Alfredo Keil
Alfredo Cristiano Keil (Lisboa, 3 de julho de 1850 – Hamburgo, 4 de outubro de 1907) foi um compositor, pintor, poeta, arqueólogo e coleccionador de arte português. Keil é conhecido como o compositor do hino nacional português (A Portuguesa).
Alfredo Keil | |
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Nascimento | 3 de julho de 1850 Lisboa |
Morte | 4 de outubro de 1907 (57 anos) Hamburgo |
Nacionalidade | Português |
Cidadania | Reino de Portugal |
Filho(a)(s) | Francisco Keil do Amaral, Luís Keil |
Ocupação | Compositor, pintor, poeta, arqueólogo e coleccionador |
Principais trabalhos | A Portuguesa |
Obras destacadas | A Portuguesa |
Instrumento | piano |
Assinatura | |
Vida e obra
editarAlfredo Cristiano Keil era filho do alfaiate Hans-Christian Keil (mais tarde João Cristiano Keil) e da alsaciana Maria Josefina Stellflug, ambos de origem alemã e radicados em Portugal. A sua educação básica deu-se igualmente na Alemanha, berço do romantismo. Esta foi, talvez, uma das razões pelas quais o artista seguia a reboque das novas tendências, já estabelecidas na Europa.[1]
Estudou desenho e música em Nuremberga, numa academia dirigida pelo pintor Wilhelm von Kaulbach e August von Kreling. Em 1870, devido à guerra Franco-Prussiana, regressa a Portugal. Em 1890, o ultimato inglês a Portugal ofereceu a Alfredo Keil a inspiração para a composição do canto patriótico "A Portuguesa", com versos de Henrique Lopes de Mendonça.[1] A cantiga tornou-se popular em todo o país e seria mais tarde feita hino nacional de Portugal — A Portuguesa.
Fez parte da Maçonaria, sendo iniciado em 1893 na Loja Gomes Freire do Grande Oriente Lusitano Unido com o nome simbólico de Meyerbeer.[2]
Pintor do romantismo, numa época em que a arte mundial ia em direcção do realismo. Músico e compositor lírico, escritor e poeta, Keil não era um pintor de tempo integral, embora também não fosse um artista de fins-de-semana, pois pintava regularmente e deixou centenas de quadros com impressão fina e delicada, de excelente qualidade.
Em Portugal, sua presença como pintor foi ofuscada pelo brilhantismo com que se destacou na música e na poesia. Foi na música, sobretudo, que ele obteve seu maior sucesso, havendo composto o hino pátrio A Portuguesa.[1] Sua mais conhecida composição, todavia, foi a Marcha Fúnebre. E, entre os livros que publicou, destaca-se «Tojos e Rosmaninhos». purl.pt (poesias, 1908), obra tríplice inspirada nas lendas e tradições de Ferreira do Zêzere, concelho no qual, a partir da famosa Estalagem dos Vales (uma espécie de Barbizon Portuguesa), Keil, José Campas, José Ferreira Chaves, Teixeira Lopes, Taborda (actor), António Saúde, Simões de Almeida, o próprio rei D.Carlos I e muitos outros artistas do final do século XIX frequentavam esta paragem.[1]
O artista morreu em Hamburgo (Alemanha) em 4 de outubro de 1907.
Como pintor
editarEra um pintor de paisagens, mas também de interiores requintados, como o quadro Leitura de uma Carta, trazido a público em 1874 e recebido com entusiasmo,[1] tanto pela aristocracia ainda dominante, como pelos burgueses endinheirados, a quem a arte singela do romantismo sensibilizava mais fortemente.
O seu trabalho encontrou e conquistou um apreciável segmento do mercado. Em 1890, realizou uma exposição individual em Lisboa, bastante concorrida, na qual expôs cerca de trezentos quadros. Foi a consagração em seu país, após o reconhecimento que lhe fora dado por outros países.
Em 1878, inscreveu-se na Exposição Internacional de Paris; em 1879, esteve no Brasil, expondo no Salão Nacional de Bellas-Artes, onde conquistou medalha de ouro; em 1886, participou da Exposição de Madrid, recebendo a Condecoração da Ordem de Carlos III de Espanha.
Como compositor
editarComo compositor, ganharam destaque as óperas Donna Bianca (1888), Irene (1893) e Serrana (1899), esta considerada até então a melhor ópera portuguesa.
