Gália Aquitânia

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 Nota: Para a moderna região francesa, veja Aquitânia. Para outros significados, veja Gália (desambiguação).

Gália Aquitânia, chamada também apenas de Aquitânia, foi uma província do Império Romano que fazia fronteira com a Gália Lugdunense, a Gália Narbonense e a Hispânia Tarraconense.[1] Seu território corresponde à moderna região sudoeste da França, onde a região da Aquitânia tomou emprestado seu nome.

Provincia Gallia Aquitânia
Província da Gália Aquitânia
Província do(a) Império Romano
56 a.C.293
 

 



Gália Aquitânia, c. 400
Capital Burdígala

Período Antiguidade Clássica
56 a.C. Conquista romana. Território equivalente à futura Aquitânia Tércia
27 a.C. Expandida por Otaviano, com a fronteira chegando ao Loire
293 d.C. Reformas administrativas de Diocleciano

Tribos da Aquitânia

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Quatorze tribos celtas e vinte aquitanas ocupavam a região norte dos Pireneus e, a partir do país dos Cemeno até o oceano, era limitada por dois rios: o Garumna (Garona) e o Líger (Loire).[2][3] Havia mais de vinte tribos de aquitanos, mas eram todas pequenas e pouco notórias; a maioria vivia ao longo do litoral, mas algumas habitavam o interior, chegando à região mais alta dos montes Cemeno até os tectósages.

O nome "Gália Comata" era geralmente utilizado para fazer referência às três províncias da Gália,a Lugdunense, Bélgica e Aquitânia, que significa literalmente "Gália de cabelos compridos", uma contraposição à "Gália Bracata", a "Gália de calças compridas", um termo derivado de bragas, uma roupa nativa utilizada pelos bárbaros da região), reservado para a Gália Narbonense.

A maior parte da costa atlântica dos aquitanos tem solo arenoso e fino onde crescia painço e nada mais. Ao longo dela havia também um golfo, que era habitado pelos tarbelos, em cujas terras abundavam as minas de ouro. Nelas, grandes quantidades do precioso metal eram minerados e exigiam pouco esforço de purificação. O interior da região, mais montanhoso, tinha um solo mais fértil. Os petrocórios e os bitúriges cubos ostentavam excelentes forjas; os cadurcos produziam linho e os rutenos e os gabales tinham minas de prata.

De acordo com Estrabão, os aquitanos eram um povo rico. Diz-se que Luério, o rei dos arvernos e o pai de Bituito que guerreou contra Máximo Emiliano e Domécio, era tão rico e extravagante que teria certa vez dirigido sua carruagem através de uma planície despejando moedas de ouro e prata por onde passava.[2]

Os romanos chamavam os grupos tribais de pagos e eles estavam organizados em grupos maiores, super-tribais, que os romanos chamavam de cividade. Esta organização administrativa foi depois assimilada pelos romanos em seu sistema administrativo local.

Gália Aquitânia romana

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A Gália era uma nação e não uma unidade estatal bem definida (Júlio César já diferenciava os gauleses (celtas), belgas e aquitanos).[4] Para conseguir proteger a estrada para a Hispânia, Roma ajudou a colônia grega de Massália (Marselha) a se defender contra os ataques gauleses e aquitanos. Em troca, eles receberam o controle de uma faixa de terra que se estendia do Mediterrâneo até o Lago Genebra que eles chamaram de "Província" em 121 a.C.. A região seria depois conhecida como Gália Narbonense e sua capital era Narbo Márcio (Narbona).[1] Parte desta província corresponde à moderna região de Provença, uma reminiscência do antigo nome romano.

A principal batalha da guerra contra os romanos (58-50 a.C.) ocorreu quando Júlio César enfrentou Vercingetórix na Batalha de Gergóvia (uma cidade dos arvernos) e na Batalha de Alésia (mandúbios). O comandante gaulês foi capturado durante o cerco de Alésia e a guerra terminou. Depois, César tomou toda a Gália e justificou sua conquista jogando com as más lembranças dos romanos a respeito dos antigos ataques celtas e germânicos para além dos Alpes partindo dali. A Itália romana estaria agora bem defendida pelo Reno.[2]

César batizou de Aquitânia o território em forma de triângulo entre o oceano, os Pireneus e o Garona. Muitos combates se seguiram e a região foi quase completamente subjugada em 56 a.C. depois que Públio Licínio Crasso liderou uma campanha com seus aliados celtas. Novas revoltas se seguiram em 38-37 a.C., com Marco Vipsânio Agripa conseguindo uma grande vitória sobre os gauleses de Aquitânia em 38 a.C. Ela era a menor das três regiões da Gália até Otaviano deslocar sua fronteira até o Loire,[5] uma reorganização provocada pelo resultado do censo de 27 a.C. e das observações de Agripa sobre língua, raça e organização comunitária.[6] Nesta época, a Gália era formanda pela Aquitânia, Narbonense, Lugdunense e a Bélgica[7] e tornou-se uma província imperial, com Aquitânia sendo governada por pretor e sem nenhuma legião residente[8]

Mais do que César, Estrabão insiste que os aquitanos eram diferentes dos demais gauleses não apenas na língua, instituições e leis, mas também nas decorações corporais e apresentava-os como sendo mais parecidos com os iberos.[9] As fronteiras estabelecidas por Augusto, que abrangiam tribos celtas e aquitanas, permaneceram inalteradas até a época do imperador Diocleciano (r. 284-305), que reorganizou completamente a administração imperial.

