Antônio Pires de Ávila

Antônio Pires de Ávila (São Paulo, 11 de novembro de 1691Salvador, 1737) foi um militar e sertanista brasileiro. De acordo com Pedro Taques[1], Antônio Pires de Ávila era filho de Manoel de Ávila, vulgo Quatro Olhos, e Ana Ribeiro Razão. Ocupou os postos de tenente, sargento e mestre de campo, por patente de Dom Brás Baltasar da Silveira, governador e capitão-general da capitania de São Paulo. Casou-se com Ana Moreira de Godoy, natural de São Paulo, filha de Inácio de Godoy Moreira e de Catarina de Unhate de Medeiros. Teve cinco filhas e não gerou filhos varões. Das cinco filhas, sabe-se apenas o nome de três: Teresa Pires, Úrsula Pires e Catarina de Medeiros[2]. Faleceu em data incerta no ano de 1737, no interior de uma prisão em Salvador, Bahia.

Antônio Pires de Ávila
Antônio Pires de Ávila
Nascimento 11 de novembro de 1691
São Paulo
Morte 1737
Salvador
Cidadania Brasil
Ocupação oficial
Brasão de armas da Família Pires
Brasão de armas da Família Pires

Carreira Militar editar

A carreira militar de Antônio Pires de Ávila teve início em 16 de setembro de 1710, quando aos 18 anos, lutou como alferes nos terços comandados por Domingos da Silva Bueno contra a investida de corsários franceses em Santos, em auxílio ao governador da Praça de Santos, Manoel Gomes Barbosa, no episódio que ficou conhecido como Batalha do Rio de Janeiro, onde o francês Jean-François Duclerc foi derrotado. Depois, em 1711, possivelmente como cabo, voltou novamente a combater contra a segunda tentativa de invasão francesa, na também chamada de Batalha do Rio de Janeiro, desta vez amargando a derrota para os franceses, que acossaram a cidade. Devido ao sucesso da campanha, alcança em 1713 o posto de sargento-mor, um cargo auxiliar e logo abaixo do de capitão-mor. Em 21 de outubro de 1721, é promovido ao posto de mestre de campo, na época um cargo de oficial superior. Em janeiro de 1737, assume interinamente o governo da Praça de São Paulo, mas o exerce por pouco tempo, pois logo é preso e enviado a Salvador, onde morre[3].

Fundação de Pitangui (Minas Gerais) editar

Em 27 de dezembro de 1713, Antônio Pires de Ávila foi provido como sargento-mor dos auxiliares de Pitangui [4], na época apenas um povoado. Devido ao fato de ter descoberto passagens de rios, como a que levava a Rio Paraupava, com grandes jazidas de ouro, foi também nomeado superintendente do distrito de Pitangui. Em 6 de fevereiro de 1715, o governador Brás Baltasar da Silveira, cria oficialmente a Vila de Nossa Senhora da Piedade do Pitangui (hoje município de Minas Gerais), que vem a ser instalada somente em 9 de junho do mesmo ano pelo então sargento-mor Antônio Pires de Ávila, comissionado pelo ouvidor-mor, Luiz Botelho de Queiroz[5].

Suposta fundação de Ribeirão Pires (São Paulo) editar

A historiografia da década de 1970 atribui aos Pires o nome do município paulista de Ribeirão Pires, em vista de a cidade estar supostamente situada em terras que foram da família de Antônio Pires de Ávila[6]. Esta tese é defendida pelos escritores Wanderley dos Santos e Roberto Bottacin Moreira[7]. Todavia, isso não está comprovado, pois as cartas de sesmaria de Antônio Pires de Ávila, datadas do século XVIII, apontam que seu sítio fora construído em um lugar chamado Cassaquera[8] - lugar este que hoje faz parte das cidades de Mauá e Santo André. Em 24 de março de 1716, o mestre de campo solicitou a ampliação e a confirmação de mais terras, situadas a oeste de seu sítio, pois as considerava devolutas - o que na verdade não se comprovou, pois pertenciam a outro militar, de nome Alexandre Barreto de Lima, que as possuía desde 1704. As terras desejadas por Pires de Ávila e pertencentes a Barreto de Lima ficavam localizadas em São Bernardo (atual São Bernardo do Campo), cujas demarcações citavam os córregos do Itororó, Saracantã, Ribeirão dos Couros, o Caminho do Mar e o Rio Jurubatuba-Açu (atual Rio Grande). Nenhum desses lugares fica no território de Ribeirão Pires[9].

Todas essas evidências, devidamente documentadas, não deixam margens para que se afirme ter havido alguma participação do militar sobre a origem de Ribeirão Pires. A inexistência de uma câmara municipal, uma cadeia pública, um pelourinho e uma capela - elementos obrigatórios para a fundação de uma vila portuguesa - também afastam a possibilidade de ter havido qualquer ato oficial de fundação, tal como o militar fizera em Pitangui no ano de 1715. Assim, historiadores mais precavidos evitam cair no determinismo de Wanderley dos Santos e Roberto Bottacin, e preferem acreditar que Antônio Pires de Ávila teve uma rápida passagem pela região, não realizando nenhum ato oficial de fundação.

Referências

  1. LEME, Pedro Taques de Almeida Paes (1869). Nobiliarquia Paulistana: Genealogia das Principais Famílias de São Paulo. Rio de Janeiro: [s.n.] pp. 52–53 
  2. LEME, Luiz Gonzaga da Silva (1905). Genealogia Paulistana. V. IX. São Paulo: Duprat & Comp. pp. p. 47 
  3. SILVA (org.), Maria Beatriz Nizza da (2008). História de São Paulo Colonial. São Paulo: Editora Unesp. pp. p. 155 
  4. SANTOS, Wanderley dos (2017). História de Ribeirão Pires. São Bernardo do Campo: Editora UFABC. pp. p. 19 
  5. VEIGA, José Pedro Xavier da (1897). Efemérides Mineiras: 1664-1897. V. 2. Ouro Preto: Imprensa Oficial do Estado de Minas. pp. 340–341 
  6. SANTOS, Wanderley dos (2017). História de Ribeirão Pires. São Bernardo do Campo: Editora UFABC. pp. p. 17 
  7. BOTTACIN, Roberto (1979). Ribeirão Pires... sua história. Ribeirão Pires: Combrig. 69 páginas 
  8. AHU - Arquivo Histórico Ultramarino. Caixa 14. Documento 1395.
  9. DUARTE, Marcílio de Castro (março de 2017). «Antônio Pires de Ávila - Parte I: O ribeirão». Revista Aqui!