Alfredo compôs a música de A Portuguesa, o hino nacional, em 1891,[3] com letra do poeta e dramaturgo Henrique Lopes de Mendonça, aprovada em 1911, após a proclamação da República no ano anterior. Ironicamente, ele tinha morrido exatamente três anos antes do primeiro dia da Revolução.[4]
Encontra-se colaboração da sua autoria na revista Serões [5] (1901-1911).
Como escritor
editarKeil interessa-se também pelo coleccionismo, arqueologia, etnografia e pela actividade literária. Publica Breve notícia dos instrumentos de Música antigos e modernos da Colecção Keil (em 1904), Colecções e Museus de Arte em Portugal (em 1905) e Tojos e Rosmaninhos, uma colectânea de poesias ilustrada pelo artista (em 1908).[6]
Família
editarCasou-se com Cleyde Maria Margarida Cinatti, filha de pais italianos, Giuseppe Luigi Cinatti (filho de Luigi Cinatti e esposa Maria Nicolina …) e esposa Margherita Rivolto (filha de Giacomo Rivolto e esposa Margherita Sertorio) e teve quatro filhos (Joana, Guida, Luís e Paulo):
- Joana Maria Francisca Cinatti Keil
- Guida Maria Josefina Cinatti Keil, casou primeiro com Jaime Raul de Brito Carvalho da Silva, têm dois filhos, e casou segunda vez como Francisco Coelho do Amaral Reis, 1º Visconde de Pedralva em 1904 (Sátão, Águas Boas, 3 de agosto de 1873 – 5 de abril de 1938), 100.º governador de Angola entre 1920 e 1921, filho de José Caetano dos Reis e esposa Lucrécia Coelho do Amaral, e teve apenas um filho, o arquitecto Francisco Keil do Amaral:
- Maria Sara Keil Carvalho da Silva
- Eduardo Alfredo Keil Carvalho da Silva, casou com Dolores dos Santos Mendes, de quem tem três filhos:
- Eduardo Artur Mendes Keil Carvalho da Silva
- Bárbara Queiroz Soares Carvalho da Silva
- Guida Maria Mendes Keil Carvalho da Silva, teve três filhos naturais, um de Morais Marques e dois de Teixeira:
- Inês Raquel Carvalho da Silva Morais Marques
- Tito Carvalho da Silva Teixeira
- Erica Carvalho da Silva Teixeira
- Carlos Eduardo Mendes Keil Carvalho da Silva
- Eduardo Artur Mendes Keil Carvalho da Silva
- Francisco Keil do Amaral
- Luís Cristiano Cinatti Keil (1881–1947)
- Paulo Henrique Cinatti Keil
Bibliografia
editar- Cascudo, Teresa (2001), "Alfredo Keil, compositor", in Catálogo da Exposição Alfredo Keil (1850-1907), Lisboa, IPPAR.
- Cascudo, Teresa (2010), "Keil, Alfredo", in Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX, vol. 2, p. 673, Temas e Debates.
- Rodrigues, António (2001), Fotobiografia de Alfredo Keil, Lisboa, IPPAR.
Ver também
editar- Jardim Alfredo Keil, em Lisboa
Referências
- ↑ a b c d e «Alfredo Keil». Infopédia. Consultado em 3 de outubro de 2012
- ↑ Oliveira Marques, A. H. (1985). Dicionário da Maçonaria Portuguesa. Lisboa: Delta. p. 820
- ↑ «Diário da Assembleia Nacional Constituinte - 1911». Assembleia da República. Assembleia da República. Consultado em 31 de agosto de 2010. Arquivado do original em 20 de maio de 2009
- ↑ «Hino Nacional». Presidência da República Portuguesa. Página oficial da Presidência da República Portuguesa. 2010. Consultado em 26 de setembro de 2010
- ↑ Rita Correia (24 de Abril de 2012). «Ficha histórica: Serões, Revista Mensal Ilustrada (1901-1911).» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 23 de Setembro de 2014
- ↑ Joana Baião. «Alfredo Keil». Museu Nacional de Arte Contemporânea. Consultado em 10 de dezembro de 2018
Ligações externas
editar- «Biografia». www.cm-porto.pt
- «Galeria de Alfredo Keil». www.jokerartgallery.com
- «BIO, Catálogo e Exemplos Auditivos»
- Revista Glosas n.º 2, dedicada a Alfredo Keil
- Tojos e rosmaninhos, de 1907, na Biblioteca Nacional de Portugal
- Obras de Alfredo Keil na Biblioteca Nacional de Portugal