Os arvernos frequentemente enfrentavam os romanos com exércitos enormes, variando de duzentas a quatrocentas mil pessoas. Duzentas mil lutaram contra Quinto Fábio Máximo Emiliano e Domiciano. Eles não apenas estenderam seus domínios até Narbo e à vizinhança de Massília, mas também eram senhores de tribos tão distantes quanto os Pireneus ou o Reno.

Império Romano Tardio e os visigodos

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 Ver artigo principal: História da Aquitânia
Provincia Aquitania Prima
Provincia Aquitania Secunda
Província Aquitânia Prima
Província Aquitânia Secunda
Província do(a) Império Romano
  
293418  

 
Gália romana, c. 400
Capital Avárico (Prima)
Burdígala (Secunda)

Período Antiguidade Tardia
293 d.C. Divisão da Gália Aquitânia
418 d.C. Anexada ao Reino Visigótico

A Gália romana terminou no final do século III. As pressões externas acabaram exacerbando as fragilidades internas e a negligência com a fronteira do Reno acabou resultado em invasões bárbaras e guerras civis. Por um tempo, a Gália, a Hispânia e a Britânia foram governadas por uma linha distinta de imperadores (começando com Póstumo. Porém, nenhuma tentativa foi feita para conseguir a independência de facto da região. Com o objetivo de salvar o império, Diocleciano reorganizou as províncias a partir de 293, criando a Diocese Vienense no sul da Gália, que abrangia a antiga Gália Aquitânia e a Narbonense. Na mesma época, Aquitânia foi dividida em Aquitânia Prima (ou Aquitânia I), Aquitânia Secunda (ou Aquitânia II) e Aquitânia Tércia (ou Aquitânia III), também chamada de Novempopulânia ("terra dos nove povos"), esta última com suas fronteiras remetendo àquelas estabelecidas por César para a Aquitânia original (antes da expansão de Otaviano) e que sempre manteve algum tipo de identidade distinta. Depois da reestruturação, a Gália se estabeleceu e desfrutou de renovado prestígio.[1] Além disso, a divisão foi mantida durante a Alta Idade Média pelos recém-chegados visigodos, que formaram o Ducado da Vascônia (que, no fim, deu origem à Gasconha).

A partir de 395, a divisão do império entre os imperadores do oriente e do ocidente novamente levou ao descuido da fronteira do Reno, o que acabou se refletindo na transferência do prefeito pretoriano das Gálias para Arelate. Em 418, o imperador Flávio Honório recompensou seus federados visigodos com terras na Aquitânia.[10][11] Eles foram mantidos sob controle até que a morte de Aécio e a crescente debilidade do governo ocidental criaram um vácuo de poder. As décadas de 460 e 470 testemunharam um avanço cada vez maior dos visigodos em território romano para o leste da Aquitânia até que, em 476, as últimas possessões imperiais no sul foram cedidas aos visigodos. Este território foi o embrião do futuro Reino Visigótico que no fim se estenderia para além dos Pireneus e tomaria a Península Ibérica.

Principais cidades

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Referências

  1. a b c John Frederick Drinkwater (1998). "Gaul (Transalpine)". The Oxford Companion to Classical Civilization. Ed. Simon Hornblower and Antony Spawforth. Oxford University Press. Oxford Reference Online.
  2. a b c Strabo: The Geography, The Aquitani.
  3. The Fourth Book of the History of Nature, C. Pliny.
  4. Júlio César, De Bello Gallico, I 1
  5. Caro Baroja, Julio (1985). Los vascones y sus vecinos. San Sebastian: Editorial Txertoa. p. 129. ISBN 84-7148-136-7 
  6. Matthew Bunson (1994). Encyclopedia of the Roman Empire. Facts on File, New York. p. 169.
  7. The Histories of Appian, The Civil Wars
  8. Livius.org, Provinces (Roman).
  9. Caro Baroja, Julio (1985). Los vascones y sus vecinos. San Sebastian: Editorial Txertoa. p. 127. ISBN 84-7148-136-7 
  10. P. Heather. (1996). The Goths, Blackwell Publishers, Oxford.
  11. H. Sivan. (1987). "On Foederati, Hospitalitas, and the Settlement of the Goths in AD 418", American Journal of Philology 108 (4), 759-772.

Ver também

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