Atlas Farnésio ou Atlas Farnese (em italiano: Atlante Farnese) é uma cópia romana do século II de uma escultura helenística de Atlas se ajoelhando com as esferas celestes (e não um globo terrestre) pesando sobre seus ombros. É a mais antiga estátua existente de um titã da mitologia grega, que aparece somente em pinturas em vasos mais antigas, e, mais importante, a mais antiga representação da esfera celeste. A escultura está hoje no Museu Arqueológico Nacional de Nápoles juntamente com outros itens da famosa Coleção Farnese, da qual emprestou seu nome. Ela tem 2,1 metros de altura e a esfera tem 65 cm de diâmetro.

Atlas Farnésio
Atlas Farnésio
Autor Desconhecido
Data Original: século II a.C.
Cópia: 150 d.C.
Género Escultura
Técnica Mármore
Altura 2,1 m
Localização Museu Arqueológico Nacional, Nápoles, Itália
Detalhe da esfera celeste no Atlas Farnésio, que acredita-se ter sido baseada no catálogo perdido de Hiparco.

Iconografia editar

Atlas segura a esfera celeste porque foi sentenciado por Zeus a segurar o peso do céu. A esfera apresenta uma representação do céu noturno visto de fora da mais exterior das esferas celestes, com baixos-relevos representando 41 (ou 42 segundo outros) das 48 constelações clássicas gregas segundo Ptolemeu, incluindo Áries (cabra), Cygnus (cisne) e Hércules (herói). Datada por volta de 150, o Atlas Farnese é a mais antiga representação pictorial sobrevivente das constelações ocidentais, mas há muito tempo se presume que ela representa constelações mapeadas em obras mais antigas da arte grega.

Datação original editar

Em 2005, em um encontro da American Astronomical Society em San Diego, o Dr. Bradley E. Schaefer, um professor de física da Louisiana State University, apresentou uma análise[1] amplamente divulgada concluindo que o texto do catálogo estelar de Hiparco, há muito tempo perdido, pode ter sido a inspiração para a representação das constelações na esfera, reavivando e expandindo desta forma uma proposta anterior feita por Georg Thiele em 1898. As constelações estão bem detalhadas e Schaefer considera que elas sejam cientificamente acuradas dado o período da criação da obra, implicando que ela teria sido baseada numa obra acadêmica. Sua análise estatística conclui que as posições destas constelações são consistentes com o que seria esperado na época de Hiparco (129 a.C.), o que levou à conclusão de que a obra se baseou no catálogo.

Porém, como a esfera não contém nenhuma estrela de fato e como os círculos nela foram desenhados de forma inexata e ambígua por um escultor copiando um modelo helenístico e não por um astrônomo moderno, a datação da esfera é ainda incerta e sua fonte ou fontes permanecem controversas; as conclusões de Schaefer tem sido fortemente contestadas (como por Duke[2], por exemplo), especialmente porque independentemente da data da esfera, as constelações representadas nela revelam grandes divergências com a única obra existente de Hiparco.

Referências

  1. Schaefer, Bradley E. (2005). «The epoch of the constellations on the Farnese Hercules and their origins in Hipparchus's lost catalogue» (PDF). Louisiana State University. American Astronomical Society (em inglês) 
  2. Duke, Dennis (Fevereiro de 2006). «Journal for the History of Astronomy» (PDF) (em inglês) 

Ligações externas editar