Coleção Farnese foi uma grande coleção particular de obras de arte de propriedade do cardeal Alessandro Farnese, eleito papa com o nome de Paulo III em 1543. Suas esculturas clássicas formaram uma das primeiras coleções de obras de arte da Antiguidade greco-romana e suas estátuas, conhecidas como "Mármores Farnésios", foram extremamente influentes no Renascimento. As obras estão atualmente expostas no Museu Arqueológico Nacional de Nápoles e também no Museu Britânico, em Londres[1].

Diadúmeno Farnésio, no Museu Britânico.
Taça Farnese, no Museu Arqueológico Nacional de Nápoles.

História

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Cardeal Alessandro Farnese, futuro papa Paulo III, o criador da Coleção Farnese.

Obras clássicas eram rotineiramente descobertas em antigos territórios romanos e, durante o Renascimento italiano, elas se tornaram objeto de desejo de grandes colecionadores. Muitas eram também peças de herança nas mais importantes famílias romanas. O cardeal Alessandro adquiriu, por exemplo, a coleção Sassi e a de Bernardino Fabio, confiscou a coleção da família Colonna e recebeu a coleção do cardeal Federico Cesi como uma doação. Outras obras foram adquiridas nos inúmeros antiquários da cidade, incluindo obras que frequentemente eram descobertas durante escavações clandestinas e obras de construção por toda a cidade de Roma. Para abrigá-las, Michelângelo projetou nichos específicos no interior do gigantesco Palazzo Farnese em Roma (1546).

A coleção Farnese foi ampliada mais tarde pelo sobrinho do papa, o também cardeal Alessandro Farnese, que adquiriu as coleções Del Bufalo e Cesarini. Em 1587, a coleção recebeu também a herança deixada por Margarida de Parma, viúva primeiro de Alexandre de Médici e depois de Ottavio Farnese. Ela era proprietária também de uma famosa coleção de gemas esculpidas que pertencia a Lourenço de Médici, incluindo o Taça Farnese e importantes esculturas de mármore, como as estátuas de Pérgamo.

O antiquário e colecionador de confiança dos Farnese, Fúlvio Orsini, ajudou na aquisição de outras obras e, ao morrer, deixou sua própria coleção de gemas, moedas e bustos para Odoardo Farnese. Entre estas obras estavam duas estátuas de Hércules, duas estátuas de Flora e os dois gladiadores que foram colocados sob os arcos do pátio do Palazzo. O Touro Farnésio, uma das obras mais famosas, ficava num abrigo especificamente construído num segundo pátio.

Mudança para Nápoles

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A família Farnese, que se tornaram duques de Parma, entrou em declínio até a morte de Antonio Farnese de Parma e, por conta disto, a coleção passou, através de Elisabetta Farnese, esposa de Filipe V da Espanha, ao filho dos dois, Carlos de Bourbon, que se tornou rei de Nápoles e das Duas Sicílias em 1734. Por decisão dele, a coleção foi levada para Nápoles. Seu filho, Fernando IV de Nápoles, foi o responsável pela mudança, ocorrida em 1787, apesar da forte oposição do papado.

Muitos das esculturas de mármore foram então restauradas por Carlo Albacini (1735-1813) e as obras continuaram a ser exibidas juntas, mas arranjadas por temas. Alguns foram levadas para o Museu de Capodimonte e outras para o Palácio Real de Caserta, incluindo o famoso Hércules Farnésio. Há também obras nas coleções do Museo Civico e no Collegio Alberoni em Piacenza, na Galleria Nazionale de Parma e no Museu Britânico, que adquiriu, em 1864, dez itens da coleção, atualmente exibidos em galerias espalhadas pelo museu.

Itens famosos da coleção

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A coleção Farnese abriga muitas cópias romanas de antigos originais gregos e provê um amplo panorama da escultura clássica romana. Entre seus itens mais famosos estão:

Referências

  1. «British Museum Collection» (em inglês). Site oficial do Museu Britânico 

Ligações externas

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  • «Thematic Paths» (em inglês). Site oficial do Museu Arqueológico Nacional de Nápoles. Consultado em 30 de junho de 2018. Arquivado do original em 23 de abril de 2012