amorosa e frustração em relação aos seus anseios não realizáveis. Na América, Alfred percorre os caminhos de Whitman com a obra The American Range of Self Expression. Por outro lado, a mensagem clara, a linguagem simples, quase quotidiana, podem ser facilmente associada a Robert Frost ou Thomas Stearns Eliot. Em uma de suas numerosas cartas revela-se a preferência pelos imagistas franceses, espanhóis, mexicanos e russos (principalmente Pasternak). Os poemas de Lewis, escritos em inglês e português, foram publicados em revistas e jornais. Uma compilação importante dos seus poemas intitulados de Aguarelas Florentinas e outras poesias foi publicada nos Açores em 1986. Sua notoriedade dá-se igualmente pela menção às suas pequenas histórias pela The Best American Short Stories em 1949 e 1950.

Durante toda a vida, Lewis escreveu artigos, pequenas histórias e poemas para plataformas de notícias americanas e periódicos relevantes como O Liberdade, O Lavrador Português, Jornal de Notícias e outros jornais locais nos quais mantinha uma coluna intitulada The Far Corner.

Home Is an Island

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Publicado em 1951 pela editora Random House, foi seu único romance editorado enquanto ainda estava vivo. A obra relata as aventuras e desafíos de um jovem açoriano prestes a imigrar para os Estados Unidos. Este tornou-se um bestseller prestigiado, com resenhas publicadas por jornais renomados como Chicago Sunday Tribune, San Francisco Chronicle e The New York Times Book Review.

Sixty Acres and a Barn

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Sequência do seu primeiro romance, publicado póstumamente em 2005 pelo Centro de Estudos e Cultura Portugueses [1] na Universidade de Massachusetts Dartmouth.[3]

Aguarelas Florentinas e outras poesías

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Importante compilação de seus poemas publicada em Angra do Heroísmo, nos Açores, em 1986.


Referências

  1. a b BORGES. Diniz (comp.). Alfred Lewis: Escritor de Emoções. Maia: Direcção Regional das Comunidades, 2002. ISBN 972-8005-25-3
  2. https://www.lib.umassd.edu/sites/default/files/archives/findaids/MC57PAA.pdf Página visitada em 8 de janeiro de 2018.
  3. http://www.rtp.pt/acores/comunidades/alfred-lewis1902-1977-fundador-do-romance-luso-americano--_39784 Página visitada em 8 de janeiro de 2018.