Estudou na Itália, nas oficinas de restauro do Vaticano.
Não há consenso sequer nas datas de nascimento e morte, já que algumas fontes apontam 1869-1923[1] e outras, ao contrário, apontam 1876-1932[2][3] datas estas que julgamos mais factíveis, já que os murais sobre A Sagrada Família no Egito, na abside da Catedral de Nossa Senhora do Desterro em Jundiaí estão assinados e datados A. Mecozzi 1925.[4] De qualquer maneira, há consenso de que ele nasceu em Frascati e morreu em Santos.
Uma biografia sua, publicada recentemente em Roma [5] registra que Mecozzi nasceu em 14 de setembro de 1876 e faleceu em 19 de maio de 1932. Casou-se em 12 de outubro de 1903 com Leonilde Graziani, com quem teve dois filhos, Amália (1905) e Vincenzo (1909).
Villa Mondragone, onde funcionou o Colégio de 1865 a 1953.
Estudou em Roma, na Regia Accademia di Belli Arti, e esteve como aprendiz, depois de formado, em ateliers de pintores renomados como Mariani e Palombi. Ensinou desenho por catorze anos (1898-1912) no Nobile Collegio di Mondragone. Decorou a igreja paroquial de Rocca Priora, a abside e o Presbitério da Catedral de Pescina (1907) e realizou, em 1912, uma série de afrescos, sob encomenda do Monsenhor Francesco Giacci, para a igreja Santa Maria Dell'Assunta, uma igreja construída no século XV em Roma.[6] Hoje, seus afrescos foram cobertos por pinturas modernas, do frei Ugolino da Belluno.
Transferiu-se para o Brasil, com toda a família, em 1912. Não voltou a viver na Itália, embora tivesse feito várias visitas breves àquele país.
Existem, nos altares laterais da Igreja da Consolação em São Paulo, alguns trabalhos assinados e datados, A. Mecozzi 1918: Fuga para o Egito (tema que retomará na Catedral de Jundiaí, poucos anos depois), São José e o Menino e A Morte de São José.[7] Há grande número de pinturas murais e decorativas, suas e de seu filho Vincenzo, também no Santuário do Sagrado Coração de Maria, em Higienópolis, realizadas entre os anos de 1929 e 1934 ¹.
Catedral de Nossa Senhora do Desterro, em Jundiaí, entre 1886 (quando adquiriu feição neogótica) e 1921 (quando houve a reforma que modificou levemente a fachada e criou as capelas radiantes e o transepto).Altar-mor da Catedral de Nossa Senhora do Desterro.
Em 1886 a primitiva matriz de Jundiaí, dedicada a Nossa Senhora do Desterro, em estilo barroco, foi remodelada por Ramos de Azevedo: as paredes de taipa de pilão foram substituídas por alvenaria e o estilo passou do barroco original para o neogótico. Em 1921, o pároco decidiu intensificar as características neogóticas e substituiu o forro de madeira por abóbadas ogivais em gomos, criou o transepto (pelo extrapolamento de duas das capelas laterais) e encarregou Arnaldo Mecozzi da decoração do templo. Não se tratavam, como em Roma, de alguns afrescos, mas sim toda a decoração interna de um templo relativamente grande e bastante elaborado.
Presbitério (abside) da Catedral Nossa Senhora do Desterro, Jundiaí-SP.
"Carregado de simbolismo teológico, o estilo da Catedral expressa a grandiosidade, onde tudo se volta para o alto, em direção aos céus. Passou por uma reforma em 1921. O teto passou a ter abóbadas ogivais; foram colocados vitrais e as paredes receberam belas pinturas do artista plástico italiano Arnaldo Mecozzi. Há afrescos que retratam passagens bíblicas. A Sagrada Família em sua saída para o Egito encontra-se no presbitério, em cujo teto também há os quatro evangelistas. Sobre a porta da Capela do Santíssimo, há o afresco dos discípulos de Emaús com Jesus Ressuscitado. A representação do Batismo se encontra sobre a Capela de Nossa Senhora Aparecida, onde funcionava, antigamente, um batistério.
Santa Cecília, Catedral Nossa Senhora do Desterro, Jundiaí, São Paulo.
Na entrada do coro, existe a figura de Santa Cecília, a padroeira dos músicos. E, na entrada da sacristia, uma pintura de ordenação sacerdotal que, com outras imagens, igualmente belas e harmonizadas pelos elegantes adereços, convidam ao encontro com o Senhor. No altar-mor, feito de mármore vindo da Europa, estão as imagens barrocas da Sagrada Família."[8]
Detalhe do Altar de Nossa Senhora do Rosário.
Arnaldo Mecozzi morreu de infarto fulminante, em 19 de maio de 1932, em plena atividade, decorando a antiga Igreja do Sagrado Coração de Jesus em Santos. Este templo, concluído em 1902 e doado aos jesuítas em 1905, possuía em seu interior famosas telas e quadros a óleo, em suas paredes internas, pinturas de Benedito Calixto, além de inscrições laqueadas em ouro, e uma imagem do Sagrado Coração de Jesus trazida de Paris pelo Dr. Saladino Figueira de Aguiar no ano de 1888.
Seriamente comprometido em suas estruturas após explosão do gasômetro em 9 de janeiro de 1967, o templo foi demolido no mesmo ano, nada restando do trabalho final de Arnaldo Mecozzi, que teve de ser concluído por seu filho Vicente.
¹ Estas datas, que constam inclusive do site oficial da Igreja (Paróquia Imaculado Coração de Maria) nos fazem mais uma vez ser enfáticos em relação à data da morte de Arnaldo Mecozzi. O pintor não faleceu em 1923, e certamente as obras foram concluídas por Vincenzo, após seu falecimento em 1932, o que explica a coexistência da assinatura de ambos, pai e filho.
Referências
↑«Mecozzi, Vicente». Enciclopédia Itaú Cultural, Artes Visuais. Consultado em 4 de setembro de 2009
↑Laura Rita Facioli; Caroline Tonacci ; Elaine Bottion (março 2006). «RESTAURO DA CÚPULA DA IGREJA DO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA»(PDF). ARC • Revista Brasileira de Arqueometria Restauração Conservação • Edição Especial • Nº 1 • MARÇO 2006. Consultado em 4 de setembro de 2009. Arquivado do original(PDF) em 4 de março de 2016A referência emprega parâmetros obsoletos |língua2= (ajuda) !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)