Arinteu
Flávio Arinteu (em latim: Flavius Arinthaeus; 378) foi um político e oficial do exército romano, que serviu sob os imperadores Constâncio II, Juliano, Joviano e Valente. Ao longo de sua carreira pública a ele foi concedido inúmeros ofícios de prestígio e esteve envolvido em alguns dos principais eventos de seu período como a campanha persa de Juliano, a guerra gótica, a supressão da revolta de Procópio e a reposição do rei Papa (r. 370–374) no trono do Reino da Armênia. Foi nomeado cônsul em 372 ao lado de Domício Modesto.
Arinteu | |
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Nacionalidade | Império Romano |
Ocupação | General |
Vida
editarInício da carreira
editarComeçando seu serviço como oficial militar, em 354/355 Arinteu serviu como um tribuno na Récia.[1] Pertencia a uma das legiões que acompanhavam o imperador Constâncio II (r. 337–361), em sua campanha contra os alamanos, onde foi fundamental para a garantia de vitória contra o inimigo em circunstâncias difíceis.[2] Crescendo dentre das fileiras, tornou-se um oficial de justiça do palácio sob Constâncio.[3] Em 361 acompanhou Constâncio na marcha contra o césar Juliano na Gália.[4] É novamente citado em 363 quando, como conde dos assuntos militares, acompanhou Juliano, o Apóstata (r. 360–363) em sua campanha contra o Império Sassânida. Foi colocado no comando da cavalaria na ala esquerda durante o avanço em Assuristão, e repeliu pelo menos um ataque persa em seu caminho.[5] Mais tarde, comandou uma força de infantaria durante a Batalha de Ctesifonte, onde devastou o interior e perseguiu os persas que pode encontrar.[6][7]
Com a morte de Juliano na Mesopotâmia, Arinteu e um série de outros funcionários que haviam servido sob Constâncio começaram a procurar entre si um substituto, mas sofreram oposição dos oficias gauleses de Juliano. Posteriormente concordaram com a elevação de Salúcio, que se recusou a aceitar a nomeação imperial, e então foram forçados a aceitar Joviano (r. 363–364). Joviano manteve muitos dos oficiais de Juliano, e um dos seus primeiros atos foi enviar Arinteu e Salúcio para negociar uma trégua com o xá Sapor II (r. 309–379). As negociações duraram cerca de quatro dias, e acordou-se que os romanos desistiriam de cinco satrapias no lado oriental do rio Tigre, e abandonariam o controle do leste da Mesopotâmia, mantendo todo o oeste da Mesopotâmia.[8] A influência romana também seria restrita em e no entorno do Reino da Armênia.[9] No caminho de volta do Oriente, Joviano enviou Arinteu para a Gália, onde foi ordenado como mestre da cavalaria.[10]
Serviço sob Valente
editarArinteu apoiou a adesão de Valentiniano I (r. 364–375) como imperador no ano de 364,[11] e foi transferido para a corte do irmão de Valentiniano, Valente (r. 363–378), em Constantinopla. Como duque envolveu-se na supressão da revolta de Procópio em 366. Foi enviado para a fronteira da Bitínia e Galácia com um exército contra Hiperéquio, um aliado de Procópio, onde convenceu o inimigo a abandonar o usurpador.[10][12] Arinteu foi então nomeado mestre da infantaria após a derrota de Procópio, uma posição que ocupou até 378.
Arinteu acompanhou Valente durante a guerra gótica de 367-369. Em 368 foi enviado para perseguir os tervíngios da Dácia, com seus soldados recompensados com uma moeda de ouro para cada cabeça bárbara que trouxessem.[13] No ano seguinte, em 369, foi convidado a negociar a paz com o juiz Atanarico, antes de ser enviados imediatamente para a fronteira persa.[14] No fim de 369 e começo de 370, com a reparação da estrada entra Amaseia (atual Amásia) e Satala, marchou para a Armênia com uma força para reinstalar Papa (r. 370–374) no trono armênio e ajudá-lo a resistir às incursões do Império Sassânida.[10][15]
Sua presença forçou Sapor a remover seu exército, e cercear as tentativas de Papa em chegar a um acordo com o xá.[10][15] Em 372, Arinteu foi nomeado cônsul posterior, atuando junto com Domício Modesto. Apoiou Trajano após a falha do mesmo em conseguir a vitória na batalha dos Salgueiros em 377. Morreu em 378, ainda no auge da vida. Foi batizado cristão em seu leito de morte. Era casado e tinha pelo menos uma filha. Foi um correspondente de Basílio de Cesareia e foi acusado de ter confrontado o imperador Valente sobre o arianismo.[16]
Referências
- ↑ Martindale 1971, p. 102.
- ↑ Amiano Marcelino 397, p. XV.4.10.
- ↑ Amiano Marcelino 397, p. XXV.5.2.
- ↑ Lenski 2002, p. 14.
- ↑ Boeft 2002, p. XIX.
- ↑ Martindale 1971, p. 102-103.
- ↑ Boeft 2002, p. XXI.
- ↑ Lenski 2002, p. 161-163.
- ↑ Lenski 2002, p. 164-165.
- ↑ a b c d Martindale 1971, p. 103.
- ↑ Lenski 2002, p. 10.
- ↑ Lenski 2002, p. 79.
- ↑ Lenski 2002, p. 128.
- ↑ Lenski 2002, p. 133.
- ↑ a b Lenski 2002, p. 133.
- ↑ Lieu 1988, p. 38.
Bibliografia
editar- Boeft, J. Den (2002). Philological and Historical Commentary on Ammianus Marcellinus XXIV. Leida e Boston: Brill
- Lenski, Noel Emmanuel (2002). Failure of Empire: Valens and the Roman State in the Fourth Century A.D. Berkeley, Los Angeles e Londres: Imprensa da Universidade da Califórnia
- Lieu, Samuel N. C. (1988). Constantine: History, Historiography, and Legend. Londres e Nova Iorque: Routledge
- Amiano Marcelino (397). Os Feitos 🔗. Roma
- Martindale, J. R.; A. H. M. Jones (1971). «Flavius Arinthaeus». The Prosopography of the Later Roman Empire, Vol. I AD 260-395. Cambrígia e Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Cambrígia