As Cartas Portuguesas
As Cartas Portuguesas (Francês: Les Lettres Portugaises) é um romance epistolar publicado no século XVII.
Lettres Portugaises Traduites en Français | |
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Cartas portuguesas | |
Facsímile da primeira edição das Cartas Portuguesas | |
Autor(es) | Mariana Alcoforado ou Gabriel de Guilleragues |
Idioma | Francês |
País | França |
Assunto | Amor não correspondido |
Gênero | Romance epistolar |
Editor | Claude Barbin |
Lançamento | 1669 |
Texto disponível via Wikisource | |
Transcrição | Cartas de Amor ao cavaleiro de Chamilly |
Publicadas em francês no ano de 1669 pelo editor Claude Barbin, estão escritas como as cartas de amor de uma freira portuguesa, Sóror Mariana Alcoforado (1640-1723), de um convento da cidade lusitana de Beja, a um oficial francês. Sua autoria foi por muito tempo contestada, e continua o debate sobre se as cartas ali reunidas são da própria Mariana ou foram escritas ou modificadas por Gabriel de Guilleragues (Cf. F. C. Green, 1926[1] ; Leo Spitzer, 1953, 1961, 1962[2] ; Jacques Rougeot, 1961[3] ; Frédéric Deloffre, 1962.[4]), um diplomata e jornalista francês, secretário do príncipe de Conti, e amigo de Madame de Sévigné, a Boileau, poeta e dramaturgo Jean Racine.
Conteúdo
editarAs Cartas Portuguesas consistem em cinco curtas cartas de amor. Nelas transparece um amor incondicional e exacerbado da jovem Mariana, que diz sofrer horrores com a distância do amado. Aos poucos as cartas vão perdendo o tom de esperança em se reencontrarem, que já era ínfimo, e vão tornando-se pedidos incessantes de notícias e correspondência equivalente. A solidão de Mariana, o seu sentimento de repressão, e a sua vontade de reter o amado ao seu lado são constantes. Ao que parece o oficial, chamado Noël Bouton de Chamilly, não correspondia igualmente: Mariana pede respostas maiores, mais afetuosas. Este amor total de Mariana Alcoforado é impregnado de todos os sentimentos que a transformariam numa autora romântica, mas a sua pequena obra encontra-se, geralmente, classificada entre os autores barrocos meramente por esse ser o estilo da época em que vivia.
Intertextualidade
editarAs Cartas Portuguesas foi revisitada, em 1972, por três escritoras portuguesas, sob o título de Novas Cartas Portuguesas (1972). A obra, que manifestava uma aberta oposição aos valores femininos tradicionais e ao fascismo do regime salazarista, levou as suas três autoras — as denominadas 3 Marias: Maria Velho da Costa, Maria Teresa Horta e Maria Isabel Barreno — a severas sanções que seriam interrompidas pela mudança de regime a partir da Revolução de 25 de Abril de 1974.
Adaptações
editarDevido ao seu forte lirismo e grande pesar emocional, são constantes as adaptações para o teatro. Entre muitas, no Brasil, podemos destacar as adaptações realizadas por Cristina Dantas,[5] na Bahia; e pelo Teatro Curupira, dirigido pelo Ronaldo Ventura,[6] com atuação de Erica Rabelo,[7] em São Bernardo do Campo - SP.
O compositor João Guilherme Ripper adaptou As Cartas Portuguesas em forma de ópera, apresentada pela primeira vez no dia 28 de agosto de 2020, protagonizada pela soprano Camila Titinger e realizada pela Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo.[8]
Referências
- ↑ F. C. Green, (1926). «Who was the author of the Lettres portugaises ?». The Modern Language Review, Vol. 21, No. 2. Modern Language Review. 21 (2): 159–167. JSTOR 3714708. doi:10.2307/3714708
- ↑ Leo Spitzer (1953). «Les Lettres portugaises». Romanische Forschungen. 65: 94–135
- ↑ Jacques Rougeot (1961). «Un Ouvrage inconnu de l'auteur des Lettres portugaises». Revue des Sciences Humaines. 101: 23–36
- ↑ Frédéric Deloffre (1962). «Le Problème des Lettres Portugaises et l'analyse stylistique». Actes du VIIIe Congrès de la Fédération Internationale des Langues et Littératures Modernes: 282–283
- ↑ Teatro - "Cartas Portuguesas" estreia no Teatro Gamboa Nova Arquivado em 9 de novembro de 2013, no Wayback Machine., Acontece Bahia, 26 de Janeiro de 2011
- ↑ HISTÓRICO/CURUPIRA, blogue Teatro ABC Paulista, 22 de julho de 2011
- ↑ Cartas Portuguesas - Processo (por Erica Rabelo), blogue Teatro Curupira, 26 de Janeiro de 2012
- ↑ Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, OSESP (28 de agosto de 2020). «Temporada OSESP 2020: Concerto Sinfônico» (PDF). Fundação OSESP. Consultado em 28 de agosto de 2020