Avaliação psicoacústica do zumbido

A avaliação psicoacústica do zumbido, também conhecida como acufenometria, tem como finalidade caracterizar o zumbido definindo seus parâmetros, também auxilia na obtenção de informações diagnósticas e terapêuticas e auxilia os profissionais na orientação ao paciente.[1][2]

Sua primeira realização data de 1931, mas somente em 1985 ocorreu a criação de um protocolo para padronização do exame. Neste documento foram estabelecidas as medidas que devem ser pesquisadas no exame, sendo elas: mensuração do pitch, loudness, nível mínimo de mascaramento e inibição residual.[3] Atualmente sabe-se da importância de pesquisar, também, o limiar de desconforto do paciente, visto a alta taxa de hiperacusia nesses indivíduos.[4]

Pitch editar

O Pitch é a percepção subjetiva da frequência que pode mudar a depender da pessoa.[5] Sua unidade de medida, assim como a frequência, é o Hertz (Hz).[2]

Sua avaliação é realizada com o uso de um audiômetro, cabina acústica e fones de ouvido. É fornecido ao paciente dois estímulos sonoros de diferentes frequências, ele deve elencar qual assemelha-se mais com seu zumbido e assim, o profissional aumenta ou diminui a frequência até que se encontre a mais próxima relatada pelo sujeito analisado. A faixa de frequência pesquisada é de 250 Hz a 16.000 Hz. Nos casos de zumbido unilateral o som é fornecido na orelha contralateral. Já nos casos em que o paciente percebe seu sintoma bilateralmente, o zumbido é pesquisado isoladamente em cada orelha.[2]

A pesquisa pode ser realizada com os estímulos Tom Puro, Ruído de Banda Estreita (Narrow Band) e Ruído Branco (White Noise), apresentados de forma contínua ou pulsátil.[3]

Loudness editar

A Loudness é a sensação da intensidade que, assim como o pitch, pode variar para cada pessoa.[6] Essa medida é expressa em decibel nível de sensação (dBNS).[2]

Logo após a definição do Pitch o profissional deve encontrar o limiar auditivo do paciente nessa mesma frequência e então definir a Loudness. A pesquisa inicia com o volume pré definido (limiar auditivo) seguido de acréscimos de 1 dB até que o indivíduo avaliado escolha o volume que representa seu zumbido.[3] 

Nível Mínimo de Mascaramento editar

O Nível Mínimo de Mascaramento é uma estimativa psicoacústica da quantidade mínima de Ruído Branco suficiente para mascarar o zumbido do paciente.[3]

Para pesquisá-lo é necessário primeiramente encontrar o limiar auditivo para o Ruído Branco em cada orelha do paciente.[3] A partir desse valor são acrescentados 5 dB a quantidade de ruído que  o paciente está exposto, até que ele perceba e sinalize que seu zumbido foi mascarado. A diferença entre o limiar auditivo e o nível que mascarou o zumbido é o Nível Mínimo de Mascaramento. Assim como a Loudness, o Nível Mínimo de Mascaramento é expresso em dBNS.[6]

Inibição Residual editar

A Inibição Residual fornece informações se é possível que um som externo ao paciente consiga mascarar o zumbido.[6] Sua resposta dá-se por presente ou ausente.

O paciente é exposto durante um minuto ao Ruído Branco com volume 10 dB acima do Nível Mínimo de Mascaramento pré definido. Após esse tempo ele precisará responder se durante a exposição houve alguma modificação no seu zumbido.[6]

Limiar de Desconforto editar

O Limiar de Desconforto é pesquisado nas frequências de 500 Hz a 8000 Hz e tem como função definir os limiares auditivos capazes de gerar desconforto ao paciente.[4]

Nesse teste o avaliador inicia a pesquisa em um volume mínimo e aumenta a intensidade em 5 dB até que paciente sinalize o desconforto auditivo e assim é feito em cada frequência.[4]

Aplicação Clínica editar

O zumbido é um sintoma subjetivo e por isso muito difícil de ser analisado, mensurado e tratado. O reconhecimento de seus parâmetros por meio da Avaliação Psicoacústica do Zumbido auxilia no diagnóstico, na classificação do zumbido, na escolha de um melhor tratamento e avaliação de sua eficácia por meio de medidas quantitativas e objetivas.[2][7]

Referências editar

  1. «Applicability of the real ear measurement for audiological intervention of tinnitus». Brazilian Journal of Otorhinolaryngology (em inglês) (1): 14–22. 1 de janeiro de 2020. ISSN 1808-8694. doi:10.1016/j.bjorl.2018.07.010. Consultado em 27 de julho de 2021 
  2. a b c d e Nascimento, Islan da Penha; Almeida, Anna Alice; Diniz, José; Martins, Mariana Lopes; Freitas, Thaís Mendonça Maia Wanderley Cruz de; Rosa, Marine Raquel Diniz da (setembro de 2019). «Tinnitus evaluation: relationship between pitch matching and loudness, visual analog scale and tinnitus handicap inventory». Brazilian Journal of Otorhinolaryngology (em inglês) (5): 611–616. doi:10.1016/j.bjorl.2018.05.006. Consultado em 27 de julho de 2021 
  3. a b c d e Guijo, Laura Mochiatti; Fonseca, Angela Renata Sarambelli; Horiuti, Mirella Boaglio; Vasconcelos, Laura Garcia E.; Cardoso, Ana Claudia Vieira; Oiticica, Jeanne (10 de outubro de 2019). «Recording of tinnitus psychoacoustic measurements: an integrative literature review». Revista CEFAC (em inglês). ISSN 1516-1846. doi:10.1590/1982-0216/201921515218. Consultado em 27 de julho de 2021 
  4. a b c Sanchez, Tanit Ganz; Oliveira, Juliana Casseb; Kii, Márcia Akemi; Freire, Katya; Cota, Jaci; Moraes, Fernanda Vieira de (fevereiro de 2015). «Tinnitus in adolescents: the start of the vulnerability of the auditory pathways». CoDAS (1): 5–12. ISSN 2317-1782. doi:10.1590/2317-1782/20152013045. Consultado em 27 de julho de 2021 
  5. Fuller, Donald (2014). Anatomia e fisiologia do sistema auditivo/vestibular. São Paulo: Manole. p. 297 
  6. a b c d Branco-Barreiro, Fatima Cristina (2015). Tratado de Audiologia. Rio de Janeiro: Santos. p. 560 
  7. Barros Suzuki, Flavia Alencar de; Suzuki, Fabio Akira; Yonamine, Fernando Kaoru; Onishi, Ektor Tsuneo; Penido, Norma Oliveira (maio de 2016). «Effectiveness of sound therapy in patients with tinnitus resistant to previous treatments: importance of adjustments». Brazilian Journal of Otorhinolaryngology (em inglês) (3): 297–303. doi:10.1016/j.bjorl.2015.05.009. Consultado em 27 de julho de 2021 

Ver também editar