Vladimir Aleksandrovitch Antonov-Ovseenko

Vladimir Antonov-Ovseenko (em russo: Влади́мир Алекса́ндрович Анто́нов-Овсе́енко; em ucraniano: Володимир Олександрович Антонов-Овсієнко) (Tchernigov, Ucrânia, 9 de março de 1883 (jul.) - Moscovo, 10 de fevereiro de 1939) foi um destacado bolchevique, jornalista, militar e diplomático originário da Ucrânia. Dirigiu o assalto ao Palácio de Inverno que culminou a vitória bolchevique durante a Revolução de Outubro. Foi um dos processados durante o Grande Expurgo stalinista. Utilizava o pseudônimo Schtik no partido e A. Galski na literatura.

Vladimir Aleksandrovitch Antonov-Ovseenko
Vladimir Aleksandrovitch Antonov-Ovseenko
Nascimento 9 de março de 1883
Chernigov
Morte 10 de fevereiro de 1938 (54 anos)
Moscovo
Sepultamento Campo de fuzilamento de Kommunarka
Cidadania União Soviética
Filho(a)(s) Anton Antonov-Ovseyenko
Alma mater
  • Vladimir Military School
Ocupação ator, político, diplomata, militar
Prêmios
Lealdade Império Russo, União Soviética
Comando Ukrainian Soviet Army, Ukrainian Front (1919), Political Directorate of the Soviet Army and Soviet Navy
Causa da morte perfuração por arma de fogo

Início da carreira militar editar

Vladimir Antonov-Ovseenko nasceu em Tchernigov, Ucrânia, em 9 de março (jul.)/ 21 de março (greg.), numa família de oficiais do exército tsarista. Graduou-se no corpo de cadetes de Voronej em 1901, e ingressou, por pressão parterna, na Escola Militar de Engenharia de Mikolaiv. Denunciou o ambiente castrense e foi encarcerado, sendo libertado pouco depois graças à influência do seu pai. Em 1902 abandonou a morada paterna e trabalhou como peão e condutor, até ingressar finalmente na Escola Militar de Petrogrado.

Atividade revolucionária editar

Em 1902 aderiu ao Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR). Durante a sua época como militar na escola de infanteria Vladimir em Petrogrado, fundou um grupo revolucionário de militares. Terminada a sua trajetória na Escola Vladimir, foi destinado a Varsóvia, onde fundou o Comité Militar do POSDR. Porém, foi rapidamente destinado ao extremo oriente. Depois do seu serviço lá, renunciou ao grau de podporutchik (subtenente) para dedicar-se inteiramente à luta revolucionária clandestina. Durante a Revolução de 1905, dirigiu o levantamento operário em Novo-Aleksandria (Polónia) e em Sebastopol (Crimeia). Porém, com o fracasso da revolução, foi detido e sentençado a morte. A pena foi comutada por vinte anos de exílio na Sibéria, mas conseguiu fugir em 1910 e emigrou a Paris.

Assalto ao Palácio de Inverno editar

Como membro da organização militar do POSDR, transladou-se a Helsínquia para dirigir o trabalho de propaganda entre os soldados do norte e os marinheiros da frota baltica, editando o jornal Volna (Волна: Onda). Em 1917, Antonov-Ovseenko teve uma participação direta nas manifestações contra a Ofensiva Kerenski. Por esse motivo, foi detido junto com outros revolucionários como Fiodor Raskolnikov. Ambos dirigiram uma carta de protesto contra o arresto sem fundamento, e as fontes oficiais soviéticas posteriores indicam que a sua libertação se deu sob fiança.

Como quer que fosse, jogou um papel relevante na insurreição de outubro como Secretário do Comité Revolucionário de Petrogrado, dirigindo a guarda vermelha, os soldados revolucionários e os marinheiros no assalto ao Palácio de Inverno que terminou com o arresto do Governo provisório russo. No Segundo Congresso dos Sovietes de Todas as Rússias, foi eleito membro do Comité para os Assuntos Militares e Navais do Sovnarkom de Lenin.

Guerra Civil editar

Como especialista militar, em dezembro de 1917, Antonov-Ovseenko foi eleito para o mando do Exército Vermelho no sul do país contra os cossacos de Aleksei Kaledin e contra as forças nacionalistas ucranianas que apoiavam a Rada Central Ucraniana. Dirigiu a entrada dos exércitos russos em Kharkov, então a capital da Ucrânia.

Em 1919, foi nomeado Presidente do Comité Executivo do Oblast de Tambov, que entre esse ano e 1921 viveu um levantamento camponês anti-bolchevique dirigido por Aleksandr Antonov (анто́новщина: antonovshchina) motivado pela política de recoleção forçosa decretada pelo governo soviético no marco do denominado comunismo de guerra. Em 1921, esmagou a rebelião em colaboração com Mikhail Tukhatchevski, utilizando para isso mais de 30.000 soldados, armas químicas sobrantes da Primeira Guerra Mundial e campos de concentração para familiares dos rebeldes.

Época soviética editar

Durante a guerra civil, Antonov-Ovseenko formou-se como um funcionário do Partido altamente competente. Entre 1922 e 1924 foi nomeado Chefe do Departamento Político do Conselho Militar Revolucionário. Desde esse cargo, levou adiante uma campanha de oposição à concentração de poder na figura de Stalin. Por essa via, aderiu à Oposição de Esquerda dirigida por Lev Trotski. Embora a sua oposição a Stalin, ocupou cargos plenipotenciários nos países limítrofes com a Rússia soviética: Tchecoslováquia (1924), Lituânia (1928) e Polónia (1930). Porém, em 1928, por pressões, foi obrigado a separar-se da linha trotskista. Após essa renúncia, foi nomeado Promotor Chefe da RSFSR (1934) e Comissário Popular de Justiça da RSFSR (1937).

Entre ambos os cargos, foi designado cónsul geral da URSS em Barcelona (entre 1936 e 1937), onde defendeu a linha stalinista frente aos grupos anarquistas e trotskistas do POUM que controlavam o movimento antifascista na Catalunha.

A finais de 1937, Antonov-Ovseenko foi destituído dos seus cargos e exiliado na Espanha. Lá, foi arrestado pelo NKVD durante o Grande Expurgo de 1937. Em 8 de fevereiro de 1938 foi sentençado a morte pelo Colégio Militar da Corte Suprema da URSS "por pertença a organização terrorista trotskista e por espionagem". Foi fuzilado em 1939 e reabilitado em 1956.

Bibliografia editar



Ligações externas editar