Assembleia Popular (Brasil)

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 Nota: Este artigo é sobre a organização política brasileira. Para o conceito de assembleia popular, veja Assembleia popular.

A Assembleia Popular é um fórum brasileiro criado com o objetivo de construir um processo político de democracia direta e ser também um espaço de aglutinação e fortalecimento nos movimentos sociais.

Histórico editar

 
Assembleia popular em Belford Roxo no Rio de Janeiro.

Foi realizado em 1999, pela Campanha Jubileu, o plebiscito popular “a vida acima da dívida”, questionando a legitimidade da dívida externa. Exigindo-se o cumprimento do que está na Constituição de 1988: a realização de uma auditoria pública desta dívida.

Ainda em 1999, a campanha Jubileu 2000 entrou numa rede maior reagrupando quase todas as campanhas contra a dívida de América Latina, África e Ásia, denominada “Campanha Jubileu Sul/Brasil”.

Em 2001 o governo Brasileiro estava em processo de negociação da ALCA (Área de Livre Comércio das Américas) e da entrega da base espacial de Alcântara (próximo a São Luiz do Maranhão) ao exército dos Estados Unidos. Segundo avaliação da Campanha Jubileu Sul, estas propostas seriam catastróficas para a economia e soberania política da América Latina.

 
As assembleias populares acontecem em qualquer lugar, inclusive no meio da rua.

A Campanha organizou então um plebiscito nacional popular contra a ALCA. Mais de 10 milhões de pessoas votaram contra a ALCA e a entrega da base de Alcântara (Maranhão). Em maio de 2004 a CNBB lançou a Semana Social “Mutirão por um novo Brasil”. Foram mais de 250 encontros para discutir temas como o Estado brasileiro no século XXI, a auditoria da dívida entre outros. Esses muitos encontros, com grande participação de muitos movimentos sociais, no final de 2005, juntaram as contribuições sobre “o Brasil que queremos”.

Simultaneamente, a Campanha Jubileu Sul programou para o ano 2005 assembleias populares em todos os níveis que desembocariam, no final do ano, numa Assembleia Nacional.

A primeira Assembleia Popular Nacional aconteceu em Brasília, em outubro de 2005, com a presença perto de 8.000 participantes[1]. A Assembleia elaborou o texto: “O Brasil que queremos. Assembleia Popular Mutirão por um Novo Brasil”. Nascia assim a Assembleia Popular.

Objetivos editar

A "Assembleia Popular" objetiva construir, por todas as localidades do país, fóruns de organização popular, as assembleias populares, em diversos níveis: de bairros, municipais, estaduais e nacionais. Estas assembleias visam transferir poder político diretamente para a população. Todo o processo foi fruto de um sentimento de descrença popular na política representativa em seus diversos níveis: Parlamentar, Sindical e na direção dos próprios movimentos sociais.

Princípios editar

A "Assembleia Popular" estimula cada indivíduo a ser um ente pensante elaborador e atuante, diminuindo a importância de qualquer representante seu, seja ele Político, liderança sindical ou dos próprios movimentos. A "Assembleia Popular" tem caráter Socialista sem se prender, nem negar, nenhuma doutrina política socialista, seja Marxista, Anarquista ou outra qualquer. A "Assembleia Popular" tem caráter anti-Neoliberal.

Contexto Internacional editar

A Assembleia Popular não é um fenômeno exclusivamente brasileiro. Ela vem de um contexto internacional que começou por volta do início da década de 90 e ganhou força no início do século XXI. Este fenômeno, da busca por democracia direta, veio em consequência das vitórias eleitorais de partidos identificados como “esquerda” na Europa e América Latina. Parte do eleitorado destes partidos queriam mudanças estruturais mais profundas e se sentiram frustrados com os governos, identificando nestes uma continuação do projeto Neoliberal. Dentro desta onda pela democracia direta podemos identificar: O movimento Zapatista e a Assembleia Popular de Oaxaca, no México, os movimentos Bolivarianos na Venezuela, Bolívia e Equador, Movimento de Fábricas Recuperadas da Argentina, dentre outros.

Funcionamento editar

A Assembleia Popular (AP) é um fórum, com funcionamento descentralizado. Não existe uma hierarquia funcional entre as instâncias. A AP Nacional não tem poder de mando sobre as estaduais, apenas fornece orientações, que podem ou não ser seguidas, de acordo com suas necessidades locais. O mesmo no que se refere as AP estaduais e os movimentos que a compõe. Na reuniões da AP nacional e nas estaduais raramente se é levado alguma decisão para votação. Como não há obrigatoriedade de cumprimento das decisões, os discordantes simplesmente não a executarão, não sendo necessárias votações. Na AP não há a figura da “filiação”. Todos que aparecem nas reuniões são considerados participantes. Assim sendo a AP tem muito pouco controle para saber qual o seu número de participantes.

Execução de militante editar

Em 19 de março de 2009 um integrante da Assembleia Popular é assassinado em Nova Iguaçu, estado do Rio de Janeiro. Oséias José de Carvalho, presidente da Associação de Moradores de Campo Belo, e histórico militante na luta pela moradia[2] e importante apoiador da luta dos moradores da Ocupação 17 de Maio, também em Nova Iguaçu.

O seu assassinato foi atribuído à milícias locais, sem que fossem identificados formalmente os mandantes do crime. Na mesma madrugada em que Oséias foi assassinado, uma outra execução aconteceu próximo à ocupação. Um antigo morador da região conhecido como Jadir, que havia confirmado na justiça o abandono da área ocupada antes da entrada das famílias em 17 de maio de 2003, foi morto em sua residência.[3]

Cinco dias após as execuções a justiça deu um parecer definitivo indeferindo a ação de reintegração de posse contra os moradores da Ocupação 17 de Maio. movida pela imobiliária Brasil Central que desde 2003 se apresentava como proprietária da área.

Referências

Ligações externas editar